“Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8: 12) A nossa experiência de vida aqui na terra mostra a incontestável realidade de que, tanto o bem quanto o mal operam no mundo e no desenrolar do drama da existência humana. Se em alguns momentos é possível presenciar atitudes nobres e de elevação moral, noutros, deparamo-nos com atitudes e actos extremamente degradantes, capazes de abalar e confundir a nossa compreensão acerca da personalidade humana. Esta tensão entre o bem e o mal é, muitas vezes, interpretada como uma batalha eterna e sem vencedores nem vencidos. Aliás, esta é uma perspectiva disseminada entre algumas religiões (e/ou filosofias) orientais, onde a tensa convivência entre o bem e o mal representa o equilíbrio da própria existência humana. Contudo, esta não é (e nunca foi) a perspectiva judaico-cristã, sustentada pelas Sagradas Escrituras. Segundo o ensino bíblico, o mal não é uma parte necessária da criação divina, mas representa uma intromissão na perfeita ordem estabelecida desde o princípio. A cosmovisão apresentada pela Bíblia, reconhece a existência do bem (visto que existe um Deus bom) assim como a do mal, mas assume, de uma forma categórica, que o mal, metaforicamente denominado de trevas, não prevalecerá perante o bem, representado pela luz (1 João 2:8). No fim da história presente, o mal será derrotado e extinto do Reino restaurado do grande “Eu Sou”. A vinda do Filho de Deus ao mundo, trazendo o brilho mais radiante da luz divina, é a declaração final da vitória do bem contra o mal. É por isso que, em várias ocasiões, o Senhor Jesus se identificou como a luz do mundo (João 9: 5; 12: 46). Esta luz, que traz clareza moral e espiritual, que aponta o caminho que conduz à salvação, representa a própria vida. Esta é a razão pela qual a luz, proveniente de Deus, revelada na sua Palavra e personificada na pessoa do Filho do homem, é identificada com a vida para a qual aponta (Salmo 27:1; 36: 9; Provérbios 6: 23). Quando o Filho de Deus ressuscitou, vencendo as forças tenebrosas da morte, confirmou a vitória do bem, da luz e da vida sobre o mal, as trevas e a morte, anulando, desta forma, a falsa noção de que a luta entre o bem e o mal continuará a ser um combate eterno e sem fim (1 Coríntios 15: 54, 55). A Páscoa, portanto, representa a garantia da vida, que só Jesus pode oferecer, e a esperança de uma experiência futura de paz e alegria, de louvor e gratidão, onde nada do que seja identificável com as trevas e o mal fará parte (Apocalipse 22: 3-5). Como filhos da luz, incumbidos a levar as Boas-Novas da salvação a um mundo perdido nas densas trevas do mal e da ignorância espiritual, somos comissionados a proclamar a luz e a vida que o Senhor Jesus nos veio trazer, convidando homens e mulheres a aceitarem o dom de Deus que satisfaz a necessidade mais profunda do ser humano - a vida eterna. Soli Deo Gloria!
Pastor Samuel Quimputo
in Boletim nº 113
Abril 2011