FAMÍLIAS CONSTRUÍDAS EM DEUS

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não proteger a cidade, em vão vigia a sentinela” 
(Salmo 127: 1)

A visão e o padrão bíblicos da família estão intrinsecamente ligados à esfera espiritual do relacionamento do ser humano com o seu Criador. Toda a abordagem  bíblica da questão familiar é quase sempre feita numa base teológica, onde a relação homem/mulher, dentro do pacto marital, encontra o seu padrão e a sua referência na relação de Deus com o seu povo.
No princípio da criação da raça humana, o primeiro casal não conhecia a experiência de uma vida familiar sem a perfeita comunhão com o seu Criador. Adão e Eva desfrutavam de um relacionamento saudável um com o outro e ambos com Deus,  de quem recebiam orientação para lidar com o resto da criação e sobre a qual eram responsáveis. 
O padrão divino apontava no sentido de que a relação familiar fosse o reflexo humano do modelo divino da relação ontológica e económica (ou funcional) existente entre as três pessoas da Santíssima Trindade.  Não admira, pois, que a instrução a ser dada aos mais novos (especialmente os filhos) fosse da responsabilidade dos pais (Deuteronómio 6: 5-7). 
Tendo em vista este pano de fundo bíblico, percebe-se, claramente, a incongruência da existência de “famílias de descrentes”, onde, às vezes, o ateísmo é orgulhosamente assumido e declarado como sendo uma opção válida. Infelizmente, esta realidade é a prova inegável da presença e da influência do pecado na raça humana. 
A existência de famílias nas quais o Senhor não é reconhecido como soberano e ideal construtor das mesmas, nem está sentado no centro dos corações dos seus componentes, revelam as idiossincrasias  do homem caído, que perdeu as referências da sua origem.
O ideal divino é o de que as famílias humanas constituam ambientes privilegiados de adoração genuína , onde o amor a Deus, sobre todas as coisas, seja a base de todo o processo educacional dos membros do seu agregado, especialmente dos mais novos (Deuteronómio 6: 5-7; Josué 24: 15). 
Famílias construídas no temor do Senhor, onde Cristo assume o protagonismo de ser o convidado mais importante, são uma bênção para a vida da igreja local. Famílias enriquecidas com o amor e a graça de Cristo exercem uma influência positiva, contribuindo para o convívio e o crescimento de todos os congregados. 
Que as nossas famílias reflitam o modelo bíblico que coloca Deus e a sua glória no centro e acima de qualquer outro interesse humano, por mais importante que este seja. Que por meio de vidas quebrantadas e transformadas pelo poder do Espírito Santo, santificadas e nutridas pela viva e infalível Palavra de Deus, as marcas da nossa identidade cristã sejam bem evidentes diante de todos os que construíram as suas famílias fora da tutela divina. Que através de relacionamentos saudáveis, sólidos e redentores, muitos venham a reconhecer que só famílias edificadas por Deus cumprem o padrão idealizado pelo  inventor e arquiteto da vida familiar, único capaz de, com segurança inabalável,  proteger e cuidar de qualquer casa ou cidade. Soli Deo Gloria! 

Boletim 150
27 de abril 2014

O AMOR RADICAL DE DEUS

“ Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós,  como não nos dará também com ele todas as coisas?” 
(Romanos 8: 32)

O relato bíblico que conta a história da saída do povo de Israel do Egito configura um quadro bastante ilustrativo, no que diz respeito à história da salvação da humanidade, em geral, e de cada indivíduo, em particular.
Quando o tempo determinado pela soberana vontade chegou, Deus resolveu dar fim à humilhação e ao desprezo pelos quais os descendentes de Abraão, Seu amigo, estavam a passar (2 Crónicas 20:7, cf. Tiago 2:23). Moisés, cuja vida revelou o poder providencial de Deus, foi o líder escolhido para “comandar” a longa e demorada peregrinação até às portas da Terra Prometida.
Quando, sob a orientação de Moisés, o povo de Israel se preparava para deixar “a terra da escravidão”, Deus puniu os egípcios pela sua maldade e idolatria, castigando-os com a décima praga, que culminou na morte de todos os seus primogénitos, trazendo um clamor indescritível e sem paralelo (Êxodo 11:6).
Contudo, antes do dia da execução da punição dos egípcios, os israelitas foram aconselhados a marcar os umbrais e as vergas das portas das suas casas com o sangue do cordeiro (ou cabrito), com requisitos específicos: os animais deviam ser machos, adultos (de um ano) e sem defeito (Êxodo 12: 5).
A obediência ou não  a esta orientação divina, dada a Moisés e a Arão, seria determinante para a vida ou morte dos primogénitos dos filhos de Israel. O sangue colocado sobre os umbrais e as vergas das portas seria “o sinal” claro de que uma vida tinha sido dada para preservar as demais (Êxodo 12: 12-13).
O significado moral e espiritual deste facto dramático tornou-se evidente quando o Senhor estabeleceu a Páscoa como um memorial a ser guardado e celebrado por estatuto perpétuo (Êxodo 12: 14).
Quando o Senhor Jesus veio ao mundo e morreu na cruz, a sua morte representou o clímax de todos os sacrifícios, para o qual a Páscoa judaica apontava. Assim como o sangue dos cordeiros (ou cabritos) poupou a vida dos primogénitos dos israelitas, assim também o sangue “do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, poupa a todos os que nele se lavam e se purificam.
A Bíblia, sem hesitação, afirma que foi Deus, o Pai, que entregou o Seu Filho à morte, não como um mártir ocasional, mas sim, como expressão de garantia da própria vida divina doada. Ele veio para que, através da fé nele, homens e mulheres experimentassem a plenitude da verdadeira vida (João 10: 10).
Depois de demonstrar o poder salvador de Deus na presciência, na predestinação, na chamada eficaz, na justificação e na glorificação final dos santos, Paulo afirma com toda a segurança que, se Deus é por nós, nenhum outro poder cósmico nos poderá arrancar das Suas mãos, separando-nos do seu amor, e que nenhuma acusação, por mais fundamentada que seja, nos poderá afetar, visto ser o próprio Deus quem nos declara justos e “inocentes” (Romanos 8: 31, 33).
Se Cristo pagou o preço por nós, derramando o seu precioso sangue, então, não existe mais sacrifício a ser exigido para que sejamos absolvidos da condenação eterna (Romanos 8: 34).
Tudo isso é verdade porque Deus, o Pai, fez o mais difícil - deu-nos o melhor de Si mesmo - o Seu próprio Filho. Sacrificou-o na cruz por nós, a fim de que a sua morte nos garantisse vida. Deus não poupou o Seu Filho para que nós fossemos “poupados” da morte certa e da merecida condenação eterna .
Que esta preciosa verdade, a segurança da nossa salvação, “inunde” as nossas mentes, fortalecendo a nossa fé, estimulando-nos a assumir um compromisso mais sólido na proclamação do evangelho da salvação, a todos aqueles que carecem da vida abundante que há no Senhor ressurreto. Soli Deo Gloria! 

Pr. Samuel Quimputo
Boletim 149
abril 2014