A PALAVRA DE DEUS COMO FACTOR REGULADOR DA FÉ

“A revelação das tuas palavras concede luz, dá entendimento aos símplices”
A Fé Cristã não é consequência de reflexões filosóficas que resultam do esforço humano na busca de respostas para as grandes questões da vida, tais como: o propósito da vida, a imortalidade da alma, a causa do sofrimento, etc. Nem se trata de um conjunto de deduções lógicas ou psicológicas, ou de enunciados racionais baseados na capacidade humana de observação dos factos e dos fenómenos naturais.
Antes pelo contrário, a Fé Cristã resulta da Revelação de um Deus bondoso e cheio de graça que pela Sua livre vontade resolveu dar-se a conhecer aos Seus servos, socorrendo-se de vários métodos. Fê-lo por meio de sonhos, de visões, de manifestações sobrenaturais da Sua presença (isto é, através de teofanias) e que, de um modo esplêndido e incomparavelmente superior, resolveu revelar-se por meio do Seu Filho Unigénito (Hebreus 1: 1 - 2).
Toda a história relevante da actuação e da intervenção de Deus no decurso da História, ao longo dos séculos, foi registada e dinamicamente compilada num Livro singular, que se denomina Bíblia (Biblia, os livros).
Assim como a fé chegou aos patriarcas que viveram antes de Moisés, por meio da Palavra falada, coadjuvada por visões e manifestações várias, ela continua a chegar ao coração dos chamados, através da Palavra escrita (Romanos 10: 17).
A Palavra de Deus é, portanto, o meio instrumental usado por Deus para revelar o Seu amor e a Sua graça, com base nos méritos e na suficiência da obra realizada pelo Seu Filho amado, na cruz do Calvário.
O salmista que escreveu o salmo 119 (provavelmente, Esdras) sabia, por experiência própria, que a Palavra de Deus é determinante em matéria de fé, de vida e de orientação equilibrada.
A revelação (ou exposição) das palavras inspiradas de Deus, diz o salmista, “concede luz”. Esta é uma conclusão incontestável à qual todos os verdadeiros crentes chegam. Para esses servos e servas do Senhor, alcançados pela graça regeneradora, a Palavra assume o papel de “luz condutora” da sua vida e fonte esclarecedora de toda a sua visão espiritual (Salmo 119: 105).
Por esclarecer a mente e proporcionar um correcto entendimento acerca da vida e do seu propósito, a revelação da Palavra de Deus capacita os símplices a adquirir sabedoria.
Em hebraico, a expressão “símplice” quer dizer, entre outras coisas, “uma porta aberta”, “uma cabeça aberta”, “uma mente ingénua na qual se pode colocar tudo”, “humildade ingénua”, etc.
Tendo estes significados em mente, chegamos à conclusão de que, aquilo que o salmista quis dizer é que a exposição da Palavra de Deus e a meditação que dela resulta, confere ao crente uma maior capacidade de análise e um elevado grau de discernimento.
A mente do verdadeiro (e aplicado) estudioso da Palavra torna-se uma fonte de sabedoria e um depósito de luz, capaz de o guiar em momentos de dúvida ou de incerteza, de medo ou de insegurança.
Que o Senhor da glória nos conceda graça suficiente, de modo a que os nossos corações, à semelhança do salmista, amam a Sua Palavra, orientando por ela a nossa fé e a nossa conduta. Que a exposição da Sua Palavra nos dê prazer, deleitando as nossas mentes com as maravilhas da sua sabedoria e da sua profundidade.
Soli Deo Gloria!
Pr. Samuel Quimputo
Boletim nº 111
30 Jan 2011

...pela Oração ao Coração do Pai

Alguém afirmou que "a oração é para o crente, o que o oxigénio é para os pulmões". Esta afirmação é verdadeira, e demonstra a importância vital da presença e da prática da Oração na vida do crente, na difícil e exigente caminhada de fé, rumo à perfeição.
É sobre esta insubstituível disciplina espiritual que iremos conversar e reflectir, no nosso próximo encontro.
Texto: Pastor Samuel QuimputoJaneiro 2011

Encarando o futuro com confiança

“É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre” (Salmo 121: 4, 8)

A incerteza e o medo são amigos bem chegados e andam sempre de mãos dadas. Cada um deles possui a tendência de destacar as potencialidades do outro, fazendo com que a pessoa que é dominada por eles, se torne, progressivamente, uma presa fácil e uma débil vítima das circunstâncias.
De um modo geral, uma pessoa dominada pela incerteza e pelo medo, transforma-se num instrumento de fácil manipulação, visto que a sua capacidade de tomar decisões fica profundamente reduzida, o seu equilíbrio emocional mais vulnerável e o seu poder de imaginação enfraquecido.
Todos nós já experimentámos, em algum momento da nossa vida, a influência da incerteza e do medo, e sabemos como esta “dupla sensação” nos tentou paralisar, eliminando qualquer faixa de luz que restava no nosso horizonte.
Olhando retrospectivamente para o ano que findou, podemos sentir um pouco de orgulho, visto que, para o bem ou para o mal, a História jamais nos negará o privilégio de sermos testemunhas vivas dos acontecimentos que tiveram lugar no ano 2010.
Esta análise a posteriori nós podemos fazer, sem dificuldades e sem grande exercício de imaginação. Basta-nos exercitar a nossa memória, para “reviver” o que aconteceu e o modo como afectou o nosso estado emocional e condicionou as nossas decisões.
Contudo, o mesmo não pode ser dito sobre o novo ano que agora se inicia. Esta é uma realidade ainda incógnita e incerta, capaz de confundir as previsões do mais eficiente analista.
Diante deste “quadro” de incertezas e de austeridade financeira que se avizinha, qual deve ser a postura daqueles que “vivem pela fé”? Onde encontrarão eles as forças necessárias, de modo a lutarem contra o domínio da incerteza e do medo?
A Palavra de Deus, através deste magnífico salmo “das escadas” ou “dos degraus”, cantado aquando da subida anual do povo de Israel (e de todos os adoradores de Jahweh) a Jerusalém, oferece-nos a resposta adequada.
Diante da incerteza do futuro, que não conhecemos nem podemos descrever ou controlar, a nossa confiança deve alicerçar-se naquele que é a fonte do nosso socorro; aquele que fez os céus e a terra e que é o Senhor do Universo.
A incerteza deve ser encarada com fé e com confiança, depositadas naquele que é o guarda e protector de Israel, em cuja presença o tempo é um eterno presente.
Só a confiança num Deus, que não pode ser surpreendido por nenhum acontecimento, pode capacitar-nos de modo a encararmos o futuro sem medo e com uma fé inabalável.
Deus conhece toda a nossa vida, conhece o passado, o presente e, também, o futuro de cada um de nós. Nada do que nos acontece está fora do Seu alcance visual ou da Sua percepção.
Com base nestas verdades incontestáveis, que encontramos nas Sagradas Letras, descansemos naquele que “protegerá a nossa entrada e a nossa saída”.
Que todos sejamos agentes activos, promotores do bem-estar social e colectivo, no nosso país e no mundo, olhando firmemente e com confiança para Aquele que tudo conhece e tudo pode, o Deus da nossa salvação.
Soli Deo Gloria!
Pr. Samuel Quimputo
Boletim 110
Jan 2011