UM DISCIPULADO EQUILIBRADO

“O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo acima do seu senhor. Basta ao discípulo ser como o seu mestre e ao servo como o seu senhor
(Mateus 10: 24-25a))

Qualquer observador atento e informado chegará à conclusão de que estamos a viver numa época da História na qual reina uma profunda crise educacional. Especialistas nas áreas da Ciência da Educação, da Pedagogia, da Psicologia (Comportamental), da Sociologia e Associações de Pais têm vindo a travar debates interessantes sobre o tema da educação.
Têm-se debruçado sobre o sistema educacional, os métodos educativos, as relações entre educandos e educadores, o lugar e os limites da autoridade dos educadores e, como não poderia deixar de ser, o papel e o envolvimento dos pais (ou encarregados de educação) no processo educacional daqueles que estão debaixo da sua tutoria
Embora haja pontos de vista diferentes quanto às causas dessa incontestável crise,  todos os quadrantes de opinião têm chegado à conclusão de que é preciso repensar, reformar e reformular o Sistema Educacional, tal como se encontra hoje. Como ponto de partida, esta necessidade é louvável.
Para isso, é preciso repassar a História e encontrar as falhas e os desvios sócio-educacionais que nos conduziram até à presente situação.
Analisando a situação numa perspetiva religiosa, particularmente a cristã, a preocupação ganha dimensões ainda mais alarmantes.
O que é extremamente preocupante é, não só, a aberrante iliteracia bíblica que tem caraterizado o crescente número de novos movimentos evangélicos (chamados de igrejas), mas também as novidades doutrinárias que esses movimentos emergentes têm apresentado, manipulando muitos incautos e sedentos “caçadores de coisas novas”, que a eles recorrem, nos momentos de insegurança e de desespero existencial.
Relativamente às denominações evangélicas históricas, há um outro problema, não menos grave, que se prende com aquilo que o apóstolo Paulo profetizou, na sua segunda epístola endereçada a Timóteo (2 Timóteo 4: 3,4).
Paulo exortou o jovem pastor a pregar a Palavra com persistência, ensinando (com correção, repreensão, exortação) de um modo paciente.
A razão desta insistência do grande apóstolo para com Timóteo prende-se com o facto de , por causa da sua natureza pecaminosa, o ser humano possuir uma tendência habitual para buscar o que é novo e exótico (uma espécie de psicoadapação doentia), mesmo à custa da troca da verdade pela mentira, ultrapassando os limites daquilo que foi estabelecido pelo Senhor.
Ao ensinar que o discípulo (aluno ou aprendiz) não está acima do seu mestre, isto é, que aquele deve estar sob a autoridade deste, o Senhor Jesus elabora um padrão  equilibrado do processo educacional.
Ao afirmar que no processo de aprendizagem, o discípulo deve ter como exemplo (tupos, typos - padrão ou modelo) o seu mestre, o Senhor Jesus enuncia o princípio coordenador de toda a relação de aprendizagem que deve existir entre estas duas entidades  envolvidas no processo educacional.
A maior parte dos problemas que têm surgido no seio das igrejas cristãs, e que têm enfraquecido o testemunho, devem-se, em grande parte, à ousadia desmedida e pecaminosa de muitos discípulos de Cristo, que em nome da relevância da aceitação cultural ou de um pseudo-intelectualismo, têm ultrapassado o ensino e a autoridade daquele a quem proclamam ser o seu Mestre.
O discipulado cristão só será equilibrado quando cada um de nós reconhecer o seu lugar de aprendiz, permitindo que Cristo, o Mestre, nos instrua, aceitando a Sua sábia orientação que certamente nos trará maturidade. 
Soli Deo Gloria! 

Pastor Samuel Quimputo 
Boletim nº 127                                                                                                                                 27 de Maio 2012