Uma benção antiga de um Deus eterno

“O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti , e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz”


Há um belo hino, no Hinário Para o Culto Cristão (nº 266), cujo título é “Uma Bênção Antiga”, com uma linda melodia, tipicamente oriental (israelita). Parte da letra deste hino expressa a mensagem de Números 6: 22-27.
Este livro dá-nos o contexto quando Moisés recebeu a ordem divina de transmitir a Arão e a seus filhos, o modo como deveriam abençoar o povo de Israel. Infelizmente, o título dado ao livro (Números ou arithmoi, em grego), não corresponde ao original (em hebraico) que era “no deserto”, cujo conteúdo descreve a experiência dos trinta e nove anos passados no deserto, a caminho da terra prometida.
Ao chegarmos no fim de mais um ano civil, é natural pronunciarmos palavras que expressam o nosso desejo para os outros. A expressão mais ouvida, na nossa cultura ocidental, é “um próspero ano novo”; com “próspero” queremos dizer “sucesso material”, “felicidade”, “realização pessoal”, etc. Não há nada de errado em desejar a alguém “um próspero ano novo”, quando o fazemos conscientemente e não como o articular de meras palavras de circunstância.
Contudo, em Números 6, foi o próprio Deus, o Senhor do Universo, que forneceu a “fórmula” de como o Seu povo deveria ser abençoado. Esta bênção não era, apenas, manifestação de um desejo, como nós fazemos. Ela garantia, também, a concessão dos bens prometidos. E como o próprio texto afirma, em tom de conclusão, era com o pronunciamento desta bênção que o nome do grande Yahweh (ou Jeová) seria posto sobre Seu povo, isto é, seria invocado (v. 27).
“O Senhor te abençoe e te guarde”, diz a bênção. A primeira das três bênçãos, proferida pelo sacerdote, com as mãos levantadas (Lev. 9:22), é de carácter geral, invocava a protecção divina. O Deus que abençoa, que concede os ricos benefícios (materiais e espirituais), é também o grande protector. Aleluia! Ele abençoa e guarda, protege do mal e do maligno. Ele dá segurança e é digno de confiança.
O Apóstolo Paulo diz que o grande Yahweh é o “bendito Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais, em Cristo” (Ef. 1: 3). Aleluia! Em Cristo, o Deus Pai nos abençoa com “todas as bênçãos”. Todas as bênçãos necessárias em todo o processo da nossa salvação. A Ele, pois, seja dada toda a glória, para todo o sempre!
“O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti”, acrescenta a bênção. Agora é a comunhão que é acentuada. O rosto de alguém é a parte do corpo onde se encontram a maior parte dos órgãos de sentido, e excelentes meios de comunicação. O rosto é o espelho da alma.
Na antiga psicologia hebraica (e não só), virar o rosto contra alguém era sinónimo de “corte de relações” ou de desprezo. “Olhar para alguém” era sinal de atenção e de boas relações. “Olhar para o pobre, o órfão, a viúva” significava “cuidar deles”. Virar o rosto contra alguém era ignorá-lo.
Usando um antropomorfismo (aplicação de formas humanas a Deus), a bênção pronuncia comunhão. O Deus que abençoa e cuida é o mesmo que deseja um relacionamento de amor com o Seu povo. Ele é o Deus que está (e tem o prazer em estar) junto do Seu povo. Ele é o Yahweh Shammah, o Deus que está presente, que "tabernacula" no meio do Seu povo. Que Deus maravilhoso nós adoramos! E não é só isso. Ele possuí um coração que é tocado pela miséria alheia! Ele tem misericórdia de nós! Apesar da nossa arrogância, indiferença e prepotência, não passamos de miseráveis! Contudo, Ele olha para nós, na nossa miséria e lástima, com os olhos de amor e de graça, perdoando-nos e purificando-nos.
“O Senhor sobre ti levante seu o rosto e te dê a paz”. O Deus da comunhão, que contempla o Seu povo, é também o Yahweh shalom! É Aquele que dá a Sua paz e se dá ao Seu povo como o Deus da paz (Filipenses 4: 7, 9).
Amados em Cristo, que o ano de 2010 seja rico em bênçãos vindas do Pai, daquele que protege, que comunga com o Seu povo e que concede a Sua paz. Que Ele derrame sobre nós a Sua maravilhosa graça, usando-nos como vasos e canais de bênção para os outros.

Soli Deo Gloria!
Pr. Samuel Quimputo
no Boletim nº 98
27 Dezembro 2009

A singular importância da comunidade local

“E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum”

Deus é bom. A Sua natureza é, por inerência, boa. Tudo o que constitui o Seu ser obedece ao grau mais elevado da excelência moral e da pureza espiritual.
Para a maioria dos crentes, estas afirmações são óbvias. Contudo, é necessário enfatizá-las vezes sem conta, visto que faz parte da natureza humana duvidar destas verdades, sobretudo quando nos confrontamos com uma situação menos boa, ou quando algum ensino bíblico “choca” com a nossa débil forma de raciocinar. Com muita frequência pomos em causa a bondade de Deus e a Sua omnisciência, chegando mesmo ao atrevimento (diabólico) de avaliar, julgar e estabelecer sentenças sancionatórias acerca das afirmações bíblicas, quando estas não se enquadram no nosso “esquema” de raciocínio mental. Por esta razão, nunca é de mais salientarmos o carácter imaculado daquele que nos criou e que cuida de nós, apesar da nossa ingratidão, rebeldia e indiferença.
Por ser bom, Deus é também bondoso. Todas as Suas atitudes e acções, no relacionamento com as Suas criaturas, se caracterizam pela bondade. Não há nele maldade nem ambiguidade. A Sua bondade revela-se, de um modo especial, na forma como elabora o Seu grande plano de salvação, em toda a sua dimensão.
A salvação que Ele nos outorga é uma experiência de relacionamento pessoal. Quer dizer que o salvo entra num estado ou numa esfera espiritual, usufruindo e gozando de uma correcta relação com Deus. Cada crente é alguém que foi, por meio de um poder sobrenatural, transportado (transferido) de um domínio opressor, das trevas para uma realidade espiritual, cujo Rei é o amado Filho de Deus (Colossenses 1: 12, 13).
Embora o crente já se encontre a gozar de muitos privilégios característicos deste novo reino (ou governo), ele ainda trava uma dura e agonizante luta contra quatro inimigos implacáveis: o diabo, a carne, o pecado e o mundo. E enquanto viver neste mundo decaído, num sistema dirigido e controlado pelo príncipe das trevas, esta luta não conhecerá tréguas, cujos impactos irão, ao longo do tempo, provocar tristeza, dúvida e desânimo.
Contudo, como Deus é bom, Ele providenciou os meios necessários para suprir as necessidades e as carências dos Seus filhos.
Para além da presença, do amparo e da orientação do Espírito Santo, Ele colocou cada salvo numa família, que é a Sua Igreja. E, assim como os vários membros de um organismo vivem e agem numa relação de interdependência e mútuo benefício, assim também os salvos constituem uma comunidade vital e funcional, representada, de um modo concreto, pela igreja local. Esta entidade proporciona a cada crente benefícios sem medida, funcionando como:
a) elemento de persuasão: quer dizer que o ambiente comunitário proporciona ao crente, para a sua saúde espiritual, uma influência positiva de carácter persuasivo, que o estimula a viver de forma sadia;
b) espaço de apoio espiritual: significa que a igreja local é um espaço adequado, onde o crente que enfrenta desafios e lutas diárias encontra o suporte necessário, através do ensino, da exortação e do incentivo dos irmãos, a fim de prosseguir na sua caminhada de fé;
c) agente promotor da maturidade espiritual: visto que o crescimento espiritual resulta do “alimentar-se” da Palavra e do exercício prático do amor, o crente encontra, na igreja local, o espaço adequado para exercitar os seus dons, servindo e adorando a Deus, ministrando os outros. Assim, ele crescerá de forma equilibrada e saudável, dando e recebendo, com graça e por meio da graça. É desta forma que o crente glorifica a Deus e contribui para a edificação da Sua Igreja.
Envolvamo-nos, todos, num compromisso renovado, na vida comunitária da nossa igreja local, estimulando a fé uns dos outros, servindo-nos uns aos outros com amor, alegria e abnegação.
Soli Deo Gloria

Pr. Samuel Quimputo
No Boletim nº 97
Dezembro 2009

A essência da verdadeira unidade cristã

“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um, em nós, para que o mundo creia que me enviaste” (João 17: 21)

Falar da Unidade da Igreja Cristã é navegar num mundo fascinante, mas que exige um profundo grau de discernimento e de equilíbrio analítico, sem os quais é difícil chegar-se a um adequado entendimento desta importante doutrina.
Por ser, a igreja, uma instituição de carácter social, ela é frequentemente discutida e avaliada por meio de padrões, basicamente, sociológicos, facto este que constitui um erro crasso, visto que a natureza sobrenatural da sua essência exige uma avaliação singular e fundamentalmente bíblica.
Geralmente, a Igreja Cristã é avaliada, com um certo grau de crítica (e censura), por causa da sua marcante divisão, reflectida nas várias denominações e tendências, algumas delas antagónicas, manifestando diferentes pontos de vista.
É verdade que as divisões que se evidenciam entre aqueles que se dizem seguidores de Cristo, enfraquecem o seu testemunho diante do mundo incrédulo. Qualquer bom observador, dentro e fora da Igreja, concluirá que a Unidade de todos os crentes deve ser desejada e procurada, e que, de certo modo, esta unidade deveria constituir uma das evidências mais eloquentes do seu testemunho. Paulo ensinou que a Unidade entre os crentes devia ser um objectivo a ser alcançado e mantido. Contudo, esta Unidade devia basear-se na fé e produzida pela acção do Espírito Santo (Efésios 4:3, 13). O Senhor Jesus afirmou que a Unidade dos Seus seguidores provaria que Ele tinha sido enviado pelo Pai (João 17: 21).
Porém, como acontece com todos os assuntos de elevado grau de importância espiritual, a doutrina da Unidade da Igreja deve ser analisada em seu devido contexto. A oração do Senhor, em João 17, é um bom ponto de partida.
Em primeiro lugar, é bom enfatizar que a marca da espiritualidade cristã não é a unidade, mas sim o amor superlativo para com Deus, seguido do amor relativo aos irmãos. É o amor que constitui a marca essencial da Igreja do Senhor Jesus (João 13:34) É o amor irmanado dos crentes que revela a natureza da verdadeira espiritualidade cristã (João 13:35). Este amor de carácter divino encontra a sua fonte no próprio Senhor Jesus, que é também o padrão, por Excelência, deste amor sem par (João: 13:1; 15:12; 1 João 4:19).
A evidência de que alguém possui tal amor divino dentro de si é o modo amoroso como procura obedecer à Palavra (isto é, aos mandamentos) do seu Senhor e Mestre (João 14:15, 21, 23, 24; 15:10; 1 João 5:1-3). Quem ama obedece. O agradável prazer em receber e praticar o que o Senhor ordena, revela a presença do amor residente no coração do crente (2 João 5. 6).
Ao orar pela Unidade da Sua Igreja, o Senhor não o fez antes de mencionar que o alvo da Sua oração eram aqueles tinham recebido e guardado a Sua Palavra, aqueles que tinham crido no Seu ensino (João 17: 6). O contexto prova que a Unidade é (e deve ser sempre) o resultado da fé em Cristo, pela aceitação da Sua Palavra (João 17: 21). “Para que” ou “a fim de que” aponta para o efeito, o resultado, e não a causa. A unidade seria o efeito da fé na Sua Palavra.
Concluímos, portanto, que não há (nem pode haver) uma verdadeira Unidade Cristã fora da Palavra de Cristo. E qualquer tentativa de fomentar tal Unidade, sem se importar com a convergência dos crentes nas doutrinas da graça salvadora de Deus, será como construir sobre a areia. A Igreja deve ser, em primeiro lugar, guardada pela Palavra “para que” a verdadeira Unidade exista. E a verdadeira unidade é implantada pelo Espírito Santo, formando o corpo de Cristo (1 Coríntios 12:13). Os crentes são exortados a guardá-la pelo vínculo da paz (Efésios 4: 3), como alvo e resultado da sua fé na Palavra.
Lutemos pela verdadeira Unidade da Igreja do Senhor Jesus, sustentada pela fé no evangelho, cuja “mola” impulsionadora é o amor que obedece, e que encontra o seu exemplo máximo na unidade do Pai com o Seu Filho. Soli Deo Gloria.

Pr. Samuel Quimputo
Boletim de 25 de Novembro 2009

à descoberta do ORIGAMI!


“Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos" (Isaías 64:8).

Origami (ori dobrar + kami papel) é a arte tradicional japonesa de dobrar o papel, criando representações de determinados seres ou objectos com as dobras geométricas de uma peça de papel, sem cortá-la ou colá-la.
O origami usa apenas um pequeno número de dobras diferentes, que no entanto podem ser combinadas de diversas maneiras, para formar desenhos complexos. Geralmente parte-se de um pedaço de papel quadrado, cujas faces podem ser de cores ou estampas diferentes, prosseguindo-se sem cortar o papel.
Neste Workshop” À Descoberta do Origami”, trabalhámos simplesmente com papel, onde um quadrado pode sofrer várias transformações até obter uma forma final. O oleiro também molda o barro, até formar uma peça.
Analogia que faço deste Workshop, é que no nosso quotidiano, através do nosso testemunho, postura, exemplo… podemos também ir moldando vidas que ainda não alcançaram a Salvação.

texto: Marta Santos
25 de Outubro 2009

Imitando a nobreza dos Bereanos

“Ora, estes (de Beréia) eram mais nobres que os de Tessalónica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de facto assim”


Alguém afirmou, uma vez, “a História ensina-nos que não aprendemos nada com a História”, querendo, assim, chamar a nossa atenção para o facto de que, com muita frequência, revelamos “memória curta” no que diz respeito aos erros cometidos no passado, erros esses que deveriam servir de alerta, a fim de avaliar-mos melhor o presente. Aliás, fazendo eco à mesma observação, existe uma publicidade televisiva (sábia, na minha opinião) que diz que “um dos erros do mundo moderno é presumir que as coisas passadas se tornaram obsoletas…” e não voltarão a acontecer. Por outras palavras, o conselho é que devemos aprender com o passado. De certa forma, é o passado que nos explica o presente e nos auxilia a vivê-lo melhor, e a encarar o futuro com segurança e com confiança.
No campo da espiritualidade, esta valiosa lição, de aprender com o passado, ganha maior relevância visto que, em essência, o ser humano, mesmo em diferentes sociedades, continua o mesmo. As suas necessidades básicas, seus anseios, medos e inseguranças, dúvidas e inquietações, assim como as aspirações mais profundas do seu ser, continuam os mesmos. O que muda são apenas as formas, o essencial permanece inalterável.
Nesta abordagem histórica, no campo da espiritualidade, aprendemos a seguinte verdade, sempre que a Igreja, em geral, e os cristãos, em particular, se afastaram da Bíblia, de modo a torná-la não essencial e de valor periférico para a saúde da sua espiritualidade, os resultados sempre foram desastrosas e catastróficas.
A História prova que a centralidade da Bíblia na fé cristã e a sua influência directa na vida dos crentes estão intimamente relacionadas com o crescimento saudável e equilibrado do povo de Deus. A iliteracia bíblica sempre esteve na base da frieza espiritual dos cristãos e da “diluição” do Cristianismo bíblico e autêntico.
Contrastando-os com os judeus de Tessalónica, Lucas destaca a atitude dos bereanos, qualificando-os de “nobres”, isto é, pessoas de elevado carácter e de sentimentos nobres e que evidenciavam “grandeza de alma”. Este é o significado da expressão usada por Lucas.
A razão pela qual estes bereanos foram considerados nobres, ao contrário dos brutais e intemperantes tessalonicenses, deve-se ao facto deles revelarem a nobre atitude de ouvir, com agrado, o que Paulo dizia, reflectirem sobre o conteúdo da sua doutrina e, com sabedoria inigualável, avaliarem o seu ensino, testando e comparando-o com o que as Escrituras seguramente diziam.
Diz o texto bíblico que eles examinaram as Escrituras, ou seja, fizeram uma cuidadosa pesquisa, uma criteriosa averiguação, com o propósito de ver se existia alguma correlação entre o ensino de Paulo acerca do Messias e o que dele se afirmava na Palavra de Deus, atitude essa que revela sabedoria e prudência.
Devemos todos aprender com os bereanos, visto que a sua atitude revela familiaridade com as Escrituras, sem a qual não seriam capazes de avaliar o “novo” ensino de Paulo. Só quem está familiarizado com a Bíblia é que pode tirar bom proveito dela, sustentando toda a base da sua fé, a fim de não se deixar levar “ao redor por todo vento de doutrina…” (Efésios 4: 14). A intimidade com as Escrituras é o pilar seguro que nos pode auxiliar no momento de dúvida e de incerteza. A Palavra de Deus é um instrumento eficaz, providenciado por Deus, para o nosso crescimento espiritual. É por ela que somos santificados (João 17: 17; Efésios 5: 26). A nossa relação com ela irá determinar a saúde da nossa espiritualidade.
Aprendamos, pois, a nobre lição que os bereanos nos oferecem, examinando tudo à luz do sólido ensino da inerrante Palavra de Deus, a fim de adquirirmos discernimento suficiente que nos capacitará para distinguir a verdade do erro, o bem do mal. Que o Senhor, pela Sua graça, nos aproxime da Sua Lei. Soli Deo Gloria.
Pr. Samuel Quimputo
Boletim de Outubro 2009

Um bolo... um carinho... um sorriso


“Mais bem aventurada coisa é dar do que receber”
Nos dias que correm, corremos sem parar. Fazemos mil e uma coisas mas sempre dizemos que nos falta tempo. Quem nunca assistiu àquele momento em que uma criança quase que explode de alegria ao oferecer um presente que ela própria construiu? O prazer que ela tem em dar e o orgulho em dizer “É para ti. Fui eu que fiz!” Pois bem, temos de reviver esse prazer. A satisfação de produzir com as nossas próprias mãos algo feito “à medida” para oferecer trará, como a Palavra de Deus nos ensina, benefícios sem fim. O tempo existe! Tem apenas de ser reorganizado. Fazer e decorar um bolo é apenas uma das muitas coisas deliciosas que podemos fazer para demonstrar o nosso afecto àqueles que amamos e que merecem que lhe dediquemos tempo.
texto: Ana Rute

Uma questão de coração

"Eis que estou ã porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo"

A Fé Cristã não é uma espécie de filosofia fundamentada nas conclusões a que alguns homens chegam sobre a realidade que os circunda e as causas últimas que a determinam. Nem tão pouco se trata de um conjunto de regras éticas e morais que indivíduos de uma determinada sociedade devem cumprir, como forma de provar a sua bondade pessoal ou o seu humanismo.
A Fé Cristã é uma experiência de afectos e de amor com o Deus da graça, que dá vida e salva, ama e perdoa, que integra pecadores arrependidos na Sua família de redimidos, e convida os que a Ele se chegam a um relacionamento de amor.
Qualquer pessoa que se fique pelo patamar do perdão dos pecados e pelo livramento do inferno, mas que não se importe com o convívio regular e constante com o Senhor que salva e perdoa, evidencia lacunas espirituais graves, que revelam mornidão de fé ou, na pior das hipóteses, ausência da verdadeira experiência de regeneração espiritual.
A Fé Cristã é uma questão de coração, de intimidade e de comunhão (Josué 24:23; Salmo 25: 14). Além de ser adorado, louvado e exaltado, Deus quer ser amado. E o nosso amor singular a Deus, sobre todas as coisas e sobre todos, deve constituir o princípio básico e sustentador de toda a verdadeira espiritualidade (Deuteronómio 6: 5; cf. Mateus 10: 37; 22: 37).
A declaração do Senhor Jesus em Apocalipse 3:20 é arrepiante, desconfortante e, de certa forma, intrigante. Não é possível ficar-se indiferente diante de tamanha afirmação. Uma das razões pelas quais esta declaração deixa alguns crentes insensíveis, prende-se com o facto dela ser mal entendida. Com frequência, é usada como uma declaração de carácter “evangelístico”. Contudo, estas palavras foram dirigidas à igreja local de Laodiceia. Portanto, a porta à qual o Senhor bate, a fim de entrar, não é a do incrédulo, mas sim a de uma igreja morna, orgulhosa mas pobre, cega mas convencida, nua mas desavergonhada. Enfim, uma igreja que vive do passado e que não cultiva a intimidade com o Senhor da Igreja.
A vida da igreja de Laodiceia, tal como a vida de muitos crentes, era sem fervor espiritual e conformada com o mundo. Era uma mescla de valores e de ensinos, que já nem refrescavam nem aqueciam; provocavam, sim, náuseas e indisposição. E o pior de tudo, o Senhor, que a tinha resgatado e comprado pelo Seu próprio sangue, já não era um convidado especial. Aparentemente, Cristo já não era o seu tesouro mais importante. Que ingratidão! Que insensatez! Que cegueira!
Apesar de tudo isto, o bondoso Salvador achega-se à porta da igreja (e de cada um dos seus componentes) e bate. Esta é uma atitude intrigante e paradoxal. O Senhor da Igreja, que faz um diagnóstico terrível da Sua Igreja, está à porta e bate. Qual é o objectivo? O que é que Ele pretende? “Entrar e cear!” Ele deseja privar com a Sua amada, falar com ela de coração, partilhar uma íntima refeição. Que amor incomparável! Que coração misericordioso! É assim o amor do nosso Deus. Ele é um Deus que ama e que deseja, acima de tudo, ser amado. “Eis a voz do meu amado, que está batendo:’abre-me, irmã minha, querida minha, pomba minha, imaculada minha…” (Cantares 5: 2). É o coração de Deus, do Esposo. Ele leva ao deserto, e a sós fala ao coração (Jeremias 31: 3, 20; Oséias 2: 14).
Ó amados no Senhor, a Fé Cristã é uma questão de coração, de intimidade. E toda a amizade deve ser nutrida com afectos, com diálogo, com partilha, com companheirismo. Como é que está o nosso amor pelo Senhor? Temos ceado com Ele? Estará Ele dentro ou fora do nosso coração, dos nossos afectos?
Ó amados, que o Senhor nos conceda a graça de avaliarmos a nossa fé, a fim de verificarmos se Ele está do lado de fora ou de dentro do nosso coração (2 Coríntios 13:5). Ele quer entrar e cear connosco. Quer falar ao nosso coração. Ele merece ser o nosso convidado especial. Convidemo-Lo sempre!
Soli Deo Gloria.
Setembro 2009

Cumprindo a Lei de Cristo

Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo

Embora o termo “lei” nos cause algum sentimento de repulsa, por causa do conceito popular de “rigidez” ou de “penalização” a ele associado, a verdade é que a “lei” faz parte de toda a realidade que nos envolve. O mundo dos fenómenos funciona com base em leis físicas. O das relações sociais e humanas também funciona pelo estabelecimento de leis sociais (cíveis, morais e éticas), isto é, leis de “convívio social”, que fazem com que os membros de uma sociedade consigam conviver de um modo equilibrado e funcional.
Da mesma forma, a Bíblia enfatiza o papel e a importância da Lei de Deus na vida dos crentes. Esta Lei não pode ser considerada uma realidade espiritual oposta à graça de Deus. Elas não se excluem mutuamente. A Lei (moral) de Deus é um instrumento ao serviço da própria graça, baseada nas promessas graciosas do bondoso Deus (Gálatas 3:16-18). É a Lei que nos revela a maldade humana e a malignidade do nosso pecado (Romanos 3:20; 5:20; 7:7). Este é o propósito da Lei. Ela evidencia o fosso existente entre a santidade de Deus e a maldade do coração humano, entre o elevado padrão das exigências da Lei e a incapacidade humana em cumpri-la, obedecendo aos seus requisitos (Romanos 7:12-13).
Contudo, ao fazer isto, a Lei serve a graça, assumindo-se como um “tutor”, um agente pedagógico, que nos conduz a Cristo (Gálatas 3: 24). Ela é um bom educador, que nos mostra a nossa real situação e o desespero que provoca em nós, pelo facto de não sermos capazes de cumprir as suas exigências, mas também nos aponta o caminho para a solução, que é Cristo, o cumpridor perfeito da Lei.
Ao cumprir a Lei por nós, Ele provou que só a confiança nele e na Sua obra realizada na Cruz, assim como a Sua vitória sobre a morte, por meio da fé, torna as promessas feitas por Deus, a Abraão, realizáveis.
Na qualidade de cumpridor integral da santa Lei de Deus, Ele estabeleceu a nova Lei que deve ser executada por todos os Seus seguidores. Esta Lei é o imperativo do amor (Romanos 13:8, Romanos 13:10). Como lei que é, o amor é um mandamento, uma ordenança que deve ser obedecida (João 13:34-35; 15:12-17).
Toda a espiritualidade cristã se assenta na prática de uma fé que opera (e é activada) pelo amor (Gálatas 5:6). Ele é o imperativo que activa a fé e a torna “visível” e real.
Como o amor bíblico e cristão não é um conceito abstracto, mas o exercício dos afectos mais profundos de doação daquele que ama, ele actua por meio do serviço prestado ao amado. Este amor que serve é a expressão e o cumprimento da Lei de Cristo (Gálatas 6:2 cf. Mateus 20:28; João 13:12-17).
Que o Senhor do amor nos capacite e use, de modo a sermos verdadeiros cumpridores da Lei de Cristo, amando e servindo-nos uns aos outros.
Soli Deo Gloria.

Agosto 2009

A plena satisfação

O Senhor é o meu pastor; nada me faltará


Um dos contributos mais extraordinários que a razão humana presta ao próprio Homem, é a capacidade de reconhecer as suas limitações. Esta perspectiva, magistralmente elaborada pelo cientista francês Blaise Pascal, expressa uma das verdades mais práticas da experiência humana.
O processo do desenvolvimento científico prova este facto. Todo o avanço é, em si mesmo, uma superação de alguns limites e a aquisição de um pouco mais de luz, no âmbito do conhecimento já adquirido.
Pelo facto de sermos limitados, possuidores de uma natureza decaída e, portanto, debilitada e condicionada em todas as suas faculdades essenciais (mente, emoção e vontade), é comum e “quase” inevitável que algumas afirmações da Bíblia provoquem em nós um certo grau de tensão e de perplexidade. Esta afirmação do salmista é uma delas.
Trata-se de uma afirmação categórica, que não permite quaisquer condicionalismos. O salmista expressa uma convicção inabalável e estabelece uma incontestável certeza de fé. Com ela, David revela a qualidade e a profundidade da relação existente entre ele próprio e o Senhor Jeová, apontando, de imediato, para a consequência inevitável dessa mesma relação.
Contudo, esta afirmação levanta algumas questões e que levam à algumas implicações de carácter prático.
Qual é o significado do “nada” de que o salmista faz referência? Quererá ele dizer que todas as suas necessidades e todos os seus desejos são satisfeitos?
A analogia do próprio salmo e a forma como termina, dão-nos a base teológica do pensamento do salmista. Na sua relação com Deus, David coloca-se no lugar da ovelha mansa, indefesa e vulnerável aos ataques dos predadores.
Portanto, para David, Deus é Aquele que lhe proporciona segurança, conforto e todo o suprimento necessário. De certa forma, todo o bem estar da “ovelha” dependem do tratamento que recebe do seu “pastor”. Ou vejamos. Qual é o maior bem que um ser almeja se não a própria vida? Se Deus é a fonte e o dador da vida (incluindo a vida eterna), não será Ele tudo o que realmente importa?
David afirma que o facto de Deus ser o seu pastor, preservando-lhe a vida, providenciando-lhe sustento, estendendo sobre ele a Sua bondade e misericórdia, fá-lo sentir-se possuidor de tudo. A presença de Deus em sua vida representa tudo o que a alma precisa. Com esta afirmação, David quer dizer que quem se relaciona com Deus possui tudo o que realmente importa. Assim como tudo sem Deus é “nada”, assim também, o “nada” com Deus transforma-se e “tudo”. Afinal, Ele é o Supremo Bem, o Bem sublime que restará quando tudo ficar neste mundo.
Tal como David, creiamos com toda a convicção, e afirmemos sem vacilar, que Deus é tudo para nós; que de facto, sendo nosso Bom Pastor, nada nos faltará.
Que Ele preencha o nosso viver.
Soli Deo gloria.

Pastor Samuel Quimputo
Julho 2009

Corra com os cavalos


Horários dos Cultos

Domingo
10.00h - Escola Biblica Dominical
11.15h - Culto de Louvor e Adoração


Quarta-feira
18.00h - Estudo Bíblico e Oração (estamos a fazer atrv+es da plataforma zoom)

História da igreja em Sete Rios

A história da nossa igreja é recente e começa quando um grupo de irmãos, com o apoio de várias igrejas baptistas da Grande Lisboa, decide fundar mais um lugar de adoração a Deus nesta cidade.
Assim, em 28 de Junho de 1998, dá-se o ínicio oficial da Missão Baptista de Sete-Rios com reuniões regulares num hotel da cidade.
Neste período, a igreja foi apoiada por vários pastores que pregavam com regularidade até ser convocado um concílio examinador pela Igreja Baptista da Amadora, pela Igreja Baptista de Mem-Martins e pela Igreja Baptista da Parede.
Em 14 de Novembro de 1998, realizou-se o concílio examinador que por deliberação unânime reconheceu o grupo de membros como igreja organizada.
Durante um período de quase 3 anos, o pastor Manuel Alexandre Junior deu apoio espiritual como primeiro pastor da igreja, acumulando com o pastorado da Igreja Baptista da Amadora. Sentindo a necessidade de se dedicar com exclusividade à sua igreja na Amadora, o pastor Manuel Alexandre Junior orientou a igreja no sentido de encontrar um novo pastor.
A escolha da igreja recaiu sobre o seminarista Samuel Quimputo que assumiu a liderança espiritual da igreja como obreiro adjunto, em acto público, no dia 14 de Janeiro de 2001.
No dia 23 de Junho de 2001, realiza-se o concílio examinador convocado pela igreja Baptista de Sete-Rios, tendo o irmão Samuel Quimputo sido aprovado e consagrado ao ministério pastoral.
Ao longo destes anos a igreja tem perseverado na doutrina dos Apóstolos e na comunhão e no partir do pão e nas orações, com alegria e singeleza de coração. E o Senhor tem acrescentado à igreja aqueles que se hão-de salvar.
Texto: Paula Loja

A OMNISCIÊNCIA DE DEUS

Antes de mais, a palavra omnisciência significa ‘ter todo (omnis) conhecimento (ou ciência). Este termo só pode ser aplicado apropriadamente a Deus, visto que só um ser infinito e eterno é capaz de conhecer todas as coisas. Ele é o único ser, cujo conhecimento abarca tudo o que é passível de ser conhecido.
O Seu conhecimento é sempre de carácter absoluto. É um conhecimento perfeito, ou seja, um completo conhecimento de tudo o que pode ser conhecido em todo o lugar e em toda a dimensão (Provérbios 15:3). O conhecimento do Senhor é infinito (Salmo 147:5). Tudo o que existe no reino natural é do conhecimento do nosso Deus (Mateus 10:29). Todos os factos estão presentes na “mente” divina. Não há nada na Criação que Deus não conheça num sentido íntimo e pessoal (Salmo 139). Por outras palavras, o conhecimento que o Senhor possui, sobre tudo o que existe, é exacto e detalhado (Lucas 12:7; Actos 15:18).
O alcance do conhecimento de Deus faz com que Ele veja (conheça) o fim desde o princípio. O conhecimento do Senhor Jeová não possui estágios de intensificação epistemológica (progressão no saber ou no conhecimento). Para o Eterno Eu Sou não existe tempo. ‘Tudo é um glorioso, vivo e eterno presente’ (Isaías 46: 9,10).
O conhecimento superior de Deus permite-lhe resolver os mistérios mais complexos e que nos deixam perplexos. Esta realidade aponta para uma diferença de graus no conhecimento de Deus e não para uma diferença no tipo de lógica que Ele usa, visto que Deus é racional, sendo assim, incapaz de contradizer-se.
A diferença básica (essencial) entre o conhecimento superior e absoluto de Deus e a Sua criação racional (anjos e homens) é de graus e não de lógica, visto que o conhecimento que temos d’Ele, fruto da Sua própria revelação, difere do nosso em graus e não no tipo, caso contrário, nenhuma verdade bíblica seria intelectualmente compreendida e aceite como digna da nossa confiança.
A omnisciência de Deus emana da Sua omnipotência. Ele não é omnisciente simplesmente pelo facto de aplicar o seu intelecto superior num estudo profundo do Universo e o que ele contém. Antes pelo contrário, Deus conhece tudo porque Ele criou tudo e a Sua vontade prevalece sobre tudo.
É impossível separar a omnisciência de Deus da sua omnipotência. O Seu controle sobre tudo resulta do conhecimento que possui sobre tudo o que existe e vice-versa. Como acontece com todos os atributos divinos, a omnisciência e a omnipotência são interdependentes, completando-se mutuamente.
O conhecimento de Deus é absoluto no sentido em que Ele é eternamente consciente de todas as coisas. O Seu intelecto é superior de modo a não precisar de um ‘acesso’ às informações ocultas num determinado ‘arquivo’ fora da Sua mente.
A verdade de que Deus conhece tudo (incluindo intenções, motivações, pensamentos e sentimentos), leva-nos à conclusão de que nada é oculto perante Ele; o que, por sua vez, nos conduz à Sua perfeita justiça.
Para que um juiz possa estabelecer um veredicto perfeitamente justo, primeiro tem de conhecer todos os factos. O conhecimento da verdade permitirá que o veredicto seja justo. Ora, sendo Deus conhecedor de toda a verdade, o juízo que estabelece é sempre justo e verdadeiro.
Esta verdade é consoladora quanto à segurança da salvação que há em Cristo. Nenhum erro (ou injustiça) pode ser cometido quanto ao julgamento de Deus.
Por outro lado, o facto de que Deus conhece tudo acerca de nós e de tudo o que nos acontece, leva-nos a concluir que, todas as coisas, no seu conjunto e no seu propósito mais profundo contribuem para o bem daqueles que amam a Deus, e confiam no Seu divino poder (Romanos 8: 28).
Ele cuida de nós! Podemos descansar em Suas promessas e em Seu amor, visto que Ele sabe tudo sobre nós; o que sabemos e o que não sabemos acerca de nós próprios está patente diante d’Ele. Que o Seu nome seja santificado!

Textos de apoio: Salmo 147:5; Ezequiel 11:5; Actos 15: 18; Romanos 11: 33-36; Hebreus 4.13

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul e Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).

A AUTO-EXISTÊNCIA DE DEUS

Ao estudarmos os atributos de Deus, iremos dividi-los em duas categorias: os pessoais (ou da personalidade absoluta de Deus) e os morais (que expressam o Seu carácter).
Começaremos os nossos estudos com os Seus atributos pessoais, destacando, em primeiro lugar, a Sua auto-existência.
A afirmação bíblica de que Deus é o Criador do Universo, leva à conclusão de que Ele mesmo não é criado. Existe uma distinção crucial e essencial entre o Criador e a criação.
A criação leva consigo o selo do Criador e dá testemunho da Sua glória. Contudo, ela não é suprema nem auto-existente e por isso não deve ser adorada.
Existe uma impossibilidade de algo ser autocriativa. O conceito da autocriação é, em si mesmo, uma contradição. Nada nem ninguém pode ser autocriado. Podemos afirmar, com toda a reverência, que nem mesmo Deus é autocriado, visto que para que Deus pudesse criar-se a Si mesmo teria que existir antes de Si mesmo. Esta realidade é uma pura contraditória semântica.
Sabemos que todo o efeito deve ter uma causa. Esta afirmação é verdadeira por definição. Deus, porém, não é um efeito. Ele não tem início e, portanto, não tem uma causa que lhe seja antecedente. Deus é eterno e preexistente (Salmo 90:1,2); Ele é o eterno “Eu Sou”. Ele possui dentro de Si o poder de ser.
A existência de Deus não necessita de assistência externa para a sua continuação. Ele é, simplesmente, auto-existente. A Sua existência é absolutamente independente.
O conceito da auto-existência de Deus é um dos mais impressionantes e sublimes que podem ser formulados acerca a Sua pessoa. Nada pode ser comparado relativamente à essência divina (Êxodo 3: 14).
Reconhecemos que a auto-existência de Deus é um conceito que ultrapassa a nossa capacidade de entendimento, visto que, tudo o que nos cerca, e que pode ser compreendido por nós, é resultado da criação. A impossibilidade (por definição) de uma criatura ser auto-existente, não significa uma impossibilidade da auto-existência do Criador.
A auto-existência (única) de Deus é o fundamento que estabelece a diferença essencial entre o Criador e a criação. É isso faz dEle o Ser supremo que é e a fonte (ou origem) de todos os outros seres, que vieram à existência por Sua soberana vontade (Isaías 44:6, 24; 45:9,12; João 1: 1-5).
Embora seja difícil entender o conceito da auto-existência de Deus, ele “não viola nenhuma lei da razão, da lógica ou da ciência”. É uma noção racionalmente válida.
A auto-existência é racional; a autocriação é irracional. A noção de alguma coisa ser auto-existente não é só racionalmente possível, como também é racionalmente necessária. A menos que algo exista em si mesmo, não seria possível existir absolutamente nada.
Concluímos, pois, que o que existe, existe porque Deus existe! Ele é a razão da existência de tudo. E tudo subsiste pelo Seu poder de auto-existência e pela Sua capacidade de criar (Jó 38: 3,4; Romanos 11: 36).
A nossa própria existência deve-se ao poder do Ser de Deus (Actos 17: 28).
A doutrina da Auto-existência deve encher os nossos corações de gratidão e de confiança. O nosso Deus é um refúgio seguro. Que o Seu nome seja louvado para todo o sempre. Amém!

Textos de apoio: Salmo 90:2; João 1: 1 – 5; Actos 17:22-31; Colossenses 1: 15-20; Apocalipse 1:8

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R. C. Sproul; Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones; Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).

A OMNIPOTÊNCIA DE DEUS

No estudo anterior abordámos a doutrina da auto-existência de Deus. Esta doutrina deve conduzir-nos, logicamente, ao estudo do poder desse mesmo Deus que existe por Si, independentemente da Sua criação.
Para entendermos as implicações da doutrina da omnipotência de Deus, faz-se necessário reflectirmos sobre duas questões de interesse puramente racional.
Deus pode criar uma pedra tão grande que não seja capaz de movê-la?
O que é que acontece quando uma força irresistível se choca contra um objecto inamovível?
Quando analisamos estas duas questões, sobretudo a segunda, temos a sensação de que a nossa mente não consegue oferecer, de imediato, uma resposta plausível e satisfatória; isto porque os elementos que compõem a questão parecem contraditórios.
Podemos conceber uma força irresistível. Podemos, igualmente, conceber um objecto inamovível. O que não podemos conceber é a coexistência dos dois simultaneamente.
Contudo, o dilema que nos é colocado é falso. É falso porque é construído sobre uma premissa falsa, embora pareça verdadeira.
Muitas vezes, supõe-se que “omnipotência” significa que Deus pode fazer qualquer coisa. Contudo, como termo teológico, omnipotência não significa que Deus pode fazer qualquer coisa.
A Bíblia indica várias coisas que Deus não pode fazer: mentir (Hebreus 6:18); morrer (I Timóteo 1:17; 6:16), tentar (Tiago 1:13), etc. Deus não pode ser eterno e criado, ao mesmo tempo; não pode agir contra a Sua própria natureza; não pode ser Deus e não sê-lo ao mesmo tempo e na mesma relação.
O que a Omnipotência realmente significa é que Deus mantém o poder absoluto sobre a Sua criação. Nenhuma parte da criação está fora do alcance e da abrangência do Seu controle soberano

A OMNIPRESENÇA DE DEUS

No nosso último estudo abordámos a questão da Omnipotência de Deus. Vimos que esta doutrina nos ensina que Deus, na Sua soberania, pode fazer tudo o que é coerente com o Seu carácter, implementando deste modo o Seu divino plano para toda a criação.
No presente estudo iremos analisar o ensino bíblico acerca da Omnipresença de Deus.
Há pessoas que afirmam que podem deixar os seus corpos e fazer uma longa viagem à milhares de quilómetros, sem precisarem de um meio de transporte convencional. Essas ilusórias viagens denominam-se “projecção astral”. O facto é que, mesmo que a alma ou o espírito de uma pessoa pudesse ‘projectar-se’ dessa maneira e ‘viajar’ pelo planeta, tais viagens só poderiam incluir um lugar de cada vez.
O nosso espírito humano continua a ser finito e nunca será capaz de estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Somente um Espírito infinito possui o poder da omnipresença.
Quando falamos da Omnipresença de Deus, geralmente, queremos dizer que a Sua presença está em todos os lugares, isto é, que todas as coisas estão presentes diante dele. Quer dizer que não há lugar no universo que esteja fora do alcance de Deus.
Não existe um lugar onde Deus não esteja. Mesmo assim, sendo espírito, Deus não ocupa um lugar, no sentido físico em que os objectos ocupam lugar no espaço. Ele não possui propriedades físicas que ocupem um lugar no espaço.
Esta perspectiva leva-nos ao ponto central desta profunda e insondável doutrina. E a chave para a compreensão da Omnipresença de Deus é pensarmos em termos de outra dimensão ou de outra realidade.
A barreira que nos separa de Deus não é temporal nem espacial. Para se encontrar com Deus, não existe um ‘aonde’ ou um ‘quando’ em que isso pode acontecer. Isto significa que, estar na presença imediata de Deus é entrar numa outra dimensão, numa outra realidade (espiritual).
Há um outro aspecto da omnipresença de Deus que precisa ser enfatizado, visto que é frequentemente ignorado ou negligenciado. A ideia (latina) de omnis relaciona-se não somente com os lugares onde Deus se encontra, mas também com o quanto d’Ele está presente num determinado lugar.
Deus não só está presente em todos os lugares, como também está totalmente presente em cada um deles. Este aspecto da presença plena de Deus é chamado de Imensidão divina.
Para exemplificar, podemos dizer que, os crentes que vivem em Lisboa experimentam a plenitude da presença de Deus da mesma que os que vivem em Faro, em Bragança ou em Luanda, experimentam a mesma presença.
A Imensidão de Deus não se refere ao Seu “tamanho”, mas à Sua capacidade de estar totalmente presente em todos os lugares.
A doutrina da Omnipresença de Deus enche-nos de perplexidade. Ela faz parte dos paradoxos que a nossa razão não consegue compreender nem explicar, de um modo completo. Além da reverência que gera (e deve gerar) em nós, ela deve também nos servir de conforto, visto que podemos sempre ter a certeza da atenção e cuidado integral do Senhor pelas nossas vidas. Não é preciso esperar numa fila ou marcar uma audiência para estarmos na presença santificadora de Deus. Quando estamos na Sua presença toda a atenção nos é dada, assim como é dada, ao mesmo tempo a outros, em toda a parte.
Embora seja confortante para o crente, esta doutrina não o é em relação aos não crentes. Não é possível esconder-se de Deus; não existe nem um único cantinho, no vasto Universo, onde Deus não esteja. A Sua influência faz-se presente em todos os lugares.
O alcance da presença de Deus faz com que, mesmo o ímpio que sofre nas chamas do inferno, não esteja separado dele, ou seja, ‘fora do alcance’ da influência divina. No inferno a pessoa está, simplesmente, separado da Sua benevolência.
Entre outros, há um texto poético (mas didáctico) que magnifica e exalta a omnipresença de Deus de um forma magistral. Este texto é o Salmo 139: 7-10.
Que a verdade de que Deus está, pela Sua influência, em todos os lugar nos encha de conforto e de reverência, no que diz respeito ao nosso modo de viver e de agir.
Que a graça do Deus Omnipotente e Omnipresente seja com todos os que vivem debaixo do Seu governo, isto é, do Seu reino.

Textos de apoio: Jó 11: 7-9; Jeremias 23: 23,24; Actos 17: 22-31

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul e Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).

Motivos em Relevo



Foi com grande prazer que aprendemos as técnicas em relevo com Aida Pereira Nunes.

VIII – O Dia do Senhor

O Domingo, Dia do Senhor e o primeiro da semana, é o dia em que o crente comemora a ressurreição de Cristo, descansando das suas actividades seculares. Deve ser consagrado ao exercício do culto, do testemunho e de outras formas de serviço espiritual, tanto público como privado.


(Mat 28:1; Marcos 16:2; Luc 24:1; João 20:1, 19; Act 20:7; I Cor 16:2; Apoc 1:10)

VI - A igreja

Uma Igreja de Cristo é, segundo o Novo Testamento, um corpo local de crentes baptizados, identificados uns com os outros pela confissão da mesma fé e unidos por um mesmo pacto na comunhão do Evangelho. É uma congregação de crentes baptizados regida pelas leis de Cristo, que observa as suas ordenanças, pratica os seus ensinos e  exerce os dons, direitos e privilégios de que foi investida pela Palavra divina, com o fim de espalhar o Evangelho até aos confins da Terra. É uma comunidade autónoma de governo democrático sob a soberania de Jesus Cristo. Os seus oficiais são, de acordo com o Novo Testamento, os pastores e diáconos. Todos os seus membros têm iguais direitos, privilégios e responsabilidades.
A igreja num sentido geral é, segundo o Novo Testamento, o corpo de Cristo, incluindo todos os remidos de todos os tempos.

(Actos 2:41-42; 13:23; 15:22; I Cor 14:12; II Cor 8:5; Fil 1:1; I Tim 3:1)

IV – A Salvação

A salvação envolve a redenção do homem total. É oferecida espontânea e gratuitamente a todos os que aceitam Jesus Cristo como Senhor e Salvador pessoal, o qual por decreto do Pai tomou voluntariamente a forma humana, fazendo por sua morte a expiação completa dos nossos pecados. Num sentido mais amplo, a salvação inclui regeneração, santificação e glorificação.
Regeneração, ou novo nascimento, é a operação da graça de Deus pela qual os crentes se tornam criaturas em Cristo. É uma mudança de coração produzida pelo Espírito Santo através da convicção do pecado, à qual o pecador responde em arrependimento para com Deus e fé no Senhor Jesus. O arrependimento e a fé são experiências inseparáveis da graça divina, que dão à vida uma nova direcção. A justificação introduz-nos a um estado de paz e de favor que nos asseguram todas as bênçãos necessárias, nesta vida e no além. A justiça perfeita de Cristo é-nos imputada gratuitamente por Deus.
Santificação é um processo espiritual que começa na regeneração e visa a perfeição do crente, através da presença e do poder do Espírito Santo que nele habita.
Glorificação é a plenitude da salvação e o bendito estado final dos remidos.


(Ef 2:5; I Jo 4:10; I Cor 3:5-7; João 3:16; Isa 53:4-5; Hebreus 7:25; Col 2:9; Ef 3:8; Rom 5:1-22, 9; 3:24-26; Apoc 7:13-14; Ezeq 36:26; I Pedro 1:22; I João 5:1, 4, 18; Ef 2:8; Rom 10:9-11; Heb 4:14; I Tess 4:3; 5:23; Ef 1:4; 11-12; 6:18; Fil 2:12-13; I Pedro 2:2)

III – O Homem

O homem foi criado por Deus à sua imagem, como coroa da sua criação. Era no princípio inocente e sem pecado, sendo dotado de liberdade de escolha. No uso da sua liberdade o homem pecou contra Deus e por transgressão voluntária caiu do seu primitivo estado de santidade, trazendo o pecado sobre toda a raça. A sua posteridade herdou consequentemente uma natureza pecaminosa, de sorte que todos se tornaram transgressores, estando debaixo de condenação. Só a graça de Deus pode restaurar o homem à sua santa comunhão e habilitá-lo a cumprir o propósito do seu Criador. A dignidade da pessoa humana é revelada no facto de Deus haver criado o homem à sua própria imagem e no facto deste ser objecto do seu infinito amor, a ponto de Cristo morrer para o salvar, apesar de pecador perdido e sem esperança.


(Gen 1:27, 31; 2; 16; Ecl 7:29; Actos 17:26; Rom 5:21; 15-19; João 3:6; Sal 51:5; Ef 2:3; Ezeq 18:19-20; Gal 3:22)

II – Deus

Há somente um Deus vivo e verdadeiro; Ser pessoal, infinito, inteligente e espiritual: o Criador, Redentor, Sustentador e Legislador do universo, digno do mais puro amor, reverência, adoração e obediência. O eterno Deus revela-se a nós como Pai, Filho e Espírito Santo, com atributos pessoais distintos, mas sem divisão da natureza, ser ou essência.

  1. Deus o Pai 
Deus como Pai, reina com cuidado providencial sobre o seu universo, as suas criaturas e o curso da história humana, segundo os propósitos da sua graça. Ele é todo-poderoso, perfeito em amor e em sabedoria. É verdadeiramente Pai para todos os que aceitam Jesus Cristo, seu Filho, como Salvador pessoal.

  1. Deus o Filho 
Jesus Cristo é o eterno Filho de Deus. Na sua encarnação, Ele foi concebido do Espírito Santo e nascido da virgem Maria. Revelou e consumou de forma perfeita a vontade de Deus, tomando sobre si mesmo as exigências e as necessidades da natureza humana e identificando-se completamente com a humanidade que veio remir, embora sem pecado. Honrou a lei divina pela sua obediência pessoal e na sua morte sobre a cruz providenciou para o homem a expiação dos seus pecados. Ressuscitou com um corpo glorificado e apareceu aos seus discípulos de forma visível, audível e palpável. Ascendeu ao Céu e é agora exaltado à mão direita de Deus, como o único mediador, participante da natureza de Deus e do homem, em cuja pessoa se efectua a reconciliação com o Pai. Virá segunda vez em poder e glória para julgar o mundo e consumar a sua missão redentora. Jesus Cristo habita agora em todos os crentes, na qualidade de Senhor vivo e eternamente presente.

  1. Deus o Espírito Santo
O Espírito Santo é o Espírito de Deus. Foi Ele quem inspirou os homens santos de outrora a escrever as Escrituras. Habilita hoje o homem a compreender a verdade através da sua iluminação. Exalta Cristo como Senhor. Convence do pecado da justiça e do juízo. Convida os homens ao Salvador e efectua a regeneração. Cultiva o carácter cristão, conforta os crentes, habita neles e lhes confere dons espirituais através dos quais servem a Deus na sua igreja. Ilumina os crentes e os reveste de poder para a adoração e o serviço da evangelização.


(João 4:24; 15:26; Sal 83:18; Heb 3:4; Rom 1:20; Jer 10:10; Ex 15:11; Isa 6:3; I Ped 1:15-16; Apoc 4:11; Mar 12:30; Mat 10:37; 28:19-20)

I – As Escrituras Sagradas

A Bíblia Sagrada, nossa única e toda suficiente regra  de fé e prática, foi escrita por homens divinamente inspirados e é o registo da revelação pessoal de Deus. É um tesouro perfeito de instrução divina. Tem Deus como autor, a salvação do homem como fim e a verdade, sem mescla de erro, como conteúdo. Revela o plano de Deus para a nossa salvação e os princípios pelos quais Deus nos há-de julgar. É a autoridade absoluta e o padrão supremo pelo qual toda a conduta humana, as opiniões religiosas e os próprios credos devem ser testados. É também, como revelação de Jesus Cristo, o centro da verdadeira unidade cristã.


(IITim 3:16-17; IIPedro 1:21; II Sam 23:2; Actos 1:16; Prov 30:5-6; João 17:17; Rom 3:4; Apoc 22:18-19; I Cor 4:3-4; Luc 10:10, 16; 12:47-48)

VII - O baptismo e a ceia do Senhor

O baptismo cristão é a imersão do crente em água, no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É um acto de obediência que simboliza a sua fé no Salvador crucificado, sepultado e ressuscitado. Representa ainda que o convertido morreu para o pecado, tendo-se verificado o sepultamento da sua velha natureza e a sua ressurreição para uma nova vida em Cristo. Este acto simbólico de testemunho deve preceder a entrada do crente na comunhão da igreja, pois, como ordenança do Senhor, o constitui participante de todos os privilégios de membro e lhe dá acesso à ceia do Senhor.
A ceia do Senhor é igualmente um acto de obediência pelo qual os membros da Igreja participam do pão e do vinho, comemorando juntos a morte de Jesus Cristo e apontando para a sua segunda vinda. Esta ordenança da igreja local representa também a nossa comunhão espiritual com Ele, a nossa participação na sua morte e o testemunho vivo da nossa esperança.

(Actos 2:41-42; 8:36-39; Mat 3:5-6; 28:19; Gal 3:27:28; Rom 6:4; Col 2:12; Lucas 22:19-20; Marcos 14:20-26; Mat 26:27-30; I Cor 11:27-30; João 6:35)

XI - Evangelização e Missões


É dever e privilégio de todas as igrejas e de cada crente em particular, esforçarem-se por fazer discípulos em todas as nações. O novo nascimento do espírito do homem pelo Espírito de Deus, faz nascer nele também o amor pelos outros. O esforço missionário é repetida e expressamente ordenado nos ensinos de Jesus, assentando numa necessidade espiritual da vida regenerada. É, pois, dever de todo o filho de Deus procurar ganhar almas para o Salvador, através do testemunho pessoal e do uso de todos os meios consentâneos com o Evangelho de Cristo.

V - O Propósito da Graça Divina

A eleição é o propósito da graça de Deus segundo o qual Ele regenera, santifica e glorifica o pecador arrependido e crente. É perfeitamente coerente com a livre escolha do homem, sendo a manifestação por excelência da soberana bondade de Deus, infinitamente livre, sábia, santa e imutável. Todos os verdadeiros crentes estão seguros nas mãos de Deus. Aqueles que Deus aceitou em Cristo e santificou pelo seu Espírito, jamais cairão do seu estado de graça, sendo conservados até ao fim.


(IITim 1:8-9; II Tess 2:13-14; I Cor 1:26-31; 4:7; Rom 3:27; 8:28,30; I Tess 1:4; II Pedro 1:10-11; Fil 3:12; Heb 6:11; Rom 8:28; Mat 6:30-33; Fil 1:6, 2:12)

IX - O reino de Deus

O reino de Deus inclui a sua soberania geral sobre o universo e sobre todos os homens que espontânea e voluntariamente O reconhecem como Rei e Senhor. Todos os crentes devem orar e esforçar-se para que o reino de Deus venha em plenitude e a sua vontade seja feita sobre a Terra. A consumação plena do seureino aguarda a segunda vinda de Jesus Cristo e o fim da era presente.


(Mat 3:2; 5:3-6; 6:9-10, 6:33; 18:1-3; 28:19; Mar 1:14-15; Apoc 5:1; Rom 14:17)

XII - Mordomia

Deus é a fonte de todas as bênçãos temporais e espirituais. A Ele devemos tudo o que somos e tudo o que possuímos: Temos, por conseguinte, uma dívida espiritual para com o mundo, pois somos feitos depositários do Evangelho e dispenseiros da graça de Deus. É nossa obrigação servi-lo com o nosso tempo. Os nossos talentos, o nosso amor e os nossos bens materiais, devendo reconhecer que todos estes dons nos foram confiados com o fim de os usarmos para a glória de Deus e ao serviço do nosso próximo. Ensinam as Escrituras que o crente deve contribuir para a Igreja, alegremente e com regularidade, tomando como base o dízimo dos seus rendimentos e cultivando a liberalidade na prática de uma mordomia integral, com o alvo de promover o avanço da causa do Redentor sobre a Terra.

X - Os últimos acontecimentos

Deus, no devido tempo e a seu modo, conduzirá todas as coisas neste mundo ao seu adequado termo. Jesus Cristo voltará pessoal e visivelmente em glória, de acordo com a sua promessa. Os mortos ressuscitarão e Cristo julgará todos os homens com rectidão. Aqueles que persistirem na incredulidade e na impenitência receberão no inferno a sua eterna punição. Os salvos fruirão a bem aventurança eterna  em seu corpo ressuscitado e glorificado, e habitarão eternamente no Céu com o Senhor.

XV - Paz e guerra

É dever de todo o cristão promover a paz entre todos os homens dentro dos princípios da justiça. Em harmonia com o espírito e os ensinos de Cristo, o crente deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance, para evitar ou pôr fim à guerra, ciente de que a verdadeira solução para os conflitos entre os homens se encontra no Evangelho. A necessidade suprema do mundo é a aceitação dos ensinos de Cristo em todos os sectores da vida dos homens e das nações e a aplicação prática da sua lei de amor.


XIII - Cooperação

Reconhecendo que a cooperação é um princípio claramente expresso nas Escrituras, o povo de Cristo deve assegurá-la da melhor maneira possível, tendo em vista a concretização dos grandes objectivos do Reino de Deus. As organizações de cooperação, embora não tenham autoridade sobre as igrejas nelas associadas, são formadas para despertar, unir e coordenar as actividades que em conjunto, voluntariamente, se propões empreender. As igrejas devem cooperar umas com as outras no avanço da obra missionária, educacional e beneficente. Unidade cristã, no sentido do Novo Testamento, é harmonia espiritual e cooperação voluntária para os mesmos fins comuns.

XIV - O crente e a ordem social

Todo o crente aceita, por imperativo de consciência cristã, a supremacia de Cristo na sua vida e na sociedade humana. Os princípios e métodos usados para a promoção da sociedade e o estabelecimento da justiça entre os homens só podem ser verdadeira e permanentemente proveitosos, quando fundados na regeneração pela graça salvífica de Deus em Jesus Cristo. O crente deve esforçar-se por promover por todos os meios ao seu alcance os princípios da justiça social, a verdade e o amor fraternal. Deve para isso estar pronto a cooperar com todos os homens de boa vontade em todas as causas justas, cuidando sempre de agir no espírito de amor, sem comprometer a ética cristã, procurando ser inteiramente leal a Cristo e à sua Palavra.

(Lev 19:18; Miq 6:8; Isa 1:16-18; Mat 19:19; 22:39; Mar 12:31; Rom 12:13-21; 13:8-12; Gál 5:14; Tiago 2:8; Sal 11:7; 33:5 45:7; Mat 5:6, 10; 5:39-48; João 13:25)

XVI - Liberdade Religiosa

Deus é o único Senhor da consciência. Sendo o governo civil uma instituição estabelecida para promover os interesses e o bem estar da sociedade humana, é nosso dever orar pelas autoridades constituídas e prestar-lhes obediência em todas as coisas que não sejam contrárias à vontade revelada de Deus. Deve haver inteira separação entre a igreja e o estado, devendo este assegurar a cada igreja protecção e inteira liberdade para o exercício da sua missão espiritual. Nenhum grupo eclesial ou denominação deve ser favorecido pelo estado, nem a igreja deve depender do poder civil para realizar a sua obra. Uma igreja livre num estado livre, é o ideal cristão, e isso implica a garantia do livro acesso a Deus por parte de todos os homens e o direito a terem e difundirem as suas crenças religiosas, sem qualquer interferência por parte do poder civil.

A TRIUNIDADE DE DEUS

Falar de Deus é falar de alguém incomparavelmente transcendente. Esta consciência deve levar-nos, antes de mais, à uma atitude de humildade e de extrema reverência. Dito isto, convém prepararmos as nossas mentes com as palavras do apóstolo Paulo, no momento em que termina a exposição da magnífica doutrina da salvação (concretamente a da justificação), ao exclamar “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus!” (Romanos 11: 33).
Nesta série de estudos sobre a pessoa de Deus, iremos começar com a doutrina da Triunidade de Deus.
É unânime o reconhecimento da complexidade e da dificuldade que envolvem a doutrina da santíssima Trindade. Esta é uma doutrina que revela, de um modo bem claro, a nossa limitação racional na tentativa de captar toda a realidade compreensível. Se isto acontece em relação ao mundo dos fenómenos, criado por Deus, muito mais difícil se torna a tarefa de tentarmos compreender a complexidade da própria pessoa do Criador.
Contudo, a nossa tarefa é a de procurarmos entender, dentro do possível, o que o próprio Deus revelou na Sua santa Palavra, tendo em vista o propósito da nossa fé e do nosso estudo: o conhecimento de Deus (João 17: 3). Este conhecimento, por sua vez, deve levar-nos ao sublime propósito da nossa existência: a glória de Deus (Isaías 43:7; 60:21).
O termo Trindade, embora não se encontre nas páginas das Sagradas Escrituras, ele descreve (ou procura descrever) a revelação, não de três deuses, mas de um único Deus que é três pessoas. Não se trata, portanto, de triteísmo, ou seja, da existência de três deuses, mas de um único Deus existente em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo (Deuteronómio 6: 4; Mateus 3:16, 17; 28:19; 2 Coríntios 13:13; 1 Pedro 1:2).
Trindade é a palavra usada na tentativa de definir em termos simples a plenitude da Deidade, em termos da Sua unidade assim como da Sua diversidade.
Em termos históricos, a doutrina da Trindade é a verdade de que Deus é essencialmente Um, mas que ‘existe em Três pessoas’. Assim, podemos dizer que Deus é uma unidade.
Esta doutrina é misteriosa e paradoxal, mas que de maneira nenhuma é contraditória.
A Unidade da Deidade é afirmada em termos da essência (o ser), enquanto que a diversidade é expressa em termos de pessoas. O conceito da Trindade encontra-se implícito na Bíblia, desde o princípio até ao fim de toda a revelação escrita.
Apesar de tudo, a Bíblia afirma veementemente a unidade (unicidade) de Deus (Deuteronómio 6:4). Por outro lado, Ela afirma, com toda a clareza, a plena divindade das três pessoas dentro da Deidade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esta verdade é contrária ao ensino do Modalismo e do Triteísmo.
O Modalismo nega a distinção das pessoas dentro da Deidade, alegando que Pai, Filho e Espírito Santo são apenas três modos pelos quais Deus se revela.
O Triteísmo declara falsamente que existem três deuses diferentes.
A dificuldade, muitas vezes, encontra-se no termo pessoa que, como se sabe, não significa uma distinção em essência mas uma diferente subsistência dentro da Divindade. A subsistência na Deidade é uma diferença real, mas não essencial, no sentido de uma diferença no ser. Cada pessoa subsiste ou existe ‘sob’ a pura essência divina. A subsistência é uma diferença dentro do escopo do ser. Não se trata de um ser ou de uma essência separada; quer dizer que todas as pessoas da Deidade possuem todos os atributos divinos.
Existe também uma distinção no que diz respeito à obra realizada por cada membro da santíssima Trindade. Num sentido, a obra da salvação é comum a todas as três Pessoas da Trindade. Mesmo assim, quanto às actividades, existem diferenças na realização das operações assumidas pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
O Pai inicia a criação e a redenção; o Filho redime a criação; o Espírito Santo regenera e santifica, aplicando a redenção aos crentes (João 3: 16; Romanos 5: 5).
A Trindade não tem como finalidade referir-se a partes de Deus ou mesmo aos papéis assumidos por cada uma das três pessoas. Ela simplesmente revele a verdade e a complexidade do ser e da existência de Deus.
Várias analogias, tais como a do homem que é pai, filho e marido, não conseguem captar a profundidade da doutrina da Trindade, com todo o seu mistério. Ela explica o mistério da pessoa e do carácter de Deus, estabelecendo, deste modo, o limite do qual não nos é possível transpor. Ela revela a finitude da nossa capacidade de reflexão.
Devemos chegar diante desta grande verdade com corações gratos pela revelação em si, e reconhecer com humildade a nossa incapacidade em compreendê-la racionalmente.
Devemos aceitá-la com Fé, visto ser uma verdade real e revelada nas Sagradas Escrituras.

Textos de apoio: (Deut. 6:4; Mat. 3:16,17; Mat. 28:19; 2 Cor. 13:13, 14; 1 Ped.1:2)


(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R. C. Sproul; Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones; Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).
Pastor Samuel Quimputo