FILHOS AMADOS DE UM GRANDE DEUS

“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai; que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque o não conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus...”

A doutrina da salvação, quando entendida em todas as suas facetas, segundo o ensino das Escrituras, é tremendamente arrebatadora. Ela deixa-nos emudecidos e impulsiona-nos a prostrar-nos diante do trono da graça de Deus, com corações agradecidos e cheios de louvor.
Nada no mundo pode satisfazer, de facto, o coração do Ser Humano, criado à imagem e semelhança do bondoso Criador, como o faz a Boa-Nova da salvação.
Desafortunadamente, nem sempre temos captado a profundidade da grandiosa e poderosa obra que Deus realizou em nós e por nós, por meio da morte sacrificial do Senhor Jesus, na cruz do Calvário. Não é de admirar, pois, que a nossa espiritualidade seja, de um modo geral, morna, superficial e sem emoção.
Em princípio, isto acontece por causa do deficiente conceito que temos da gloriosa doutrina da salvação. Para muitos, a salvação que Deus nos outorga não é mais do que uma libertação do fogo do inferno e da consequente condenação eterna. Ser salvo é simplesmente “não ser enviado para o inferno”. Tudo se resume a este ponto de vista negativo. Esta é uma visão redutora da fé cristã.
Segundo o ensino das Escrituras Sagradas, a salvação não implica, apenas, o perdão de pecados e o escapar da horrível experiência dos tormentos do inferno. Ela envolve tudo isso. Contudo, esta perspectiva meramente redutora da salvação fica aquém do ensino bíblico e empobrece a excelência do mistério da redenção. Ser salvo é ser resgatado do reino de Satanás e de todas as suas hostes malignas; é ser liberto da maldição da lei (na sua ênfase condenatória); é ser arrancado do poder (e do domínio) escravizador do pecado.
Todos estes resultados (ou efeitos) estão incluídos na obra salvadora de Deus, porém não cobrem toda a dimensão da multiforme graça da Deus. Ela não nos deixa neste ponto. É aqui que reside a glória do evangelho e da fé cristã.
O Evangelho, a Boa-Nova da salvação, é o poder do próprio Deus em acção, que opera na mente, na emoção e na vontade daquele que, sensibilizado pelo amor divino, responde com fé e confiança ao que Deus realizou em seu favor, por meio de Cristo (Romanos 1: 16; 1 Coríntios 1: 18).
Esse poder que actua naquele que crê, introduzindo nele um novo princípio de vida, faz desse pecador perdoado, alguém redimido e declarado justo pelo grande Juiz. Convém acrescentar que esse poder que opera a salvação, é o mesmo que actuou na ressurreição do Senhor Jesus (Efésios 1: 18-21).
Ao receber uma nova vida e um espírito vivificado, o crente torna-se uma habitação do Espírito Santo (Ezequiel 36: 26, 27; 1 Cor. 6: 19; 2 Cor. 6: 16). Todas estas bênçãos divinas introduzem o crente numa nova esfera, numa nova relação incomparavelmente superior. Ele é integrado na família de Deus. Ele torna-se (isto é, é feito) filho de Deus. Que privilégio! Ser salvo implica ser arrancado do reino das trevas e tornar-se concidadão dos santos e membro da família de Deus (Efésios 2: 19). “Agora somos filhos de Deus!”, diz João.
O crente salvo não é, apenas, um pecador agraciado e perdoado, mas também, um filho amado na família do Eterno Deus. Esta nova realidade deve levar todo o verdadeiro crente a dobrar os seus joelhos, em gratidão a Deus, pelo Seu tão grande amor com que nos amou, fazendo de nós Seus filhos adoptivos.
Todos quantos crêem no eterno Filho de Deus, recebem o poder (isto é, a prerrogativa) de se tornarem filhos de Deus (João 1: 12).
Que esta verdade incomparável encha os nossos coração de graça, alegria, gratidão e de um santo temor, estimulando-nos a um serviço abnegado pela causa de Cristo, que tanto nos amou e se entregou por nós.
Soli Deo Gloria!
Boletim nº 103 - Maio 2010