RECAPITULAÇÃO DOS ESTUDOS JÁ REALIZADOS

  1. A Revelação
    Revelação Geral e a Especial (sol, Lua, chuva, mar e milagres, aparições, sinais, prodígios, sonhos, visões, inspiração da Bíblia e a revelação em Cristo).
    A Bíblia e a Revelação especial. A Sua autoridade assenta-se na sua origem e na sua inspiração. Na Bíblia encontramos doutrinas fundamentais em matéria de piedade, de fé e de conduta (isto é, do comportamento correcto e de acordo com o padrão divino).
    A Bíblia não é uma história geral do mundo. Exemplo, só em Génesis, Ela acumula cerca de 2 mil anos em apenas 11 capítulos.
    Em sua essência a Bíblia é a grande História da Redenção.
    Deus revelou-se por ser Bom e misericordioso (Actos 14: 15 – 17). Ele quis, de um modo gracioso, revelar-se, isto é, dar-se a conhecer.
  2. A Existência de Deus
    Vimos que Ele é Soberano demais para ser contido na mente humana limitada (Romanos 11:33). A Bíblia não argumenta sobre a existência de Deus. Parte do princípio que a Sua existência é real. Não entra em questões cosmológicas, teleológicas ou morais da existência de Deus. O Conhecimento de Deus é resultado da fé (Hebreus 11:6). A seguir, reflectimos sobre a incompreensibilidade de Deus.
    Abordamos as qualidades (ou atributos) de Deus: Sua infinidade, espiritualidade, personalidade, unidade (trindade).
    Aprendemos sobre os Seus atributos: comunicáveis e incomunicáveis, pessoais e morais tais como: eternidade, imutabilidade, omnipresença, omnisciência, omnipotência, vontade (prescritiva, “decretativa” e permissiva), glória, santidade (distinção e pureza), justiça, bondade, graça, misericórdia, longanimidade, fidelidade, etc.

    Analisámos os nomes divinos que representam o Seu carácter: El (o primeiro), Elohim, Elion (sublime, exaltado), Adonai (soberano), Shadadai (poderoso), Jehováh (o Grande EU SOU, o Deus da aliança), Emanuel (emanu ‘el). Também Pai, Filho e Espírito Santo.

    Falámos acerca dos Decretos de Deus. Vimos que eles são eternos, cumprem-se sempre, são a expressão da Sua vontade, são incondicionais, soberanos e eficazes; são perfeitamente consistentes com a Sua natureza. Não negam a existência de agentes livres, mas concorrem com eles.
  3. Anjos
    Abordámos a doutrina dos anjos, como poderosas criaturas Deus (Colossenses 1:16), criados perfeitos no princípio. Alguns deles se rebelaram, sob a liderança de Lúcifer, e se tornaram inimigos de Deus e de tudo o que constitui o plano benéfico e redentor de Deus.
    Vimos que existem em número bastante grande e que são poderosos em seus feitos. Aparentemente são assexuais (Mateus 22: 29,30), são imortais (Lucas 20:36) e obedecem a uma hierarquia definida (em ambos os grupos – bons e maus); possuem liderança mais elevada (Miguel e Lúcifer) e estão empenhados naquilo que fazem.
    Os anjos bons estão envolvidos no plano da salvação dos homens: protegem (Salmo 91:10,11); orientam (Actos 8:26); animam (Actos 27: 23,24); livram (Actos 12: 7,8); acompanham os crentes na morte (Lucas 16:22,23), executam o juízo presente e futuro (Mateus 24:30,31; Actos 12: 23);
    Os maus são inimigos de Deus e dos homens, semeiam dor e escravizam o homem espiritual e moralmente, dominam os homens, apoderam-se deles, maltratando-os em termos físicos, mentais, morais e espirituais. São qualificados de inimigos, adversários, mentirosos, enganadores, acusadores, caluniadores, etc.
  4. Criação
    Falámos da criação do mundo (Colossenses 1:17; Actos 17: 24-28; Hebreus 11:3). Enfatizámos de que Deus criou tudo do nada. Que o Pai, o Filho e o Espírito participaram na criação inicial.
    Aprendemos que nada provém do nada (um princípio científico); tudo o que existe teve origem numa causa última, que não se criou.
    Abordámos ligeiramente a Teoria da Evolução (incluindo o evolucionismo teísta) e as suas contradições.
    Falámos da criação do Homem (Actos 17:26), como algo singular, criado à imagem de Deus e conforme a Sua semelhança. Falámos bendita providência divina.

Pastor Samuel Quimputo

A CRIAÇÃO DO HOMEM

Seguindo a ordem cronológica e teológica das doutrinas bíblicas, fundamentais para a fé cristã, chegamos, neste momento, àquela que ocupa uma grande parte do relato bíblico: a doutrina do Homem. A particular importância desta doutrina prende-se com o facto de que, ela ocupa um lugar especial na abordagem que se faz dela nas Escrituras. Com certeza, “as Escrituras foram-nos dadas a fim de podermos chegar a um conhecimento da verdade concernente a nós mesmos e à nossa relação com Deus”.
Portanto, é de extrema importância começarmos com o que a Bíblia diz sobre a origem da raça humana.
Quando lemos o relato no primeiro capítulo de Génesis (complementando-o com o segundo), o próprio relato faz transparecer a impressão óbvia de que algo especial aconteceu; algo singular, distinto e marcante em sua especificidade.
A criação do Homem é enfatizada pela seguinte afirmação: “Disse Deus, façamos o Homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Génesis 1:26). Enquanto que no resto do processo da criação vegetal e animal o feito tenha sido coroado com a distintiva frase “segundo a sua espécie” (vs. 11, 12, 21, 24, 25), aqui, na criação do homem, todo o discurso é inovador. As três pessoas da santíssima trindade unem-se, numa espécie de conselho, para determinar a singularidade e a personalidade daquela criatura, cuja existência estava prestes a ser concretizada.
É forçoso demais concluir que a expressão “façamos” seja, apenas uma forma de um género de plural majestoso, com frequência usado por personagens reais, quando se expressam, dizendo “nós” em vez de “eu”. Esta forma de expressão não encontra apoio nas Escrituras. Muito menos pode ser visto como uma consulta de Deus feita aos anjos. Também essa tentativa de interpretação não encontra nenhum apoio bíblico. Desde os primórdios da fé bíblica (ou cristã), tem havido uma acentuada concordância no sentido de ver na expressão “façamos” uma alusão ao acordo entre Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. Este aspecto específico e singular não é evidenciado em relação ao resto da criação, embora a obra da criação tenha sido sempre da competência do Deus Triúno.
O Homem, portanto, foi criado à imagem de Deus, conforme a Sua semelhança.
Em seguida, somos informados em Génesis 2:7 que o Homem foi formado do pó da terra (que constituiu o seu corpo), e que depois, o Senhor “soprou em seus narizes o fôlego da vida; e, então, o Homem foi feito uma alma vivente”. Embora os outros animais fossem criados do pó da terra, tal como o Homem (Génesis 2:19), há, no entanto, uma diferença essencial quanto ao modo como ele veio a ser uma alma vivente.
O Homem é caracterizado, essencialmente, pela “consciência própria; liberdade moral; capacidades de pensamentos abstractos e capacidades de exercício da religião e de culto”. Estas características são peculiares ao ser humano, distinguindo-o dos outros animais, mesmo os tipos mais excelentes e mais desenvolvidos.
Se o Homem evoluiu (como afirma a teoria da evolução), e sempre num processo ascendente, partindo do primitivo e do simples para o mais complexo, altamente organizado e desenvolvido, movendo-se em direcção à perfeição, como “encaixar” a doutrina bíblica da queda? A Bíblia afirma que o Homem começou no “topo” e que, depois, caiu de lá e não o contrário. Ela ensina a doutrina da Queda logo no início da existência humana. Esta doutrina é uma parte vital da doutrina bíblica da salvação. Todo o ensino bíblico acerca da salvação repousa sobre a premissa de que o homem criado perfeito, caiu e se tornou imperfeito, ao contrário do que é ensinado pela teoria da evolução (mesmo do ainda mais incoerente evolucionismo teísta).
A negação do ensino bíblico da Criação do homem, como ser especial, coloca sérios problemas, relativamente à doutrina da salvação. Mesmo o chamado evolucionismo teísta não responde às questões básicas da antropologia bíblica.
A Bíblia afirma a unidade da raça humana. Toda a humanidade veio de Adão e Eva. O Novo Testamento corrobora com a narração de Génesis em várias passagens, incluindo as afirmações do Senhor Jesus (Mateus 19:4, 5). Os apóstolos criam na criação espontânea do ser humano e no relato histórico de Génesis (Romanos 5: 12 – 19; 1 Coríntios 11: 8 – 12; 2 Coríntios 11: 3; 1 Timóteo 2: 13, 14).
Experiências científicas na área da genética têm vindo a provar a unidade da raça humana, confirmando a História das migrações dos povos, com tradições comuns (queda, dilúvio) e evidências filológicas.

Textos de apoio: (Génesis 1: 26, 27; Génesis 11: 1-9; Deuteronómio 32:8; Actos 17: 26; Romanos 5)

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul, Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd, Teologia Sistemática de Wayne Gruden, Comentário de Génesis de Derek Kidner e A Terra…De Onde Veio de John C. Whitcomb)