“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando cada vez mais, até ficar completamente claro”
Entre as várias analogias usadas na Bíblia para descrever a experiência da vida humana, tal como a conhecemos, existe uma que perpassa as páginas das Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Trata-se da analogia que considera a vida, metaforicamente, como uma viagem, isto é, uma peregrinação.
Esta viagem envolve escolhas e opções, com base em motivações, inclinações, atitudes e comportamentos descritos como “caminhos” a serem seguidos ao longo dessa mesma viagem.
Nesta viagem à escala planetária, as pessoas são divididas em dois grupos e classificadas de justas e ímpias. Comecemos pelas últimas.
A Bíblia descreve os ímpios como aquelas pessoas (homens e mulheres) que, impulsionados pela arrogância dos seus corações, pela sua falaciosa noção de auto-suficiência e de justiça própria, demonstram indiferença para com Deus.
Os ímpios são aqueles que, mesmo quando evidenciam algum grau de moralidade por meio de actos externos, vivem como se Deus não existisse. Orgulho, egoísmo, ganância, violência (emocional, verbal ou física), maledicência, intrigas e calúnias, são algumas das marcas que caracterizam as suas atitudes e o seu comportamento. Usando a analogia bíblica, podemos dizer que estas marcas constituem “os caminhos” pelos quais os ímpios trilham, e que os deixam satisfeitos e, de certo modo, realizados (Salmo 1).
Por outro lado, a Bíblia intitula o outro grupo de peregrinos, como “justos”; são aqueles que, embora pecadores, falíveis e limitados, procuram viver as suas vidas com uma consciência clara da presença de Deus. Por outras palavras, os “justos” são os piedosos, cuja sabedoria de vida se encontra alicerçada numa atitude de reverência máxima (ou temor) a Deus e à Sua glória.
Os justos são aqueles que reconhecem o seu pecado, que se curvam diante da grandeza e da soberania de Deus e procuram viver de acordo com as Suas orientações, reveladas na Sua Palavra. Para estes, a Palavra de Deus, longe de ser um manual de regras rígidas, impostas contra a sua vontade, é, antes, a sublime revelação da vontade e do amor do seu Criador, a fonte inesgotável do seu maior prazer (Salmo 1: 2,3; Salmo 19: 7-10).
Como a vida é um caminhar constante, os justos são sabiamente descritos como aqueles cujas vidas estão num crescente processo de santificação, obra esta realizada pela operação do Espírito Santo no interior do crente, transformando o seu viver, influenciando e purificando as suas motivação, suas inclinações, seus desejos, suas atitudes e seu comportamento, por meio da aplicação eficaz da Palavra santificadora em suas vidas (João 17: 17).
É por meio desta Palavra santificadora que os justos (ou justificados) vão encontrando clareza e lucidez, enquanto vão dando os passos seguros, rumo ao seu destino final (Salmo 119: 105).
Provérbios 4: 18 afirma que o caminho dos justos, tal como a luz do dia, vai intensificando o seu brilho até que tudo seja afectado pela clareza dos seus raios. Significa que a vida dos piedosos, justificados por Deus e santificados pelo poder do Espírito Santo, continuará a ser transformada, numa sequência de estágios crescentes de glória, conformando-se com a imagem do Senhor Jesus, que é a medida perfeita de toda a santidade (2 Coríntios 3: 18).
Que o Senhor de toda a glória nos conceda a graça de crescermos em santidade,
estimulando-nos a viver de tal modo que as nossas vidas sejam um verdadeiro culto santo, em espírito e em verdade.
Soli Deo Gloria!
Boletim 105
Agosto 2010