UM COMPROMISSO RADICAL

Lucas 14: 26-27

Durante os cerca de três anos em que exerceu o seu ministério terreno, o Senhor Jesus foi conhecido como mestre. A razão era simples: ele tinha congregado à volta de si um grupo de seguidores (discípulos), cujo número foi aumentando de dia para dia, chegando a produzir ciúmes nos demais  mestres, concorrentes, que havia em Jerusalém.
O seu ensino era admirado por todos os que o ouviam. A autoridade com que expunha a verdade e fazia as suas afirmações era sublime e incomparável. Dos seus lábios, a mensagem do reino de Deus era proclamada com amor, com segurança, mas sem demagogias. 
Não procurava subterfúgios para denunciar práticas reprováveis dos líderes religiosos, não importando o grau de respeitabilidade que possuíssem diante das massas.
Mesmo em relação aos próprios discípulos que o seguiam, nunca deixou de lhes anunciar a temerosa mensagem acerca do inferno e dos insuportáveis terrores que aguardam aqueles que rejeitam a mensagem da salvação, por ele trazida, e que se recusam a aceitá-lo como o Messias prometido a Israel. 
Não restam dúvidas que quando fez afirmações, tais como: “filho, perdoados estão os teus pecados” ou “...para que todos honrem o Filho, como honram o Pai”, ou ainda, “eu e o Pai somos um”, estava a declarar, embora de modo indireto, a sua divindade (Marcos 2:5; João 5:23; João 10:30).
Portanto, embora fosse um mestre igual aos outros, no sentido comum de quem “instrui” os seu fiéis alunos, Ele era, ao mesmo tempo, diferente de todos os outros. 
Sendo um mestre singular, a lealdade a Ele devida tem de ultrapassar todo e qualquer vínculo que alguém possa estabelecer com os que lhe são mais próximos.
É nesta base de um compromisso sério e de uma lealdade completa e sem reservas que o Senhor Jesus desafia todos aqueles que se prontificam a segui-lo a colocarem em segundo plano todos os outros relacionamentos.
Para Ele, todo o vínculo de amor, de afeto e de lealdade que se iguale ou ultrapasse aquele que o discípulo deve estabelecer com Ele, significa desqualificação para o verdadeiro discipulado. 
Segundo o parâmetro estabelecido pelo Senhor Jesus, ser seu discípulo é prontificar-se a enfrentar, caso seja necessário, a própria morte. A lealdade devida a Ele deve suplantar todo o tipo de dedicação a outros, inclusive, à própria vida.
Não é de estranhar que o Senhor Jesus coloque o desafio dessa forma tão radical. Afinal de contas, o amor a Deus deve ser vivido e expresso “acima de todas as coisas”, isto é, acima de tudo e de todos. 
Ser discípulo do Senhor Jesus exige uma dedicação e uma renúncia completas (Lucas 14:33). Ou Ele ocupa o lugar de primazia nas prioridades do discípulo, ou tudo não passará de discipulado superficial e temporário.
Ser discípulo do Senhor Jesus requer um completo abandono do amor pela própria vida e uma prontidão destemida para anunciar o seu amor e a sua graça a um mundo sem vida, sem luz e sem esperança (Lucas 9:23-26).
Que o Senhor tenha misericórdia de nós e derrame sobre nós a sua graça, de modo a podermos viver a nossa espiritualidade de forma abnegada, dando ao Senhor Jesus a primazia em nossos corações, dedicando-lhe todo o nosso ser, assumindo o facto de que, para nós, tal como assumiu o apóstolo Paulo, “o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Filipense 1:21). Soli Deo Gloria! 

Pastor Samuel Quimputo
Boletim 162
31 maio 2015