Igreja em Movimento

             

Atos 8.1-25

No domingo, 8 de janeiro de 1956, nas margens de um rio na Amazonia equatoriana, cinco missionários foram brutalmente assassinados por índios Huaorani - também conhecidos como auca - um grupo de povos indígenas considerados violentos para com intrusos. A notícia do massacre chocou o mundo. Para alguns, a morte parecia uma tragédia sem sentido. Muitos criticaram o trabalho missionário: carreiras interrompidas, cinco esposas jovens desprovidas de seus maridos, filhos órfãos. 

 Elisabeth Elliot, viúva de um dos mártires, Jim Elliot, comentou: “Para o mundo em geral este foi um triste desperdício de cinco vidas. Mas creio que Deus tem o seu plano e bons propósitos em todas as coisas” … muitas vidas foram mudadas … Missionários foram levantados por Deus depois daquela experiência … A Operation Auca recebeu uma atenção diferenciada das agências missionárias. Muito investimento foi feito para que o evangelho fosse divulgado entre os índios Huaorani.

À primeira vista, a morte de Estevão também pode parecer inútil. Mas essa visão distorcida revela uma falta de compreensão da forma como Deus trabalha. Aquela perseguição, que parecia ser um fator totalmente negativo, levou à primeira grande expansão missionária da Igreja primitiva. Deus usou essa dispersão da igreja em Jerusalém para levar o evangelho a outras nações (8.4). 

O mesmo Saulo que guardou as vestes dos que apedrejaram Estêvão (7.58) e consentiu na sua morte (8.1), agora, assola a igreja (8.3). Ele não poupava nem mesmo as mulheres. Ele buscava a prisão de suas vítimas em Jerusalém e fora dela. Devastava e assolava a igreja (8.3; Gl 1.13), exterminando os que invocavam o nome de Jesus (9.21). Além de castigar muitos crentes nas sinagogas, forçando-os a blasfemar por meio de tortura, encerrava-os nas prisões e dava o seu voto quando os matavam (26.9–11). Saulo via Jesus como um falso messias e seus seguidores como hereges. Por isso, ele estava decidido a destruir totalmente a igreja de Deus (8.4-40; 9.1; 22.4; 26.9-11; 1 Co 15.9). Em vez disso, ele acabou por fazer chegar o evangelho em dezenas de cidades. Os cristãos em Jerusalém eram as sementes de Deus, e a perseguição foi usada por Deus para plantá-los em novo solo, a fim de que dessem frutos.

Deus usou Filipe para evangelizar Samaria. Filipe não era apóstolo; mas era um ganhador de almas. Ele investiu sua vida na proclamação do evangelho. Ele encarou a evangelização como um estilo de vida e não como um programa. A igreja espalhou a fé não através de clérigos profissionais, mas de leigos (8.4). Até aqui os apóstolos haviam conduzido a evangelização. A partir de então, enquanto os apóstolos permaneciam em Jerusalém, para cuidar da igreja, a grande massa de crentes assumiu a tarefa de evangelizar.

O evangelho rompeu a barreira do preconceito entre judeus e samaritanos. A cidade de Samaria tinha sido a capital do reino norte de Israel nos dias do reino dividido, antes de ter sido conquistada por Sargão, da Assíria, em 722 a.C. Durante aquela guerra, Sargão tinha tomado muitos prisioneiros, deixando somente a população mais pobre na região e repovoando-a com estrangeiros. Houve muitos casamentos entre os israelitas e os estrangeiros. A ruptura entre os judeus e os samaritanos consolidou-se com a construção de um templo rival no monte Gerizim e a rejeição das Escrituras do Velho Testamento, exceto o Pentateuco. Por isso, os samaritanos eram desprezados pelos judeus como híbridos, tanto na raça como na religião (Jo 4.9). 

Portanto, a viagem de Filipe a Samaria, e seu ministério ali, revelam a maravilhosa verdade de que Jesus, o prometido Messias judeu é, também, o Rei e o Salvador dos gentios. A mensagem de Cristo é um Evangelho universal. Todas as nações e todas as línguas estão convidadas e incluídas no reino de Deus (veja Is 56.3; Dn 7.14). Felipe estava a cumprir a grande comissão de Jesus, que também foi a Samaria (Jo 4), e ordenou aos seus seguidores que ali divulgassem o Evangelho (1.8).

Chegou em Jerusalém a notícia de que o evangelho tinha alcançado a Samaria e que os samaritanos o tinham recebido, então Pedro e João foram enviados para confirmar a fé dos samaritanos (8.14-17). O mesmo Espírito derramado em Jerusalém, no Pentecostes, é agora derramado sobre os crentes samaritanos, mostrando a universalidade do evangelho e a unidade da igreja cristã. Deus assim uniu os cristãos samaritanos com os primeiros cristãos da igreja de Jerusalém.

A evangelização pressupõe as boas novas de Jesus Cristo (8.5-12). Filipe tanto anunciava-lhes a Cristo (8.5) como operava sinais (8.6), expulsando espíritos imundos, e curando muitos paralíticos e coxos (8.7). Ao ver os milagres, o povo deu ouvidos à Palavra, e, ao crer na Palavra, o povo foi salvo (8.6). 

A salvação divina trouxe grande alegria à cidade (8.8). O cristianismo que cria uma atmosfera de tristeza é falso; o verdadeiro é aquele que irradia alegria em qualquer momento (At 8.39; 13.52; 16.34). A fé cristã nunca foi algo que só consiste em palavras. O evangelho de Jesus Cristo é muito mais do que uma ideia. É o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. O evangelho bíblico produz salvação, libertação e alegria (8.7). 

A evangelização desmascara o misticismo (8.9–25). Antes de Filipe chegar à cidade, ela encontrava-se sob outra influência. Certo homem, chamado Simão... praticava a mágica, iludindo o povo de Samaria. Enquanto Simão vangloriava-se, Filipe  evangelizava-os a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo (8.12).  Lucas informa que o povo admirava-se com as coisas que Simão fazia (Atos 8.9, 11, 13). Para eles, Simão era o "Grande Poder de Deus". Mas o poder das mágicas de Simão vinha de Satanás (2 Ts 2.1-12) e era usado para engrandecimento próprio, enquanto o poder dos milagres de Filipe vinha de Deus e era usado para glorificar a Cristo. 

À medida que os samaritanos ouviam a mensagem de Filipe, criam em Jesus Cristo, nasciam de novo e eram batizados (8.6; 8.12b). O próprio Simão professou a fé; e, tendo sido batizado, acompanhava a Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres de Deus (8.13). Ele, que extasiava os outros, estava agora extasiado. Simão continuou com Filipe não aprender mais sobre Jesus Cristo, mas para ver os milagres e, quem sabe, aprender como eram feitos. 

A história de Simão contrasta o autêntico poder do reino de Deus com a impotência e a fraude da magia pagã (8.9-13, 18-24). A palavra “grande" aparece oito vezes nos vv. 1–13, contrastando a “grande perseguição”, a “grande lamentação” da igreja (8.1-2) e o “grande poder” de Satanás (8.10) contra os “grandes poderes” exercidos por Deus para curar e libertar (8.13) e a “grande alegria” entre aqueles que creram em Jesus (cf. 1 Jo 4.4).

A evangelização é a proclamação de coisas que não se pode comprar e nem vender. Quando Simão presenciou Pedro e João orando pelos novos convertidos para que recebessem o Espírito Santo, Simão aproximou-se deles e disse, “Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo” (8.19). “Pedro olhou para Simão, o mago, e disse, “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus” (8.20). Encontramos aqui um eufemismo bíblico. O que Pedro disse foi: “Você e seu dinheiro vão para o inferno”. Ele pronunciou o pior julgamento sobre aquele feiticeiro. Você consegue imaginar que alguém ainda pense que pode comprar o favor de Deus? Ainda há muitas pessoas nas igrejas hoje que acreditam, “Se eu der dinheiro suficiente, Deus será gracioso para comigo”. Mas a graça de Deus não está à venda. A graça de Deus não pode ser comprada ou merecida. Se você pensa que a graça de Deus está à venda, então você insulta-O tão profundamente quanto Simão, o mago, o fez”.

Pedro advertiu a Simão, “Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração; pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniquidade” (8. 21–23). Pedro disse a Simão que Deus podia ver o veneno em seu coração e sua escravidão no pecado. Então o mago disse: “Rogai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes sobrevenha a mim” (8.24). Note que ele não diz: “Ore ao Senhor por mim, para que eu seja convertido e tenha a verdadeira fé e seja resgatado”. Simão estava preocupado em escapar da punição, o que também não é fé salvadora.

Um verdadeiro ato de contrição, o verdadeiro arrependimento, realmente lhe dá um bilhete de saída do inferno, mas, se a motivação é simplesmente escapar da punição, isso não é uma fé que salva. Embora Deus tenha trazido seu poder, o evangelho e a alegria da salvação para os samaritanos, a pessoa que era a principal responsável por aterrorizar aquela cidade foi embora com um coração endurecido. A história posterior retrata Simão como opositor persistente do cristianismo e herege (Sproul, 2017).

Lições práticas:

1. Filipe foi incapaz de julgar a motivação de Simão, e assim aceita seu testemunho de fé em Cristo. Se Pedro não tivesse desmascarado a perversidade de seu coração, Simão teria sido aceito como membro da congregação dos samaritanos!

2. Simão professou a fé cristã sem, de fato, possuí-la. O relato do baptismo de Simão constitui prova adequada de que o batismo não é um ato que afeta a salvação. As palavras de condenação de Pedro sugerem que a fé de Simão não era genuína (8.20-23, Jo 6.66). Simão ouviu o evangelho, viu os milagres, professou sua fé em Cristo e foi batizado, no entanto, nunca chegou a nascer de novo. Ele não creu de todo o coração (At 8.13; 8.37). Simão não conseguia negar a realidade do que havia visto com seus próprios olhos, mas ele não tinha a fé salvadora. Sua confiança não estava em Cristo, e ele ainda buscava a continuidade de sua carreira como um mágico bem-sucedido.

3. Simão tenta comprar o poder do Espírito Santo. É desta passagem que vem o termo simonia, que significa “comprar e vender cargos e privilégios eclesiásticos” (8.18, 19). Pedro o repreendeu imediatamente, de maneira direta e pública, por imaginar que o dom de Deus pudesse ser comprado (8.20). A igreja precisa ter discernimento para não receber qualquer tipo de oferta. Se a motivação do ofertante não for pura diante de Deus, sua oferta não é bênção para a igreja.

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Referências: Beeke, J. R., Barrett, M. O. V. e Bilkes, G. M. eds. The Reformation Heritage KJV Study Bible. Grand Rapids, MI: Reformation Heritage Books, 2014, p. 1570. / Carson, D. A., ed. NIV Biblical Theology Study Bible. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2018, p. 1968. / Crossway Bibles, The ESV Study Bible (Wheaton, IL: Crossway Bibles, 2008), 2096–2097. / Lopes, H. D. Atos: A Ação do Espírito Santo na Vida da Igreja. Comentários Expositivos Hagnos. SP: Hagnos, 2012, p. 167–179. / MacDonald, William. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. SP: Mundo Cristão, 2011, p. 355–357. / Sproul, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Atos. SP: Editora Cultura Cristã, 2017, p. 123–127. / Stott, John. A mensagem de Atos: até os confins da terra. SP: ABU, 2008: 161-177.

Pr. Leonardo Cosme de Moraes 


O testemunho de um cristão fiel até a morte

              

 Atos 6.8-7.60

 

Em Atos 6 e 7 encontramos o relato do ministério e martírio de Estêvão, um homem que seguiu o exemplo de Cristo em sua vida e também em sua morte. Seu martírio marcou o fim de uma era. Desde então a nova comunidade de Deus se tornou completamente separada do judaísmo tradicional.

 

O exemplo de Estevão. Estêvão era homem piedoso e de boa reputação (6.3). Não havia um abismo entre sua vida e suas palavras. Estêvão era cheio do Espírito Santo (6.3,5). Todo homem está cheio de alguma coisa. Está cheio do Espírito ou de si mesmo. Está cheio de Deus ou de pecado. Estêvão era cheio de fé (6.5), de sabedoria (6.3) e de poder (6.8, 9). Esta é a primeira referência em Atos a alguém, além dos apóstolos, realizando “prodígios e sinais” (6.8). Estevão era um exímio pregador (6.10–14). Embora tenha sido eleito para a diaconia das mesas, ele pregou com autoridade, exercendo também a diaconia da palavra. 

 

Estevão fazia coisas maravilhosas no meio do povo, mas havia entre eles um grupo da sinagoga dos escravos libertos (composta de judeus helenistas) fazia oposição a sua pregação (6.8-10). Eles não eram capazes de resistir à sabedoria ou ao espírito pelo qual ele falava. Quando perceberam que não seriam capazes de aniquilar seus argumentos, eles passaram a usar meios corruptos com o fim de silenciá-lo. Eles encontraram algumas pessoas dispostas a prestar falso testemunho contra Estevão. Uma a uma as falsas testemunhas vieram e o acusaram. Diziam: “Temos ouvido este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus” (6.11). Eles incitaram o povo, os anciãos e os escribas a investirem contra ele, e apoderando-se dele o levaram até o conselho. Novamente apresentaram falsas testemunhas que disseram: “Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei; porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu” (6.13–14).

 

Tais acusações estavam relacionadas às afirmações cristãs de que a morte sacrificial de Jesus completa e cumpre o sistema sacrificial do templo (Hb 10.1-4, 11-14) e que Jesus e seu corpo, a igreja, representam o novo templo de Deus (Lc 20.17; 1 Co 3.16; Ef 2.20–22). Além disso, a afirmação cristã de que a salvação vem por meio da fé em Cristo e não pela obediência a soma total dos mandamentos de Deus (Rm 3.28; Gl 2.16, Rm 10.4; Mt 5.17), estava relacionada com a suposta anulação de Jesus dos preceitos cerimoniais da Velha Aliança (Mc 7.19; Lc 6.5, 7; 13.14; Mt 12.6). Estêvão, portanto, estava alinhado com a mesma interpretação de Jesus (Jo 2.19; Mc 14.58; 15.29).

 

Estevão era um homem que refletia a glória da presença de Deus (6.15). Lucas faz uma observação final entre parênteses: “Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo” (7.15).

 

Há algo semelhante descrito em outro lugar da Escritura. O Velho Testamento regista quando Moisés subiu ao monte e falou com Deus, quando perguntou se poderia ver a Glória de Deus (Ex 33.20–23). Moisés teve uma visão instantânea de Deus pelas costas, e de repente, a face de Moisés resplandecia com tal intensidade que cegava os que olhavam para ele. Essa luz na face de Moisés era reflexo da glória que surgira por haver ele estado na presença de Deus.

 

Deus deu a Estêvão, acusado de se opor à lei, o mesmo rosto radiante dado a Moisés quando este recebeu a lei (Êx 34.29). Uma evidência que tanto o ministério da lei de Moisés quanto a interpretação de Estêvão tinham a aprovação de Deus (Lopes, 2012). Era como se Deus estivesse dizendo: “Este homem não é contra Moisés; ele é como Moisés!”. 

 

Por conseguinte, a multidão alvoroçada arrastou Estêvão até o Sinédrio. “Então, lhe perguntou o sumo sacerdote: Porventura, é isto assim?” (7.1). Estevão, você realmente proferiu blasfémias contra Moisés, contra Deus e a lei? A título de resposta, Estevão deu-lhes uma lição sobre a história da redenção (7.2-53). 

 

O discurso de Estêvão resume os capítulos mais importantes da história de Israel: o período patriarcal, o cativeiro no Egito, o êxodo, a outorga da lei, a monarquia, a construção do templo e a vinda do Messias. O discurso tem quatro partes principais: (1) a chamada de Abraão (7.2-8), (2) a história de José (7.9-16), (3) Moisés e a libertação do Egito (7.17–44), e (4) um resumo da conquista de Canaã até Salomão (7.45–47).

 

O relato de Estevão sobre a história judaica foi apresentado diante dos líderes em sua defesa. O discurso tem dois temas centrais: 

 

(1) O Deus de Israel não se restringe a um lugar (7.48-50). O Deus da glória apareceu a Abraão enquanto esse ainda estava na Mesopotâmia pagã (7.2); Deus estava com José mesmo quando ele ainda era escravo no Egito (7.9); Deus foi ao encontro de Moisés no deserto de Midiã, e assim transformou aquele lugar em terra santa (7.30,33); apesar de no deserto Deus ter andado de tenda em tenda (1Cr 17.5), não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas (7.48). É, portanto, evidente, com base nas próprias Escrituras, que a presença de Deus não pode ser restrita a um local, e que nenhum edifício pode confiná-lo ou inibir sua atividade. O trono de Deus está no céu, e não numa casa feita por mãos humanas (Is 66.1–2). Deus está presente em todos os lugares e a terra santa está em qualquer lugar onde Deus está (Stott, 2008:150-156).

 

(2) Israel rejeitou repetidamente os mensageiros de Deus, culminando em sua rejeição ao Messias (7.52). A grande diferença entre os profetas da antiguidade e Jesus é que eles falaram do Justo que viria, ao passo que Jesus é o Justo. Como declarou Estevão que os israelitas possuíam a palavra de Deus e a forma externa do culto, mas eram “incircuncisos de coração e ouvidos” (7.51). “Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos, vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes. Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele.” (7.52-54). 

 

Encontramos o mesmo padrão em todas as gerações. As pessoas não mudam. Quando são confrontadas com a mensagem de Deus, não a compreendem (25). Quando são instadas a viver em paz, recusam-se a ouvir (27). Quando Deus envia um libertador, rejeitam-no (39). Quando são resgatadas de uma situação precária, preferem ídolos inúteis ao Deus misericordioso (41). Assim é a natureza humana: rebelde, ingrata, insensata (MacDonald, 2011:354).

 

A visão de Estevão. Lucas informa que ele “fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita” (7.55). Ele tinha acabado de dar testemunho de Jesus, e no momento que antecede seu martírio, fitou os olhos no céu e viu Jesus em pé à destra de Deus.

 

Estevão estava tomado pela visão, e dirigiu seu olhar fixo de volta ao grupo e contou-lhes o que estava vendo. “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus!” (7.56). A grande honra que o Pai confere ao Filho é que ele é coroado, entronizado e lhe é dada toda autoridade no céu e na terra. Ele se assenta na posição de domínio; o Filho do Homem é o juiz celestial. Posteriormente no livro de Atos, Paulo diz aos atenienses que Deus estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo através de Cristo, e todos estarão lá. Como crentes, já não seremos mais condenados, mas mesmo assim teremos de comparecer perante o tribunal de Cristo (At 17.31; 2 Co 5.10; Rm 14.10).  

 

Estevão estava num julgamento por sua vida, diante da suprema corte de Israel, e olhando para cima, viu Jesus de pé, e não sentado, à mão direita de Deus. Ele viu os céus abertos, e o Juiz do céu e da terra posicionando-se em sua defesa e para recebê-lo na glória celestial. Se você está em Cristo, você o tem como seu advogado diante do Pai. Se não, você o terá simplesmente como seu juiz (Sproul, 2017, 17-18). 

 

O martírio de Estevão. Após Estevão contar-lhes o que vira, “Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele” (7. 57) e o arrastaram para fora da cidade até o lugar de apedrejamento. As “testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo” (7.58), que foi cúmplice nesse ato impiedoso (7.58b; 8.1a; cf. 26.10-11).

 

A multidão apanhou pedras e, com todas as suas forças, começaram a atirar as pedras na face, peito e cabeça de Estevão. Primeiro, ele foi golpeado, desfigurado e moído. Tal execução infringia a lei romana, uma vez que as autoridades romanas mantiveram a jurisdição para crimes capitais (Jo 18.31).

 

Em meio a sua dor, ele invocou a Jesus e pediu duas coisas: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” e “Senhor, não lhes imputes este pecado” (7.59–60). Ambas as falas de Estevão foram exatamente as mesmas do seu Salvador que o antecedeu, e tendo dito isso, ele deu seu último suspiro. Sua confiança diante da morte e sua misericórdia para com seus inimigos é impressionante (Lc 6.27-28).

 

Deus ouviu a oração de Estevão. Mais tarde, este Saulo será usada por Deus para proclamar o evangelho mais amplamente do que qualquer outra pessoa na igreja primitiva. O perseguidor da igreja logo se tornaria seu mais famoso defensor. Temos aqui um vislumbre da glória da graça de Deus na salvação dos pecadores (1Tm 1.15).

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Referências: Beeke, J., Barrett, M. P. V. e Bilkes, G. M., eds. The Reformation Heritage KJV Study Bible. Grand Rapids, MI: Reformation Heritage Books, 2014, p. 1569–1570. / Carson, D. A., ed. NIV Biblical Theology Study Bible. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2018, p. 1966–1967. / Holcomb, J. S. Atcs. Gospel Transformation Bible: ESV. Wheaton, IL: Crossway, 2013, p. 1464. / Lopes, H. D. Atos: A Ação do Espírito Santo na Vida da Igreja: Comentários Expositivos Hagnos. SP: Hagnos, 2012, 141–164. / MacDonald, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. SP: Mundo Cristão, 2011, 352–355. / Pearlman, Myer. Atos, a igreja primitiva na força e na unção do Espírito. RJ: CPAD, 1995, p. 79-89. / Sproul, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Atos. SP: Cultura Cristã, 2017, p. 111–118. / Stott, John. A mensagem de Atos: até os confins da terra. SP: ABU, 2008: 139-158.


Pr Leonardo Cosme de Moraes

 

Servindo a Cristo na igreja local



 Atos 6.1-7

A estrutura da igreja é relativamente clara no Novo Testamento. Em Filipenses 1.1, lemos: "Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filiposcom os bispos e diáconos." Nesta passagem vemos os membros da igreja - "todos os santos em Cristo" - e os líderes eclesiásticos - "bispos e diáconos" (1 Timóteo 3.1-13). A seguir veremos algumas considerações gerais, mas o foco central será o diaconato bíblico à luz do Novo Testamento. 

Os principais usos das palavras para se referir aos diáconos no Novo Testamento 

O texto grego do Novo Testamento usa três palavras principais para se referir aos diáconos: diakonos, que significa “servo”; diakonia, que significa “serviço”; e diakoneō, que significa “servir”. Estas palavras possuem uma ampla variedade de significados, mas em geral se referem a qualquer serviço que atenda às necessidades de outra pessoa (cf. Lc 4.39; 10.40; 17.8; 22.27; Jo 2.5, 9; 12.2; Rm 13.3-4; 15.25; 2 Co 8.3-4). As palavras são usadas pelo menos cem vezes no Novo Testamento e geralmente são traduzidas com variantes das palavras servir ou ministério. A maioria das ocorrências não têm nada a ver com o ofício de diácono na igreja. 

O termo diácono pode descrever alguém que servia comida (cf.: Jo 2.5, 9; Mt 22.13; Lc 10.40; 17.8; Jo 2.5, 9; 12.2). Às vezes, faz referência ao serviço geral, não limitado aos cristãos (o termo ministro/diácono é usado duas vezes para designar um policial ou soldado em Rm 13.3-4). O termo também é usado para o papel do cristão como um servo. Em Romanos 15.25, Paulo escreve: “Vou a Jerusalém para servir aos santos”. Ele identificou-se como um servo (diakonos). Em Atos 20.19, aprendemos que ele se manteve ocupado “servindo [diakoneō] ao Senhor com toda a humildade”.  

No sentido espiritual, todos os que servem ao Senhor são diáconos ou ministros, se não num sentido oficial, pelo menos no sentido geral da palavra. Da forma como as palavras são frequentemente empregadas em Atos e nas epístolas, um crente em qualquer forma de ministério poderia ser chamado de servo ou diácono de Cristo.  

Portanto, todos os cristãos, sem exceção, sendo seguidores daquele que veio "não para ser servido, mas para servir” (Mt 20.28), são chamados para servir a Deus e uns aos outros (Mc 9.35; Mt 20.26; João 12.26). O Senhor Jesus disse: “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva [diakoneō]” (Mateus 20.26). E que “o maior dentre vós será vosso servo [diakonos]” (Mateus 23.11). 

No reino de Deus, dado que o próprio Rei é servo, o título “grande” se reserva para os que, inspirados por seu exemplo, gastam-se livre e alegremente a serviço de outros (Mt 20.28). “É triste ver na igreja hoje muitas celebridades, mas poucos servos” (Wiersbe). Mas como disse Bonhoeffer: “A igreja não precisa de personalidades brilhantes, mas de fiéis servos de Jesus e dos irmãos”. 

No reino de Deus, ser grande é ser servo. Ser grande é estar a serviço dos outros. “Entre os filhos deste mundo, considera-se grande aquele que tem mais terras, mais dinheiro, maior número de servos, maior posição social e maior poder. Entre os filhos de Deus, maior é quem mais faz a fim de promover a felicidade espiritual e temporal de seus semelhantes” (Lopes).

A “obra de serviço” (diakonia) não é obra dos diáconos, mas sim a obra de todos os cristãos como servos (Efésios 4.12). Portanto, não temos que receber um ofício para servir os outros. Não temos que obter um título para ministrar na comunidade cristã. Aos olhos de Deus, a função é sem dúvida mais importante que o ofício. Não devemos nos preocupar em ter cargos na igreja. Devemos apenas nos preocupar em servir aos outros por causa de Jesus. 

 

Os sete homens listados em Atos 6.5 estavam a cumprir o ofício de diácono?

A interpretação tradicional de Atos 6 é que aqueles homens foram os primeiros diáconos. A história da igreja primitiva confirma que no período pós-apostólico os diáconos foram designados para cuidar de assuntos administrativos e sociais. A igreja pós-apostólica em Roma limitou o número de diáconos a sete por muitos anos. Eles parecem ter tirado este número dos sete escolhidos em Atos 6.5. 

Os termos διακονία (diakonia) e διακονέω (diakoneō) descrevem o trabalho para o qual os Sete foram nomeados: “As viúvas [helenísticas] estavam sendo negligenciadas na distribuição diária [sub. διακονία, diakonia, serviço] de comida.… Não é desejável que negligenciemos a palavra de Deus para servir às mesas [veb. διακονέω, diakoneo, servir]”. No versículo 4, diakonia também é uma referência ao serviço dos próprios apóstolos, mas no sentido de ministério de ensino e pregação da palavra.  

São duas as principais objeções para considerar Atos 6.1–7 a origem do ofício de diácono no Novo Testamento. Primeiro, os Sete não são chamados “diáconos". Segundo, na narrativa que se segue, Estêvão e Filipe pregam (At 6:10, 13–14; 8:5) e realizam sinais poderosos (At 6.8; 8.6–7), como faziam os apóstolos (At 4.33; 5.12). Filipe é mais tarde denominado “o evangelista” (At 21.8). Contudo, a escolha congregacional e a imposição de mãos dos apóstolos sugerem o estabelecimento de um papel formal de ministério na igreja de Jerusalém (At 6.5–6). Presbíteros, diáconos e todos os que serviam na igreja primitiva foram consagrados desta maneira (cf. At 13.3; 1 Tm 4.14; 5.22 ; 2 Tm 1.6). 

Além disso, a divisão do trabalho em 1Timóteo 3 entre bispos e diáconos é análoga aos ministérios complementares dos apóstolos e diáconos em At 6 — os apóstolos se concentram na oração e no ministério da Palavra, enquanto os Sete são separados para atender às necessidades práticas e sociais da comunidade. 

O trabalho dos diáconos no sentido oficial

Com base em Atos 6.1-7, Mark Dever destaca três aspectos do ministério de diácono podem ser notados: Primeiramente, os diáconos devem cuidar de necessidades físicas. Algumas viúvas cristãs “estavam sendo esquecidas na distribuição diária” (Atos 6.1). Em Atos 6.2, os apóstolos caracterizaram esse serviço como “servir às mesas”, visando o bem-estar físico de outros membros da congregação. 

Por trás do cuidado físico, há um segundo aspecto da obra de um diácono, um aspecto que beneficia não somente aqueles que estão em necessidade, mas também todo o corpo: os diáconos devem se esforçar pela unidade do corpo. Por cuidarem daquelas viúvas, os diáconos ajudaram a tornar a distribuição de alimento mais equitativa entre as viúvas. Isso foi importante porque a negligência física estava causando desarmonia espiritual no corpo (Atos 6.1). Os apóstolos não estavam apenas interessados em corrigir um problema no ministério de benevolência da igreja, mas em impedir uma ruptura entre dois grupos étnicos. 

O terceiro aspecto, os diáconos foram instituídos para apoiar o ministério dos apóstolos. Em Atos 6.3, os apóstolos reconhecem que o cuidar de necessidades físicas é uma responsabilidade da igreja. Em algum sentido, eles mesmos tinham essa responsabilidade. Portanto, os diáconos não estavam apenas ajudando as viúvas e a igreja como um todo, estavam também apoiando os líderes cuja principal obrigação era outra. Por meio de seu ministério às viúvas, os diáconos apoiaram os mestres da Palavra em seu ministério de pregação. Neste sentido, os diáconos são fundamentalmente apoiadores do ministério dos ministros da palavra. 

As qualificações para o diaconato bíblico

No tempo em que Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo, instruiu Timóteo sobre as qualificações para o que se tornara o ofício formal de diácono (1 Tm 3.8-13). Uma chave interpretativa para esse capítulo é a expressão "da mesma forma” (σαύτως, hōssautōs, do mesmo modo, igualmente). Refere-se ao versículo 1, indicando que os diáconos ocupam um cargo reconhecido, assim como os Bispos (Ler 1 Timóteo 3.1-13). 

Quando a lista de qualidades, apresentada por Paulo em 1 Timóteo 3.8-13, é combinada com as qualidades dos indivíduos selecionados em Atos 6, torna-se evidente que os diáconos devem ser conhecidos como pessoas cheias do Espírito Santo (6.3). Eles atendem às necessidades físicas e temporais, porém seu ministério é um ministério espiritual. É necessário ser cheio do Espírito Santo para servir em qualquer área na igreja de Cristo. Tanto o que serve às mesas quanto o pregador devem ser servos de Deus cheios do Espírito Santo. 

Os diáconos também devem ser conhecidos como pessoas cheias de sabedoria (6.3). Devem ser escolhidos pela congregação com a plena confiança dela. Devem ser sinceros, dignos de respeito, não dados a muito vinho, não interessados em ganho desonesto e, com uma consciência pura, firmes nas verdades da fé cristã. Os diáconos devem ser servos testados e aprovados enquanto marido de uma única mulher. E devem ser indivíduos que governam bem seus próprios filhos e família. 

Embora qualificações pessoais e espirituais específicas devam ser cumpridas por aqueles que são pastores e diáconos, isso não significa que o padrão seja inferior para qualquer outra pessoa na congregação. As qualificações especificadas em 1 Timóteo 3 devem ser uma meta e uma diretriz para todos os cristãos.

Carson observou que “quando Paulo delineou em 1 Timóteo 3 as qualificações para os bispos  e diáconos, a característica mais admirável daquela lista é que ela não contém nada extraordinário”. Não contém nada a respeito de inteligência, decisão, iniciativa, riqueza, poder. Quase tudo na lista se encontra também em outras passagens do Novo Testamento que expõem qualidades requeridas de todos os cristãos (vida consagrada, maturidade espiritual e as virtudes produzida pelo Espírito Santo). Por exemplo, o Bispo/Presbitero/Pastor não deve ser “dado ao vinho” (1Tm 3.3) — e isso não significa que os demais crentes têm permissão para embriagarem-se (Ef 5.18). 

Portanto, em vez de procurar líderes que tenham qualificações seculares, devemos procurar pessoas que tenham caráter, reputação, habilidade de lidar com a Palavra de Deus e que manifestem o fruto do Espírito em sua vida. Este é o tipo de pessoas que devemos reconhecer e em cujas mãos devemos entregar a responsabilidade de liderar a igreja de Cristo. 

Uma igreja sem líderes piedosos, é uma igreja em perigo. E uma igreja que não treina outros líderes é uma igreja infiel. Deus dá-nos líderes nas igrejas para o seu amadurecimento, unidade e solidez em cada congregação local. Sem a existência de uma liderança piedosa, fiel e que se multiplica, a igreja sofrerá profundamente.

Diferenças entre presbíteros/pastores e diáconos

Muitas igrejas modernas tendem a confundir os presbíteros com os diáconos ou com o corpo de administradores da igreja. Seria benéfico à igreja distinguir novamente o ofício de presbítero do ofício de diácono.

 

Existem dois ofícios de liderança da igreja no Novo Testamento: o de bispo ou presbítero, e o diácono (Fp 1.1; 1Tm 3.1–13). É essencial reconhecer que os diáconos são igualmente qualificados com os presbíteros em termos de caráter e vida espiritual. A única diferença entre suas qualificações é que o presbítero deve ser capaz de ensinar, mas o diácono não. 

Os apóstolos se dedicam à oração e ao ministério da Palavra (6.4) enquanto delegam autoridade aos Sete formalmente nomeados pela igreja para supervisionar a distribuição de alimentos (“para servir mesas”; At 6.2). Os interesses dos diáconos são os detalhes práticos da vida da igreja: administração, assistência ao trabalho dos ministros da palavra, manutenção e cuidado dos membros da igreja que têm necessidades físicas. 

O ofício de πίσκοπος (episkopos) equivale ao de presbítero ou pastor (πρεσβύτερος, presbuteros) e é caracterizado pela supervisão e cuidado pastoral, liderança eclesiástica e pregação (compare At 20.17, 28; 1Tm 3.1–7; 5.17–19; Tt 1.5–9; 1Pe 5.1–2). Quando comparamos Tito 1.5,7 e Atos 20.17,28, constatamos que os termos “presbíteros" e "bispos" referem-se a aspectos distintos do mesmo ofício: o de pastor (Hebreus 13.17; Efésios 4.11; Hebreus 13.7; 1 Timóteo 4.14).

No Novo Testamento, o ofício de bispo ou presbítero na igreja é reservado para homens cristãos qualificados, encarregados de liderar o rebanho de Deus (1Tm 2.11-12; 3.2; 5.17; 1 Co 11.3 , 8-9; 14.34), enquanto homens e mulheres podem servir como diáconos (διακονέω, diakoneō; 1Tm 3.12–13) para atender às necessidades práticas da congregação. Em Romanos 16.1, Febe é chamada um diakonos (“diácono” ou “servo”, na forma masculina e sem artigo). Ela provavelmente tenha servido oficialmente como diaconisa na igreja em Cencréia. 

A questão das diaconisas

A questão de saber se o ofício de diácono do Novo Testamento inclui mulheres é debatida, principalmente com base em 1Timóteo 3.11, onde Paulo interrompe a discussão sobre os diáconos (em 1Tm 3.8, 12) para lidar com as qualidades das esposas ou mulheres (γυνακας, gunaikas).  

Alguns entendem 1Timóteo 3.11 como referência às esposas dos diáconos, enquanto outros traduzem γυνακας (gunaikas) como “mulheres” ou “as mulheres” (NIV), referindo-se a mulheres que servem como diaconisas ou como assistentes dos diáconos.

 

Há pelo menos cinco argumentos que apoiam a interpretação de que 1Timóteo 3.11 se refere a diáconos do sexo feminino:

1.   É estranho Paulo apresentar qualificações para as esposas de diáconos, mas não para os bispos em 1Timóteo 3. Não há comentários sobre as esposas dos bispos, por que haveria comentários sobre as esposas dos diáconos?

2.   O advérbio σαύτως (hōssautōs, “da mesma sorte”) em 1Timóteo 3.11 provavelmente introduz um grupo distinto, mas semelhante aos diáconos de 1Timóteo 3.8–10, dado o uso anterior do termo em 1Tm 2.9; 3.8.

  1. A lista de qualificações para as γυνακας (gunaikas) em 1Timóteo 3.11 encontra paralelos lexicais temáticos nas listas de bispos e diáconos em 1Timóteo 3.1–10.
     
  2. Aparentemente, Paulo escolheu a palavra gunaikas (mulheres) em 1 Tm 3.11 para ser específico, uma vez que não há forma feminina do termo diakonos. A mesma forma da palavra é usada para homens e mulheres; não ficaria claro para Paulo usar apenas o termo diakonos se ele quisesse se referir a mulheres que serviam como diaconisas. Ele teve que identificá-los simplesmente como mulheres. Se Paulo tivesse desejado indicar que estava a falar das esposas, poderia ter usado a expressão esposas “dos diáconos” (em grego, um substantivo no caso genitivo) ou um pronome possessivo (“suas” esposas). O facto de ele não fazer essa indicação apoia a ideia de que se tratava de diaconisas.

  3. As restrições de 1Timóteo 2.12 não se aplicam às mulheres que servem como diaconisas, pois é um ministério de serviço que não incluí deveres como o exercício de liderança pastoral e de ministério da palavra na igreja, algo claramente reservado aos bispos/presbíteros/pastores (1Tm 3.2, 1 Timóteo 2.11-14; 3.2; Efésios 5:22-33; 5.17; 1 Co 11.3, 8-9; 14.34). Embora homens e mulheres sejam igualmente talentosos para o serviço na igreja, o ofício de pastor é limitado aos homens qualificados pelas Escrituras (1 Timóteo 2.11-14; 3.2; Efésios 5:22-33; 5.17; 1 Co 11.3, 8-9; 14.34).

Vemos então três ofícios distintos da igreja descritos em 1 Timóteo 3 - presbíteros, diáconos e diaconisas. Isso é o que Paulo tinha a dizer sobre as diaconisas: elas devem ser “dignas, não mexeriqueiras, mas temperantes, fiéis em tudo” (1 Tm 3.11). 

Em suma, a “obra de serviço” não é obra dos diáconos, mas sim a obra de todos os cristãos como servos. Não é necessário obtermos um título para ministrar na comunidade cristã. Devemos apenas nos preocupar em servir aos outros por causa de Jesus. É por isso que as qualificações morais e espirituais especificadas em 1 Timóteo 3 e Atos 6 devem ser uma meta e uma diretriz para todos os cristãos.

Os diáconos não deveriam ser um corpo deliberativo, mas sim aquelas pessoas que coordenam os ministérios necessários na igreja local. O diaconato não é um ofício de liderança, mas de serviço de ajuda aos lideres que servem no ministério pastoral. Os diáconos atendem às necessidades físicas e temporais, porém seu ministério é um ministério espiritual.

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Referências: Alisson, Gregg. Eclesiologia. SP: Vida Nova. P. 269 Edição do Kindle. / Anyabwile, Thabiti. Encontrando presbíteros e diáconos fiéis. SP: Fiel, 2015. / Carson, D. A. A Cruz e o Ministério Cristão: Lições sobre liderança baseadas em 1 Coríntios”. SP: Editora Fiel. / Dever, Mark. Entendendo a liderança da igreja. São José dos Campos, SP: p. 26. Edição do Kindle. Dever, Mark. Igreja, o evangelho visível.  São José dos Campos, SP: Fiel, 2015, p. 93-109. Dever, Mark. Refletindo a Glória de Deus: elementos básicos da estrutura da igreja. São José dos Campos, SP: Fiel, 2008, 17-31. / Getz, Gene A. Pastores e Líderes: o plano de Deus para a liderança da Igreja. RJ: CPAD, 2004, 117-126. / Louw, J. P. e Nida, E. N. Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains. New York: United Bible Societies, 1996, 459. / Lopes, H. D. Mateus: Jesus, o Rei dos Reis: Comentários Expositivos Hagnos. SP: Hagnos, 2019, p. 631. / MacArthur Jr., John.  The Master’s plan for the church. Chicago: Moody Press, 1991, p. 200–215. / MacArthur Jr., John. Ministério Pastoral: alcançando a excelência no ministério cristão. RJ: CPAD, 2004, 80-96. / MacDonald, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. (São Paulo: Mundo Cristão, 2011, 77. / Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Mateus. São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2018, p. 240. / Stott, John. A Mensagem de Atos: até os confins da terra. SP: ABU, 2008, p. 132-137. / Tabb, Brian J. “Deacon”. The Lexham Bible Dictionary. Bellingham, WA: Lexham Press, 2016.

 

Pastor Leonardo Cosme de Moraes

Gestão de conflitos na igreja | Atos 6.1-7

             

 Atos 6.1-7

 

Existem muitas áreas na igreja onde o conflito pode se desenvolver. No entanto, a maioria deles tende a cair numa das três categorias: conflito devido ao pecado entre os crentes, conflito com a liderança e conflito  relacional entre os crentes. É certo que muitos problemas podem envolver duas ou mais destas categorias. Um conflito no início da história da igreja ilustra isso (Atos 6.1-7).

 

Nos primórdios da igreja, o número dos discípulos multiplicou-se e surgiu uma murmuração na congregação entre os hebreus e helenistas. Havia os judeus nativos de língua aramaica ou hebraica e os judeus da Diáspora que falavam o grego, os quais voltaram para Jerusalém e se tornaram parte da comunidade cristã. 

 

Surgiu um debate entre eles sobre a distribuição dos recursos e da atenção que a igreja estava despendendo com o cuidado das viúvas. Alguns dentre eles se sentiram negligenciados porque suas viúvas não estavam sendo assistidas na distribuição da comida diária dentro da comunidade (cf.: Tg 1.27). Possivelmente, as viúvas entre os judeus de língua grega, estavam sendo negligenciadas na distribuição de alimentos devido à discriminação cultural: tendo se reinstalado na Judéia por causa da dispersão, foram consideradas forasteiras (retornadas) pelos judeus nativos de língua hebraica ou, mas provavelmente, aramaica. Não podemos esquecer que a igreja de Jerusalém neste ponto chegava aos milhares e provavelmente adorava em reuniões domiciliares em três línguas (hebraico, aramaico e grego) e as necessidades das viúvas sobrecarregavam a rede de distribuição além da capacidade dos apóstolos de supervisioná-la diretamente.

 

É certo que os doze apóstolos, a cujos pés o dinheiro foi depositado (cap. 4.34), fizeram a distribuição como puderam. Juntaram muito dinheiro para a assistência social aos pobres. Contudo, houve queixa e murmuração contra eles, despertando um antigo conflito cultural no seio da igreja, colocando em risco o testemunho e a comunhão da igreja.

 

Sendo assim, a primeira controvérsia na igreja cristã envolveu finanças. “É pena que as pequenas coisas deste mundo sejam pontos de discórdia entre os que admitem ter relações com as grandes coisas do outro mundo.” (Matthew Henry, 2008, p. 63). 

 

A Igreja não é perfeita, nunca o foi. Não existem pastores perfeitos, eles nunca existiram. “Algumas pessoas usam este fato como desculpa para manterem-se afastadas da igreja, dizendo: "Eu gostaria de frequentar uma igreja, mas há muitos hipócritas ali. Nesse caso, eu penso: Venha, temos lugar para mais um.” (John MacArthur). 

 

É impossível agradar a todos. Mesmo para os 12 apóstolos juntos, na mesma igreja, não conseguiram agradar a todos (Atos 6.2). Embora as viúvas fossem aptas a receber esse tipo de assistência social, os apóstolos não lhes deram o suficiente, ou não conseguiram contemplar todas, ou não deram exatamente a mesma soma oferecida às viúvas hebreias.

 

Naquele tempo, as viúvas não sobreviviam a menos que os familiares imediatos cuidassem delas (1 Tm 5.9–16). Negligenciá-las por causa de diferenças culturais revela uma tensão séria dentro da igreja de Jerusalém. Mas a queixa acabou recaindo sobre os apóstolos, que estavam encarregados da distribuição (4.35,37). Em resposta a essa situação, eles perceberam que era necessário tomar uma providência para resolver o problema e melhorar o ministério da igreja. 

 

Esta passagem está repleta de implicações para as igrejas e a liderança da igreja na atualidade. Ralph Earle observa que temos aqui uma ajuda prática de como solucionar problemas: reconhecer o problema (6.1,2a); flexibilidade para reagir às necessidades (6.3); recusar-se a subordinar o que é essencial (6.2b); remover as causas das reclamações (6.3–6); e colher os resultados de uma solução sensata (6.7).

 

Reconheceram o problema. A tensão foi resolvida quando ambas as partes assumiram a responsabilidade de resolver o problema. A igreja envolveu-se na solução do problema. A igreja precisa aprender que o paternalismo não é saudável. A maneira de se desenvolver uma igreja amadurecida não é impor soluções “de cima para baixo”, mas envolver a congregação na solução do problema, e confiar aos membros um papel significativo na tomada de decisões. 

Os apóstolos acolheram as críticas dos helenistas e tiveram coragem de fazer ajustes na estrutura. Eles agiram com flexibilidade e prontidão para reagir às necessidades.

 

Na Bíblia, a organização nunca é um fim em si, mas apenas um meio para facilitar o que o Senhor está fazendo em sua igreja. Organizar um programa e depois esperar que o Espírito Santo esteja envolvido com ele é colocar a carroça na frente dos bois. Não podemos sacralizar as nossas estruturas funcionais e culturais, pois são apenas facilitadoras para o avanço da obra. Aquilo que funcionou bem ontem pode não ser mais funcional nem relevante hoje. É lamentável quando as igrejas destroem ministérios promissores por se recusarem a modificar suas estruturas não fundamentais.

 

A estrutura deve estar ao serviço do organismo, e nunca o contrário. As pessoas são mais importantes que as estruturas. Não podemos confundir a treliça com a videira. A treliça serve para ajudar a videira a se desenvolver. Nosso foco deve ser o trabalho da videira; isto é, a evangelização dos perdidos, discipulado, o cuidado e o aperfeiçoamento dos discípulos para a obra do ministério. Frequentemente, nossas igrejas estão encerradas em antigos programas e cargos. Em lugar de procurar com criatividade satisfazer as necessidades à medida que elas surgem, nós lutamos para manter o mecanismo da igreja.

 

Estabelecendo prioridades. Em vez dos apóstolos se desgastarem ainda mais no trabalho do serviço às mesas, ampliaram o quadro de obreiros. Moody costumava dizer: “É melhor colocar dez homens para trabalhar do que tentar fazer o trabalho de dez homens”. Muitos ministros abandonam o ministério todos os anos. A razão básica é que hoje se espera que um ministro seja um Diretor Executivo de uma empresa ou corporação. Entende-se que ele deva fazer o trabalho administrativo e o trabalho de crescimento da igreja; espera-se que ele seja um especialista em aconselhamento e cuidado pastoral. Como resultado, temos promovido gerações de pastores que são “pau para toda obra”, mas não são especialistas em coisa alguma.

 

Os apóstolos não disseram, “Vamos esquecer essas viúvas”. Pelo contrário, eles convocaram a comunidade e disseram, “Irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra. O parecer agradou a toda a comunidade; e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos” (Atos 6.3–6). 

 

A escolha congregacional e a imposição de mãos dos apóstolos sugerem o estabelecimento de um papel formal de ministério na igreja de Jerusalém (At 6.5–6). Presbíteros, diáconos e todos os que serviam na igreja primitiva foram ordenados desta forma (cf. At 13.3; 1 Tm 4.14; 5.22 ; 2 Tm 1.6). A divisão do trabalho em 1Timóteo 3.1–13 entre bispos e diáconos é análoga aos ministérios complementares dos apóstolos e diáconos em At 6.1–6 — os apóstolos se concentram na oração e no ministério da Palavra, enquanto os Sete são designados para atender às necessidades práticas da comunidade. 

 

No Novo Testamento, o ofício de bispo ou presbítero na igreja é reservado para homens encarregados de liderar o rebanho de Deus (1Tm 2.11-12; 3.2; 5.17; 1 Co 11.3 , 8-9; 14.34), enquanto homens e mulheres podem servir como diáconos (διακονέω, diakoneō; 1Tm 3.12–13) para atender às necessidades práticas e temporais da congregação. Em Romanos 16.1, Febe é chamada um diakonos (“diácono”; “servo”, na forma masculina e sem artigo) da igreja em Cencreia.

 

Dividindo o trabalho. A divisão do trabalho removeu a causa da murmuração, salvaguardou a imparcialidade na distribuição dos recursos e aliviou os apóstolos para se dedicaram a com maior intensidade a oração e ao ministério da palavra. Esses sete homens foram separados e consagrados pela imposição de mãos para para ministrar às necessidades das pessoas da igreja.

 

Na proporção que a igreja cresce, há mais mesas para servir, mais viúvas para visitar, e mais órfãos a serem cuidados, e aumentamos proporcionalmente o nosso diaconato. Portanto, o trabalho dos nossos diáconos é indispensável. Eles mantêm o funcionamento da igreja, exercem o ministério de misericórdia, administram os assuntos temporais e financeiros, estão atentos aos mais fracos e necessitados, deixam a equipe pastoral devidamente informada, preparam a Mesa do Senhor para a Ceia, e auxiliam na distribuição. Recepcionam e orientam os visitantes, delimitam as vagas para o estacionamento. Isto é o que torna possível o pastor estudar a Palavra de Deus e pregá-la com profundidade, que é o de que o povo de Deus mais precisa (Sproul, 2017, 108).

 

Os pastores são dadas para a igreja "para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo" (Ef 4.12). Ao negligenciar essa chamada, eles condenam suas congregações a definhar na infância espiritual. Se os apóstolos tivessem abandonado a oração e o ministério da palavra para servir às mesas, a igreja teria perdido seu foco e seu poder.

 

Lucas, portanto, destaca dois ministérios na igreja: a diaconia das mesas (6.2,3) e a diaconia da palavra (6.4); a ação social e a pregação do evangelho. O ministério das mesas não substitui o ministério da palavra, nem o ministério da palavra dispensa o ministério das mesas. Ambos são ministérios cristãos que visam servir a Deus e ao seu povo. Ambos exigem pessoas espirituais para exercê-los (Stott, 2008, 136). 

 

Removendo a causa das reclamações. Os cristãos de fala aramaica demonstraram confiança em seus irmãos, ao fazer os cristãos de fala grega responsáveis pela distribuição a todos. Todos os sete homens listados no versículo 5 têm nomes gregos. A eleição destes judeus-helenistas ajudou a refletir a diversidade da igreja. Dali em diante, não teriam mais motivos para acusar a comunidade de preterir os helenistas.

 

A igreja colheu os resultados de uma solução sensata. A reorganização da igreja libertou os apóstolos para se dedicar à oração e da Palavra. Evitou uma divisão na igreja. Promoveu unidade e contentamento e o resultado foi o crescimento da igreja. Uma igreja unificada e bem instruída é poderoso testemunho para o mundo perdido e sem esperança.

 

Lucas resume o crescimento da igreja como o crescimento da Palavra (12.24; 13.49; 19.20). Quanto maior o alcance da palavra, maior o crescimento da igreja. A palavra é o principal instrumento usado por Deus para levar sua igreja ao crescimento espiritual e numérico. Sempre que a palavra de Deus foi negligenciada, a igreja perdeu o seu vigor e se corrompeu.

 

A história da luta da comunidade para superar as divisões internas começa e termina com o crescimento da Igreja (At 6.1 comparar 7). Os “sacerdotes” mencionados no versículo 7 são significativos. Foi este mesmo grupo até este ponto que se opôs mais veementemente ao evangelho. Isso demonstra que o evangelho deve ser pregado a todos, mesmo aqueles que odeiam os cristãos.

 

Referências:

Barry et al., John D. Faithlife Study Bible. Bellingham, WA: Lexham Press, 2016, At 6.1-7. / Beyer, H. W. “diákonéō, diakonía, diákonos”. Em Kittel, Friedrich, G. e Bromiley, G. W., edsDicionário Teológico do Novo Testamento. SP: Cultura Cristã, 2013, pp. 168-170. / Beeke, J. R., Barrett, M. P. V. e Bilkes, G. M., edsThe Reformation Heritage KJV Study Bible. Grand Rapids, MI: Reformation Heritage Books. 2014, pp. 1566–1567. / Brian J. Tabb. “Deacon”ed. John D. Barry, Dicionário Bíblico Lexham. Bellingham, WA: Lexham Press, 2020. / Carson, D. A. NIV Biblical Theology Study Bible. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2018, p. 1962–1963. / Crossway Bibles. The ESV Study Bible. Wheaton, IL: Crossway Bibles, 2008, p. 2092. / Dever, Mark. 9 Marcas de uma Igreja Saudável. São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2007, pp. 255–257. / Earle, Ralph. Livro dos Atos dos Apóstolos: Série Comentário Bíblico Beacon. RJ: CPAD, 2006, pp. 247-250. / Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. 2008, pp. 59-63.  / Holcomb, J. S. Gospel Transformation BibleESV. Wheaton, IL: Crossway, 2013:1461. / Lopes, H. D. Atos: A Ação do Espírito Santo na Vida da Igreja. SP: Hagnos, 2012, p. 134–141. / MacArthur, John. The MacArthur New Testament Commentary: Acts 1-12. Chicago, Illinois: Moody Publishers, 1994. / MacDonald, M. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. SP: Mundo Cristão, 2011, p. 352. / Richards, Lawrence O. Comentário Histórico Cultural do Novo Testamento. RJ: CPAD, 2007, pp. 263-264. / Sproul, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Atos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2017, pp. 107–110. / Stott. John. A mensagem de Atos: até os confins da terra. SP: ABU, 2008, pp. 132-138.



                                                              Pr. Leonardo Cosme de Moraes