A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA

(Actos 8: 30 – 36; 15:15; Efésios 4:11-16; 2 Pedro 1:16-21; 3:14-18)

Qualquer documento escrito, para ser compreendido, precisa ser interpretado e exige um certo grau de capacidade interpretativa. Em diversas áreas do domínio público, encontramos pessoas capacitadas, que executam a tarefa de ler, estudar e interpretar. Elas interpretam leis, regras, códigos, etc. com grande cuidado e diligência. Por exemplo, as leis são interpretadas com base na Constituição. Os especialistas na interpretação da Constituição formam o Supremo Tribunal, um corpo de peritos em questões de fórum legal.
A bíblia, por sua vez, é o seu próprio “Supremo Tribunal”, isto é, de acordo com a principal regra de interpretação bíblica, “a Bíblia é a Sua própria intérprete”. Significa que a Bíblia deve ser interpretada pela própria Bíblia. Sendo um livro divinamente inspirado, a Bíblia apresenta uma coerência interna singular. Ela não se contradiz. O que é obscuro nalguma porção das Escrituras pode ser esclarecido noutra.
Interpretar a Bíblia pela Bíblia significa que não devemos colocar uma passagem contra a outra. Cada texto deve ser entendido não somente à luz do seu contexto imediato, mas também à luz do contexto geral da Bíblia.

1. Métodos de Interpretação bíblica
Entendido adequadamente, o único método legítimo e válido de interpretação da Bíblia é o da interpretação literal. Existe, contudo, muita confusão a respeito dessa ideia de interpretação.
Estritamente falando, a interpretação literal significa que devemos interpretar a Bíblia como está escrita, isto é, tendo em conta a sua dimensão histórica e gramatical. Por exemplo, um substantivo deve ser interpretado como um substantivo; um verbo como um verbo, etc. O que significa que todas as formas usadas na redacção da Bíblia devem ser interpretadas de acordo com as regras normais que regem tais formas. Por exemplo, a poesia deve ser tratada como poesia, relatos históricos devem ser tratados como História, parábolas como parábolas, hipérboles como hipérboles, etc.
Neste aspecto, a Bíblia deve ser interpretada de acordo como as regras que governam (e orientam) a interpretação de qualquer outro livro. É claro que a Bíblia difere do restante dos livros alguma vez escritos. Contudo, em termos de interpretação, ela deve ser tratada como qualquer outro livro.

2. A Bíblia e o Intérprete
A Bíblia não deve ser interpretada de acordo com os nossos próprios desejos e preconceitos. Devemos, sempre, procurar entender o que ela de facto diz e não impor o nosso ponto de vista sobre ela. Forçar as Escrituras a dizer o que queremos que elas digam é um erro crasso na interpretação e na compreensão da mensagem bíblica. Essa postura (muitas vezes deliberada) faz com que muitos procurem uma base bíblica, fora do seu contexto, para introduzir doutrinas falsas que não possuem base no texto (ex. o uso que Satanás faz das Escrituras, em Mateus 4: 1 – 11).
O intérprete sábio e honesto deve submeter-se à mensagem e ao sentido que o autor, realmente, quis transmitir. Deve entender o significado que a mensagem teve na mente dos seus primeiros ouvintes, dentro do seu contexto primário.

3. A Necessidade da Interpretação da Bíblia
Embora a mensagem bíblica seja simples e clara o suficiente ao ponto de ser compreendida por uma criança ou por um adulto inculto, o ‘alimento sólido’ que ela contém e fornece requer estudo e atenção cuidadosos, de modo a ser adequadamente entendida. É preciso dedicação para que os benefícios por ela proporcionados sejam usufruídos.
Algumas questões tratadas na Bíblia são tão complexas e profundas que mantêm os maiores eruditos constantemente envolvidos no esforço de resolvê-las.
Existem alguns princípios de interpretação que são básicos para todo o estudo saudável de Bíblia. São eles:
1º As narrativas devem ser interpretadas à luz das passagens doutrinárias;
2º O que está implícito sempre deve ser interpretado à luz do que está explícito e nunca o contrário; o que está explícito deve esclarecer o que está implícito, trazendo maior compreensão para o intérprete.
3º As leis da lógica governam a interpretação da Bíblia.
Ao serem postos em prática, estes princípios acabarão por conduzir o intérprete da Bíblia à uma melhor compreensão do texto sagrado.


(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R. C. Sproul; Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones; Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).
Pastor Samuel Quimputo

O CÂNON DAS ESCRITURAS

Lucas 24: 44,45; I Cor. 15: 3-8; 2 Timóteo 3: 16,17; 2 Pedro 1:19-21; 2 Pedro 3: 14-16

Quando pensamos na Bíblia, pensamos um Livro volumoso e único. Na realidade, a Bíblia (Biblia, plural de Biblos) é uma pequena biblioteca composta de 66 livros individuais. Juntos, tais livros formam o que denominamos Cânon da Escritura Sagrada.
O termo Cânon deriva-se de uma palavra grega que significa ‘vara de medir’, ou ‘norma’. Em termos históricos, a Bíblia tem sido a regra autoritária de fé e prática.
Existe um acordo (quase) unânime entre católicos e protestantes quanto aos livros que compõem o Novo Testamento. As divergências surgem em relação aos livros do Antigo Testamento.
Os livros em causa chamam-se apócrifos (apókryphos – oculto, não autêntico, que contém erros, não canónico) ou deuterocanónicos. Os católicos consideram-nos canónicos, enquanto que os protestantes negam a sua canonicidade, visto que estes livros foram escritos depois do encerramento do Antigo Testamento e antes do começo do Novo. Existem fortes evidências de que os escritos apócrifos não eram incluídos no cânon palestiniano dos judeus. É provável que tenham sido os judeus que viviam no Egipto que os introduziram no cânon alexandrino (traduzindo-os, posteriormente, para o grego).
O primeiro Cânon formal do Novo Testamento foi criado pelo herege Marcião produziu a sua própria versão da Bíblia. Para combatê-lo a Igreja descobriu (decididamente) que era preciso declarar qual o conteúdo exacto do Novo Testamento.
Embora a grande maioria dos livros que compõem o Novo Testamento actual funcionasse, desde os primórdios, como autoridade canónica, houve várias personalidades que suscitaram algumas discussões sérias (com muito debate) quanto à sua inclusão no Cânon. Esses livros incluíam Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e Apocalipse.
Houve também outros livros que disputavam a condição de canonicidade mas que foram excluídos. A maioria deles compunha-se de obras espúrias escritas por hereges gnósticos do século II. Tais livros nunca receberam consideração séria, acabando por ser rejeitados por não possuírem dimensão e qualidade canónicas.
Apenas dois ou três livros foram levados em consideração, e são eles:
I Clemente, O Pastor de Hermas e O Didaquê. Estes livros não foram incluídos no Cânon porque não formam escritos por apóstolos, nem por pessoas por eles indicadas. Os próprios escritores reconheceram a sua subordinação à autoridade apostólica.
Houve um longo processo na selecção histórica dos livros canónicos.
Como ter a certeza da fidelidade dos livros aprovados pelos concílios?
A Igreja Católica responde com a infalibilidade da igreja. Para os católicos é a igreja que ‘cria’ o cânon, demonstrando, assim, autoridade igual à da própria Bíblia.
O protestantismo nega a infalibilidade da Igreja assim como o ensino de que a Igreja tenha ‘criado’ o cânon.
As posições podem ser resumidas da seguinte maneira:
O Cânon é uma colecção infalível de livros infalíveis (Catolicismo Romano);
O Cânon é uma colecção falível de livros infalíveis (Protestantismo clássico);
O Cânon é uma colecção falível de livros falíveis (Críticos Liberais).

Critérios de Avaliação dos livros canónicos
1º Tinham de possuir autoria (ou endosso) apostólica;
2º Tinham de ser recebidos como autoridades (autoridade reconhecida) pela Igreja primitiva;
3º Tinham de estar em harmonia com os livros a respeito dos quais não havia dúvidas, isto é, tinham que revelar coerência canónica.
Concluímos, pois, dizendo, que o Espírito da Verdade purificou a verdade que revela o plano de Deus para a salvação da humanidade, através de concílios e do dom de discernimento dado ao Seu povo.

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul e Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).
Pastor Samuel Quimputo

A NATUREZA E OS ATRIBUTOS DE DEUS

Uma vez (segundo conta R.C. Sproul), durante uma palestra na E.U.A, alguém formulou a seguinte pergunta ao teólogo suíço Karl Barth: “Dr. Barth, qual foi a coisa mais profunda que o senhor já aprendeu em seu estudo da teologia?” Barth pensou por um momento e depois respondeu: “Jesus me ama, isto eu sei, pois a Bíblia assim o diz”. Diante da resposta aparentemente tão simplista, houve risadas entre os estudantes, mas que lentamente se transformaram em silêncio, pois aperceberam-se do facto de que aquele grande teólogo estava a falar a sério.
Foi uma resposta simples a uma pergunta profunda. A sua resposta deve levar-nos a meditar sobre o seguinte:
1º Na verdade cristã mais simples reside uma profundidade que pode ocupar a mente das pessoas mais brilhantes por toda uma vida.
2º Mesmo na aprendizagem da teologia mais sofisticada, realmente nunca ultrapassamos o nível de uma criança no entendimento das misteriosas profundidades e riquezas do carácter de Deus. João Calvino dizia que Deus fala connosco numa espécie de balbucio, tal como os pais falam a ‘linguagem de bebé’, quando se dirigem aos seus filhos mais pequenos.
Quando o Soberano Deus procura falar connosco, míseros mortais, precisa condescender e expressar-se de maneira a podermos compreender os Seus ensinos.
Nenhum ser humano possui a habilidade de compreender Deus exaustivamente. Existe uma barreira que impede a compreensão total e abrangente de Deus. Somos criaturas finitas; Deus é um ser infinito. Este é o nosso grande problema, e é aqui que se estabelece o grande abismo entre as minúsculas criaturas que somos e o grande e incomparável Deus.
Os teólogos da Idade Média tinham um axioma que dizia: “O finito não pode apreender (ou conter) o infinito”. Como é óbvio, o objecto infinito não pode ser comprimido dentro de um espaço finito. Significa que a criação não pode conter o seu Criador.
Esta importante máxima comunica uma das doutrinas mais importantes do Cristianismo ortodoxo, que é a doutrina da incompreensibilidade de Deus.
Esta doutrina não significa que, pelo facto do finito não poder ‘compreender’ o infinito, não seja possível saber algo sobre Deus. O facto de Deus estar além da compreensão humana, não significa que não exista nada da parte de Deus que possa ser conhecido com alguma clareza. A incompreensibilidade de Deus não equivale a prestação de um culto ‘a um deus desconhecido’. Não significa “tactear no escuro” à busca de um hipotético deus. Antes significa que o nosso conhecimento acerca de Deus é parcial e limitado, e está muito além de um conhecimento ou de uma compreensão plena.
Contudo, o conhecimento que Deus nos dá de si mesmo, através da revelação, é real, útil e suficiente para tornar compreensível a Sua pessoa e o Seu plano de salvação a toda a Humanidade. Isso significa que podemos conhecer Deus na medida em que Ele, soberanamente, se dá a conhecer e escolhe revelar-se a nós.
Concluímos dizendo que a doutrina da Incompreensibilidade de Deus ensina-nos que, sempre haverá algo mais acerca da pessoa de Deus que não se enquadrará no nosso mecanismo de compreensão (Deuteronómio 29:29). Sempre existirá um aspecto oculto e outro revelado (de um modo compreensível) relativamente ao ser de Deus. Portanto, devemos aprender, com humildade e gratidão, os ricos ensinos das Escrituras, procurando orientar as nossas vidas à luz daquilo que o Senhor revelou.

Textos de apoio: (Jó 38: 1-41:34; Salmo 139: 1-18; Isaías 55:8,9; Romanos 11: 33-36;
I Coríntios 2: 6–16)

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R. C. Sproul; Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones; Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).
Pastor Samuel Quimputo

A PROFECIA E OS PROFETAS DE DEUS

(Deuteronómios 18: 28-32; 1 Reis 17: 1; 18:15; Joel 2: 28-32; Mateus 7: 15-20; Lucas 1: 67-80; Atos 2: 18)

Os profetas do Antigo Testamento foram pessoas que receberam uma chamada (no sentido de chamamento específico e único) de Deus. Com esta chamada, receberam, também, a mensagem a ser transmitida, de uma forma sobrenatural e pelo poder sobrenatural do Espírito Santo. Deus transmitiu a Sua Palavra através dos lábios e dos escritos dos profetas.
A profecia é, essencialmente, uma proclamação (pronunciamento, anúncio), embora envolva, também, a predição do futuro (preanúncio). Os profetas de Deus eram revestidos de poder pelo Espírito Santo, de modo que as suas palavras eram as palavras do próprio Deus (2 Pedro 1: 20,21). É por esta razão que as mensagens proféticas eram prefaciadas com a frase: “Assim diz o Senhor” ou “Ouvi a Palavra do Senhor!”.
Os profetas (em hebraico, nabhi’m) surgiram com o objectivo de reformar a religião de Israel. A sua missão era desafiar o povo de volta à adoração pura e à obediência a Deus. Eles não eram nem revolucionários nem anarquistas religiosos. A sua função era a de purificar e reformar o culto de Israel, levando o povo ao verdadeiro conhecimento do grande Jeová.
Outra característica dos profetas do Antigo Testamento era a sua acentuada preocupação em relação à justiça social e à integridade individual e sociocultural do povo. Eram, por assim dizer, a consciência do povo de Israel, agindo como promotores legais da aliança com Deus. Nesta função eles desafiavam e convidavam o povo ao verdadeiro arrependimento.
Os profetas eram chamados por Deus para serem os Seus porta-vozes.
Por outro lado, havia os falsos profetas que, em vez de transmitirem os oráculos divinos, transmitiam os seus próprios ideais, sonhos e opiniões, dizendo ao povo somente o que este queria ouvir. Contrariamente, os verdadeiros profetas eram frequente e severamente perseguidos e rejeitados pelos seus contemporâneos por se recusarem a comprometer a proclamação de todo o concelho de Deus.
De um modo geral, os livros proféticos são divididos em Profetas Maiores e em Profetas Menores. Essa distinção não se refere à maior ou menor importância dos profetas ou do conteúdo das profecias, mas ao volume dos seus escritos canónicos.
Os Chamados profetas maiores são: Isaías, Jeremias, Ezequiel, e Daniel. Os chamados profetas menores são: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
No Novo Testamento, embora encontremos referências acerca dos profetas, o ministério profético não ocupa um lugar de maior relevância como o era no Antigo Testamento.
Contudo, no início da era da Igreja (da nova aliança) houve profetas e profecias que assinalavam a plenitude dos tempos acerca da vinda de Cristo, o Messias de Deus, que viria da linhagem de Davi.
Os apóstolos do Novo Testamento possuíam muitas das características dos profetas do Antigo Testamento. A sua missão podia ser equiparado, em certa medida, à dos profetas de Israel.
Os apóstolos do Novo Testamento e os profetas do Antigo Testamento são constituem “o fundamento” sobre o qual a Igreja do Senhor seria edificada (Efésios 2: 20; 3:5; 4: 11-16).

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul e Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).

Texto: Samuel Quimputo

A BÍBLIA: A LEI DE DEUS

O Universo é uma diversidade de elementos ordenados, e que funciona de acordo com Leis (físicas e matemáticas) preestabelecidas.
A existência de Leis reporta à existência de um legislador: Deus.
Deus não está sujeito a nenhuma lei fora de Si mesmo, isto é, Ele não está limitado nem é obrigado a obedecê-la.
Deus age de acordo com o Seu próprio carácter moral. Esse carácter é moralmente perfeito e representa o padrão supremo da perfeição.
O Criador do Universo age de acordo com a Sua natureza, visto que a Sua natureza é perfeita. Ele é coerente e não arbitrário, extravagante ou caprichoso. Não se engana nem entra em contradição. Tudo o que faz fá-lo com bondade e justiça.
Por ser o Senhor e Criador (Dono) de tudo o que existe, Deus exige, para o nosso bem, que vivamos segundo a Sua Lei moral, revelada através da Bíblia.
Essa Lei é o padrão (modelo, referência) supremo de justiça e a norma suprema para se julgar o certo e o errado.

Algumas Leis na Bíblia baseiam-se directamente no carácter de Deus. Essas Leis reflectem os elementos transculturais e permanentes das relações divinas e humanas. Outras tais como: cuidados alimentares e práticas cerimoniais, foram planeadas de acordo com as condições temporais da sociedade. Embora sejam benéficas em si mesmas, essas leis circunscrevem-se a momentos específicos em que foram necessárias, funcionando como meios da provisão e do cuidado divinos.
Assim, podemos dizer que, algumas leis são absolutas e eternas, imutáveis em seus propósitos, enquanto que outras podem ser anuladas por Deus por razões históricas e culturais.
Contudo, somente Deus tem a autoridade para anular e anunciar qualquer norma legal temporário, visto que nós (seres humanos) não somos autónomos. Não podemos viver de acordo com as nossas próprias leis. (Êxodo 20: 1-17; Salmos 115; Mateus 5:17-20; Romanos 7: 7-25).
Seres humanos, imperfeitos e limitados, podem tentar elaborar leis para o melhor funcionamento nas suas relações interpessoais, mas com o passar de tempo, as mesmas se tornam ultrapassadas, obsoletas e muitas vezes contraditórias.
A Bíblia é, por excelência, a Lei divina dada aos homens para o seu bem-estar, em todas as dimensões da sua existência. Ela é inerrante em sua essência e em seus propósitos, tendo como alvo a sua realização holística (2 Timóteo 3: 16,17).


(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul e Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).

Pastor Samuel Quimputo

Estudo Biblicos

Sempre que utilizar estes estudos por favor divulgue a fonte. Obrigada
  1. Revelação geral
  2. A Bíblia: a lei de Deus
  3. A profecia e os profetas de Deus
  4. O Cânon das Escrituras
  5. A interpretação da Bíblia
  6. A interpretação pessoal
  7. A natureza e os atributos de Deus
  8. A Triunidade de Deus
  9. A auto-existência de Deus
  10. A omnipotência de Deus
  11. A omnipresença de Deus
  12. A omnisciência de Deus
  13. A Santidade de Deus
  14. A justiça de Deus
  15. A bondade de Deus
  16. Os decretos eternos de Deus
  17. A criação
  18. Estudos sobre os anjos
  19. A doutrina dos anjos. O diabo e os anjos apóstatas
  20. A criação do mundo
  21. A providência
  22. A criação do Homem
  23. Recapitulação dos estudos já realizados sobre doutrinas fundamentais da fé cristã
  24. A imagem de Deus no Homem
  25. A Doutrina da Queda do Homem
  26. A posteridade e o pecado original
  27. A redenção: o eterno plano de Deus
  28. A redenção: o eterno plano de Deus (continuação)
  29. O pacto da graça no velho testamento
  30. O pacto da graça no novo testamento
  31. A pessoa do Senhor Jesus Cristo
  32. A doutrina da Encarnação
  33. A deidade e a humanidade de Cristo
  34. Deus-Homem: a doutrina
  35. Os ofícios do Senhor JesusCristo - o Profeta
  36. Os ofícios do Senhor JesusCristo - o Sacerdote
  37. O ministério sacerdotal do Senhor Jesus
  38. A expiação
  39. A morte expiatória do Senhor Jesus
  40. A expiação substitutiva
  41. O Cristo vitorioso
  42. O Cristo rei
  43. Arrependimento: uma mudança profunda
  44. A certeza da fé
  45. A justificação pela fé

REVELAÇÃO GERAL

A Revelação geral, confirmada pela Bíblia, não deve ser confundida com o conceito pagão do panteísmo. O panteísmo é a crença de que Deus é tudo o que existe, ou seja, Ele não é uma entidade pessoal que existe fora (ou para além) da Sua própria criação mas sim, o conjunto de tudo o que existe.
Quando a Bíblia fala na Revelação geral, ela se refere a magnífica beleza e ordem apresentada pelos elementos criados, e que apontam para o Criador, a causa de todas as causas.
A criação não deve ser confundida com o Criador. A sua função é revelar, destacar e despertar admiração no que diz respeito ao saber criador de Deus.

Dentro da Revelação Geram, identificam-se duas categorias:
1. Revelação Geral Imediata
O termo imediato, de origem latina (immediatu-) significa que algo acontece sem passar por nenhum agente, objecto ou meio intermediários. Uma acção imediata é aquela que ocorre sem a participação de intermediários.
Neste sentido, podemos afirmar que todo o Universo é um meio de revelação divina, dando testemunho do seu Criador.
2. Revelação Geral Mediada
Além de revelar a sua glória indirectamente por meio da criação, Deus também se revela directamente (de modo mediato) à mente humana (Romanos 2: 12-16). Calvino chamou-o de um senso divino implantado na mente de cada pessoa, facto esse que explica a forte inclinação religiosa no âmago do ser humano. Essa voz interior (que pode ser levada ao extremo em forma de idolatria) pode ser abafada, mas jamais destruída.


(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul e Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).

Pastor Samuel Quimputo

A INTERPRETAÇÃO PESSOAL

A Reforma protestante do Séc. XVI foi um marco de grande importância na História do Cristianismo. Foi um movimento de retorno às bases e aos fundamentos da fé cristã, ensinada pelo Senhor Jesus e pelos Seus incansáveis apóstolos.
A Reforma protestante deixou-nos dois legados de grande valor:
- O princípio da interpretação pessoal da Bíblia
- A tradução da Bíblia para a língua do povo.
Diante da Dieta de Worms (concílio no qual foi acusado de herege por causa dos seus ensinos) Lutero declarou:
“A menos que eu seja convencido pela Escritura, a minha consciência continuará cativa da Palavra de Deus – não aceito a autoridade de papas e concílios, porque se têm contraditado. Não posso nem quero retratar-me, porque ir contra a consciência não é certo nem seguro. Que Deus me ajude. Amém.”
Tanto a declaração de Lutero assim como a sua subsequente tradução da Bíblia para a sua língua vernácula, tiveram dois efeitos tremendos:
1º Tirou da Igreja Católica Romana o direito exclusivo de interpretação das Escrituras. O povo deixou de estar à mercê das doutrinas da Igreja, que impunha as suas tradições, fazendo com que os seus ensinos tivessem autoridade igual à da Palavra de Deus.
2º Colocou a interpretação da Palavra nas mãos do povo. Esta mudança foi mais problemática, levando aos mesmos excessos que caracterizavam a Igreja Católica, isto é, excessos de interpretações subjectivas do texto, cujas consequências foram o afastamento da sã doutrina bíblica e da fé cristã pura e simples.
O subjectivismo tem sido o grande perigo da interpretação pessoal das Escrituras. Por isso, convém dizer que o “princípio da interpretação pessoal não deve significar o direito de usar o texto bíblico de maneira que bem se entende”.
O ‘direito’ de interpretar as Escrituras traz consigo uma responsabilidade acrescida de interpretá-las correctamente, com reverência e santo temor.
Os crentes são livres de descobrir do verdadeiro sentido das Escrituras, aquele pretendido pelo autor original, mas não são livres para impor as suas próprias verdades, fazendo com que o texto diga o que se quer e não o que realmente pretende dizer.
O intérprete deve buscar compreender os sólidos princípios de interpretação, evitando, assim, os perigos do subjectivismo hermenêutico ou exegético.
A interpretação pessoal deve, sempre, levar em conta o significado objectivo das Escrituras, isto é, compreender o que a Palavra de Deus diz, no seu próprio contexto, antes de prosseguirmos para a tarefa igualmente necessária de aplicá-las à nossa vida.
Uma declaração particular pode ter inúmeras aplicações pessoais possíveis, contudo só pode ter um único significado correcto.
A interpretação pessoal da Bíblia não pode (nem deve) servir de pretexto para moldar o ensino das Escrituras ao sabor dos caprichos do intérprete. Como se diz “o texto fora do seu contexto é puro pretexto”.
O intérprete das Sagradas Escrituras deve cultivar uma honestidade mental e uma humildade espiritual, deixando que Elas falem ao seu coração, tendo a consciência de que o que elas afirmam é a Palavra do Senhor Todo-Poderoso.
A obediência e a busca humilde do poder orientador do Espírito Santo devem caracterizar a atitude e a vida do intérprete bíblico.

Textos de apoio: (Jó 38:1-41:34; Salmo 139:1-18; Isaías 55:8-9; Romanos 11: 33-36;
I Coríntios 2: 6–16)

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R. C. Sproul; Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones; Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden)
Pastor Samuel Quimputo