“Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo,
que, sendo rico, fez-se pobre por vossa causa, para que fôsseis
enriquecidos pela Sua pobreza ”
Uma das verdades
mais extraordinária das Escrituras é aquela que nos revela a graça de
Deus, isto é, o “amor de Deus por aqueles que nada merecem”, um amor que
conquista e favorece aqueles que, por causa da sua arrogância e desprezo pelo
seu Criador, mereciam a Sua justa indignação (ira) (Efésios 2: 8,9).
É impossível um
leitor atento da Bíblia não vislumbrar as marcas da presença e da
manifestação da graça de Deus, ao longo de toda a História da Redenção.
Embora o conceito
de graça tenha tido uma maior ênfase no Novo Testamento, com a vinda do Messias
prometido, não deixa de ser verdade o facto de ele já se encontrar presente nas
páginas do Antigo Testamento. Aliás, pode-se mesmo afirmar que a paciência
demonstrada por Deus, ao suportar os fracassos e as inconstâncias dos
intervenientes humanos envolvidos no Seu infalível plano da salvação, deveu-se
à Sua maravilhosa graça que fez com que o caminho ficasse aberto para a vinda
do Seu ungido.
Esse atributo
divino significa muito mais do que uma simples atitude de Deus em favor
daqueles que não merecem a Sua bondade. O conceito de graça (caris) inclui, além dos benefícios da bondade divina, o próprio estado
da salvação daqueles que foram alcançados pelo amor divino. Quer dizer que
“graça” acaba por tornar-se numa das marcas da vida (atitudes, comportamentos e
ações) daqueles que foram integrados na família de Deus.
Tal como acontece
com todas as virtudes cristãs, o Senhor Jesus é o expoente máximo da graça
divina. Ele é o padrão pelo qual todas as qualidades espirituais são avaliadas.
Todos os ingredientes do fruto do Espírito encontram a sua máxima e perfeita
expressão nele. A Sua própria vida revelou a graça de Deus de um modo singular,
sacrificando-se pelos pecadores.
Paulo, um cristão
que experimentou na sua própria vida os efeitos da graça divina, estimulou os
irmãos de Corinto, desafiando-os a concretizar a sua intenção generosa de
suprir as necessidades dos seus irmãos em Jerusalém que enfrentavam
dificuldades extremas.
Para este grande
apóstolo, uma vida marcada pela graça é aquela que se torna numa fonte de riquezas espirituais ao serviço
de outros. E a força motriz que faz com que alguém rico se torne pobre, para
enriquecer a outros, é a graça que nele opera.
Todos aqueles que
um dia foram alcançados pela maravilhosa graça de Deus, demonstram que foram (e
são) objectos da mesma graça na medida em que vivem num espírito de sacrifício
em favor de outros, por meio de um altruísmo santo que beneficie os demais
irmãos, ajudando-os a crescer no conhecimento do Senhor e a prosperar em ações
de graças para glória do grande e soberano Deus (2 Coríntios 9:12, 13).
Que o Deus da
graça continue a moldar os nossos corações, retirando todo o egoísmo e
indiferença, caraterísticos deste mundo caído e sob maldição, operando em nós
tanto o querer como o realizar, de modo a sermos cristãos autênticos, marcados
e dominados pela graça, cujas vidas enriqueçam e abençoem os outros.
Soli Deo Gloria!
Pr.
Samuel Quimputo
in Boletim nº 130
2 de Setembro de 2012