O NOSSO REDENTOR VIVE!

A saída dos israelitas do Egito foi um evento profundamente dramático, assinalado com a celebração da páscoa, uma refeição singular, precedente de um ritual que envolveu derramamento de sangue e morte.

As pragas infligidas aos egípcios, antes da páscoa propriamente dita, eram mais que simples expressão de castigo divino que caiu sobre os opressores do povo “santo”, por meio de quem o Deus de Abraão abençoaria todas as nações da terra.

Elas significam, também, a demonstração da supremacia do Senhor do Universo diante dos deuses egípcios, uma realidade que prova o facto de que a libertação dos hebreus, iniciada com a celebração da Páscoa, representava o início (ou a ratificação) de uma relação de aliança entre Yahweh e os descendentes de Abraão.

Segundo Paulo, é na pessoa de Cristo que o cumprimento cabal das promessas feitas a Abraão se concretiza (Gálatas 3:16). Ele é o verdadeiro Filho, por seu intermédio  Israel  renovaria (e cumpriria) a sua missão sacerdotal de ser luz para as nações. É por meio da sua obra redentora e do poder transformador do Espírito Santo que Israel é capacitado a levar as Boas Novas da salvação aos demais povos.

Essa obra salvadora só seria possível e realizável através da morte (necessária) do Messias de Deus, visto que tanto judeus como gentios padeciam da mesma enfermidade fatal, que os tinha afetado desde a desobediência do seu pai federal - Adão.

Na qualidade de representante e substituto da raça humana, Cristo tinha que assumir a sua culpa e arcar com as consequências da mesma. A morte é a punição devida à desobediência aos mandamentos do santo e soberano Deus (Génesis 2:17).

Assim como o sangue do cordeiro pascal, colocado nas ombreiras e nas vergas das portas serviu de sinal para a preservação da vida dos primogénitos abrigados nas respetivas casas (Êxodo 12:7,13), assim também o sangue do Cordeiro de Deus é o preço pago em favor daqueles que se abrigam à sombra da cruz do Calvário.

Para que pecadores e culpados fossem perdoados e considerados “inocentes”, era necessário que alguém sem pecado, sem culpa própria e inocente, assumisse, voluntariamente, o seu lugar.

Portanto, inevitavelmente, Cristo devia provar o amargor da morte. Contudo, a morte do Ungido de Deus não foi a última experiência da sua história terrena. A vitória da morte sobre o Justo foi de pouca dura. O fogo de artifício do reino do mal durou poucas horas. As hostes do maligno cedo viram a sua alegria a transformar-se em pranto.

Na manhã do terceiro dia, o poder da morte seria heroicamente subjugado! A feiura da morte seria vencida pelo poder do bem e da vida. Os grilhões do reino da morte seriam despedaçados e reduzidos a nada. A vida ressurreta do Filho do Homem emergiria, esmagando a cabeça da Serpente. E, finalmente, homens e mulheres escravizados pelo medo da morte podiam nutrir uma nova esperança de um futuro glorioso.

O Senhor Jesus relembra os seus discípulos do facto de que as Escrituras Sagradas (o Antigo Testamento) já traçavam o itinerário da via dolorosa, que culminaria com a saída triunfal do Cristo Vencedor da tumba. 

“Se Cristo não ressuscitou”, afirmou Paulo, “é vã a nossa pregação” e a nossa fé é sem fundamento! (1 Coríntios 15: 14, 17).

Graças a Deus, Ele ressuscitou, tragando a morte com a vitória do império da luz. (1 Coríntios 15: 20, 54).

Embora os efeitos da morte ainda afetem a nossa experiência de vida, aqui e agora, a ressurreição do Senhor Jesus garante-nos a vitória da vida sobre a morte.

Celebremos, pois, com fé, coragem e gratidão a vitória do nosso Comandante, por meio de quem “somos mais que vencedores”. 
Soli Deo Gloria! 

Pr. Samuel Quimputo
abril 2017

MORDOMOS CONFIÁVEIS

A nossa experiência de vida, como seres humanos criados à imagem de Deus e responsáveis pelo cuidado e domínio do resto da criação, encontra a sua realização no ambiente e no envolvimento social, onde cada um interage com os demais, numa relação de interdependência e de mutualismo funcional e de convivência.

A integração na “família da fé” faz com que esta realidade social seja ainda mais significativa e notória, pelo facto de que o próprio espaço de convívio cristão, pela sua natureza essencialmente comunitária, acaba por se revelar propício para o exercício do amor abnegado e da generosidade contagiante.

Na parte final da sua epístola às igrejas da Galácia, Paulo exorta os crentes a viverem,   de modo prático, a nova realidade (de vida) que lhes foi outorgada em Cristo, provando, assim, a veracidade da sua fé por meio de atitudes, de decisões tomadas no dia-a-dia e de atos concretos que provam a vitalidade e a relevância da sua fé.

Ao fazê-lo, o Apóstolo dos gentios, socorreu-se de um método pedagógico muito apreciado entre os rabinos, conhecido como a “regra” ou o “princípio da sementeira”, que estabelece a correspondência e a relação de proporcionalidade entre o ato (ou atividade) de semear e os resultados da colheita.

Entre outras recomendações feitas por Paulo aos gálatas encontra-se a de “não se cansarem de fazer o bem”. A formulação negativa da frase revela e intensifica o pensamento do Apóstolo, que procura incentivar os irmãos da Galácia a perseverarem em fazer o bem (como quem semeia) para que, diz ele, a seu tempo colham os benefícios do seu investimento.

O tempo verbal usado na afirmação (ou exortação) sugere que esta atitude deve ser contínua e constante.

Na sua vivência diária, instrui Paulo, todas as oportunidades que se lhes apresentassem deviam ser aproveitadas para a prática do bem a todos, sem, contudo, ignorar o estabelecimento das prioridades.

Nessa atitude beneficente, os irmãos na fé, ou usando os termos do próprio Paulo, “os domésticos da fé” deviam ser os primeiros a serem contemplados e favorecidos.

O ensino bíblico mostra-nos, do princípio ao fim, que o nosso papel neste mundo é o de sermos mordomos ou “vice-gerentes” de Deus, o Criador do universo. Aliás, em termos teológicos, esta função de governar a terra, sob a supervisão divina, é a que potencia a nossa qualidade de “imagem de Deus” (Génesis 1: 26-28).

Tendo como base o nosso pepel de mordomos do mundo criado (em especial, no cuidado da terra), a nossa responsabilidade consiste em tratar da melhor forma o meio ambiente do qual fazemos parte, extrair (de um modo equilibrado) os recursos necessários para a  continuidade da nossa existência e, por fim, em partilhar com os nossos semelhantes, de forma altruísta e generosamente, os resultados do nosso empreendimento, suprindo, deste modo,  as suas necessidades básicas.

Para cada um de nós, crentes em Jesus e objetos da maravilhosa graça de Deus, o desafio torna-se ainda mais relevante e pertinente, visto que o exercício do bem é um imperativo a ser materializado, tendo em conta, não apenas o bem proporcionado a outros, mas também a garantia da recompensa que aguarda aqueles que “semeiam o bem”.

Que o Senhor nos sensibilize (com incómodo, se necessário for), de modo a desempenharmos da melhor maneira a nossa função de mordomos confiáveis, responsáveis por gerir, com sabedoria, os bens que nos foram incumbidos gerir.
Que cada um de nós se empenhe, com toda a diligência, na benigna missão de praticar e promover o bem, de suprir as necessidades dos mais carenciados e de “semear” o amor ao próximo, contribuindo, assim, para o engrandecimento do nome do Senhor Jesus e para a expansão do Reino “daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. 

Soli Deo Gloria! 

Pastor Samuel Quimputo
março 2017