FAMÍLIAS NO CORAÇÃO DE DEUS

“Mas estabelecerei contigo a minha aliança; tu entrarás na arca, e contigo, teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos”



Um estudo cuidadoso da Bíblia revelará o facto de que Deus, na Sua bondade e condescendência, ao relacionar-se com o ser humano, fá-lo por meio de pactos (ou alianças). Não se trata de pactos estabelecidos entre partes iguais, mas uma espécie de compromisso assumido por um soberano diante dos seus súbditos, fazendo com que estes se sintam envolvidos, conscientemente, no acordo em vigor.

Um outro aspecto interessante no modo como Deus formula os elementos dos pactos, incluindo os requisitos necessários para a sua execução, é o envolvimento das famílias daqueles que são chamados a participar nesses projectos de iniciativa divina.

Podemos, assim, dizer que o Deus da Bíblia, o fundador da instituição familiar, é a principal força impulsionadora da própria coesão familiar. Ele é o Deus da família.

Por esta razão, qualquer tentativa humana de excluir o Senhor do centro da vida familiar, conduzirá, inevitavelmente, a um desequilíbrio não só das famílias em si, mas também da sociedade como um todo.

Os primeiros seres humanos (Adão e Eva) encontraram a sua própria realização pessoal dentro do núcleo familiar, e nele puderam crescer como participantes de um projecto comum.

Noé é conhecido (e lembrado) como aquele que construiu a arca e que foi poupado da destruição global que vitimou a humanidade rebelde e ingrata, indiferente para com o seu Criador.

Contudo, a história de Noé centra-se, mais uma vez, na preservação da raça humana, dentro de um contexto familiar, onde Deus, pela Sua maravilhosa graça, promete salvar aquele homem justo e íntegro, da calamidade que se avizinhava, estabelecendo com ele mais uma aliança.

Entre os agentes envolvidos no pacto celebrado pelo grande “Eu Sou” estavam não só Noé, mas também toda a sua família.

Noé e a sua família servem como exemplo de vidas que resistem aos encantos mundanos da sua época, e representam a sólida experiência de fé que se “esconde” em Deus, que confia na Sua Palavra e que procura fazer a diferença, mesmo que isso implique desprezo por parte dos outros (Génesis 6: 8,9).

O segredo do equilíbrio familiar de Noé estava em Deus. Glorificar o Senhor e revelar a Sua graça e o Seu carácter eram o propósito (ou razão de ser) da sua existência e a causa da sua diferenciada conduta, no seio de uma sociedade de excessos, dominada por um materialismo atroz, que escravizava e desumanizava.

Que neste mês dedicado à Família, as nossas vidas achem graça diante de Deus, como foi com Noé, de modo a sermos usados por Ele como vasos de bênçãos, numa sociedade cada vez mais distante do seu Criador, na promoção e preservação da coesão familiar. Que o Senhor da graça continue a ser a fonte e a força motora do equilíbrio e da estabilidade dentro das nossas famílias.

Soli Deo Gloria!

Pr. Samuel Quimputo

Boletim 114

1 Maio 2011

JESUS - A LUZ DA VIDA

“Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8: 12) A nossa experiência de vida aqui na terra mostra a incontestável realidade de que, tanto o bem quanto o mal operam no mundo e no desenrolar do drama da existência humana. Se em alguns momentos é possível presenciar atitudes nobres e de elevação moral, noutros, deparamo-nos com atitudes e actos extremamente degradantes, capazes de abalar e confundir a nossa compreensão acerca da personalidade humana. Esta tensão entre o bem e o mal é, muitas vezes, interpretada como uma batalha eterna e sem vencedores nem vencidos. Aliás, esta é uma perspectiva disseminada entre algumas religiões (e/ou filosofias) orientais, onde a tensa convivência entre o bem e o mal representa o equilíbrio da própria existência humana. Contudo, esta não é (e nunca foi) a perspectiva judaico-cristã, sustentada pelas Sagradas Escrituras. Segundo o ensino bíblico, o mal não é uma parte necessária da criação divina, mas representa uma intromissão na perfeita ordem estabelecida desde o princípio. A cosmovisão apresentada pela Bíblia, reconhece a existência do bem (visto que existe um Deus bom) assim como a do mal, mas assume, de uma forma categórica, que o mal, metaforicamente denominado de trevas, não prevalecerá perante o bem, representado pela luz (1 João 2:8). No fim da história presente, o mal será derrotado e extinto do Reino restaurado do grande “Eu Sou”. A vinda do Filho de Deus ao mundo, trazendo o brilho mais radiante da luz divina, é a declaração final da vitória do bem contra o mal. É por isso que, em várias ocasiões, o Senhor Jesus se identificou como a luz do mundo (João 9: 5; 12: 46). Esta luz, que traz clareza moral e espiritual, que aponta o caminho que conduz à salvação, representa a própria vida. Esta é a razão pela qual a luz, proveniente de Deus, revelada na sua Palavra e personificada na pessoa do Filho do homem, é identificada com a vida para a qual aponta (Salmo 27:1; 36: 9; Provérbios 6: 23). Quando o Filho de Deus ressuscitou, vencendo as forças tenebrosas da morte, confirmou a vitória do bem, da luz e da vida sobre o mal, as trevas e a morte, anulando, desta forma, a falsa noção de que a luta entre o bem e o mal continuará a ser um combate eterno e sem fim (1 Coríntios 15: 54, 55). A Páscoa, portanto, representa a garantia da vida, que só Jesus pode oferecer, e a esperança de uma experiência futura de paz e alegria, de louvor e gratidão, onde nada do que seja identificável com as trevas e o mal fará parte (Apocalipse 22: 3-5). Como filhos da luz, incumbidos a levar as Boas-Novas da salvação a um mundo perdido nas densas trevas do mal e da ignorância espiritual, somos comissionados a proclamar a luz e a vida que o Senhor Jesus nos veio trazer, convidando homens e mulheres a aceitarem o dom de Deus que satisfaz a necessidade mais profunda do ser humano - a vida eterna. Soli Deo Gloria!

Pastor Samuel Quimputo

in Boletim nº 113

Abril 2011