Instruídos e Edificados na Palavra


Segundo a narrativa inicial da Bíblia, que nos conta a história da criação do Homem, à imagem do seu Criador, a harmonia existente entre Deus e a coroa da sua engenhosa obra era completa, e abrangia todas as dimensões da personalidade humana: física, psíquica e espiritual.

Tudo era vivido numa relação de proximidade com o divino que se refletia no relacionamento entre os cônjuges do primeiro casal.

Desafortunadamente, o pecado entrou em ação, com as suas consequências nefastas, trazendo desobediência, desarmonia, vergonha e dor, e, por fim, a morte.

Um dos elementos que sempre esteve (e continua a estar) na causa da desavença entre Deus e a sua nobre criação é a centralidade da sua Palavra. A aceitação, ou não, dos pronunciamentos divinos seria o elemento avaliador do grau de relacionamento entre o Homem e o seu bondoso Criador, visto que, em certo sentido, eles são a extensão objetiva do Seu carácter e da Sua vontade.

A comunicação com a Sua criação sempre foi mediada pela palavra proclamada. E o pecado, que veio de fora, entrou e reinou no coração do Homem (primeiro de Eva e depois de Adão) precisamente quando, por astúcia e pura maldade, Satanás o persuadiu a duvidar da “palavra divina”, pondo em causa não só a validade da mesma, mas também o carácter do próprio Deus.

Ao longo da História da humanidade decaída, e gravemente afetada pelas degradáveis consequências do pecado original, Deus continuou (e continua) a falar por meio da própria criação (embora deformada em relação à sua beleza inicial), de experiências pessoais (mesmo que algumas delas sejam de difícil interpretação) e, de um modo mais seguro e objetivo, por meio da sua Palavra escrita, que estabelece a regra infalível com base na qual tudo deve ser avaliado e balizado.

A pertinente profecia de Isaías, que se inicia com o lamento divino pela infidelidade do seu povo, seguida de uma mensagem de esperança que no futuro trará alegria não só a Israel, mas também a outras nações, abre um novo capítulo na vida do povo da aliança.

Por meio de Isaías, Deus preanuncia que, no futuro, muitos desejarão subir ao monte de Sião (nome poético de Jerusalém), à casa do Deus de Jacó.
Esse ardente desejo de se achegarem ao coração da espiritualidade de Israel deve-se a duas razões:

Primeiro, os povos iriam para serem ensinados. É o desejo de instrução nos caminhos do Senhor que serviria de motivação para a peregrinação a Jerusalém. Para essas nações, Sião era o lugar de aprendizagem das diretrizes necessárias para a vida.

Em segundo lugar, e como resultado do ensino recebido, as nações sabiam que a sua conduta, isto é, o seu comportamento diário, seria profundamente moldado ao carácter e à vontade do próprio Autor da lei.

É a presença e o ensino da Palavra de Deus, contida na Arca da Aliança, que faz de Sião um lugar atraente para as multidões.

A centralidade da Palavra de Deus na vida do povo era (e é) determinante na compreensão da vontade divina e na tomada de decisões importantes que a vida nos coloca e, não menos importante, no crescimento equilibrado da experiência de fé.

Hoje, não existe a necessidade das nações afluírem a Jerusalém a fim de serem instruídas. A Palavra de Deus “saiu da Arca da Aliança” e da terra de Israel, invadindo as nações, tornando possível a sua leitura e o seu ensino nos púlpitos e, maravilhosa e graciosamente, nos recintos públicos e nas casas dos fiéis.

A Educação Teológica deve ser estimulada e apoiada. A familiaridade com a Palavra de Deus deve caracterizar a experiência de cada filho de Deus, a fim de estar preparado para responder a todo aquele que lhe pedir a razão da esperança que nele há.

Que o Deus da Palavra, que na sua graça nos outorgou o seu Livro de orientações para a vida e para o conhecimento do seu maravilhoso plano de salvação, coloque em nós o ardente desejo de buscar a Lei do Senhor, cimentando, por meio dela, as nossas convicções e os alicerces da nossa fé. 

Soli Deo Gloria! 

Pr Samuel Quimputo
Boletim de fev 2017