Em Busca de Maturidade


Estando no cenáculo, reunido com os seu discípulos mais chegados, momentos antes de ser preso, o Senhor Jesus fez uma oração, conhecida como “a oração sacerdotal”, a mais longa registada nas Escrituras, proveniente da sua boca.

Nela, Ele orou a favor de si (vs.1-5), a favor dos discípulos, seus contemporâneos (vs. 6-19), e a favor daqueles que viriam a crer nele, no futuro (vs. 20-26).

Logo na introdução da sua oração, o Senhor revelou (mais uma vez) a razão da sua vinda ao mundo, a saber, dar vida eterna aos que lhe tinham sido dados pelo Pai, e que estavam “mortos”, isto é, espiritualmente insensíveis em seu delitos e pecados (João 10:10; 17: 2; Efésios 2:1).

Logo a seguir, o Senhor Jesus explicou o significado da vida que viera outorgar, e que implicava “revelar o Pai” e “torna-lo conhecido” de todos quantos tinham sido convencidos pelo Espírito Santo da sua necessidade de salvação.

Com o “coração” da confissão de fé dos israelitas em sua mente, que se encontra em Deuteronómio 6:3-6, Jesus monstra que possuir a vida eterna é reconhecer Deus como o único soberano a ser adorado e amado, assim como o Seu Messias, enviado para salvar o mundo e reger as nações.

Vida e conhecimento são duas realidades similares  que apresentam algumas caraterísticas comuns. Ambas são entidades não estáticas, mas sim, dinâmicas.

A vida, embora valha pela sua natureza intrínseca, expressa-se por meio de etapas de crescimento. O conhecimento, por sua vez, passa por um processo de aprofundamento e de consolidação, que o torna mais consistente e sólido.

Portanto, é evidente que aqueles que foram agraciados pela experiência da nova vida, que o Senhor Jesus lhes veio dar, demonstram a sua vitalidade através de sinais evidentes de crescimento constante e saudável.

Ao exortar os destinatários da sua epístola a permanecerem firmes na fé, Pedro alerta-os do perigo em que incorrem os “indoutos e inconstantes” por torcerem (com manipulação) as Escrituras. Ao invés de se manterem “estéreis” na sua espiritualidade (1:8,9), o apóstolo estimula-os a crescerem, visto que onde há graça, onde há vida e onde há conhecimento, deve haver crescimento.

À medida que o tempo passa, a vida do crente deve demonstrar uma dimensão de graça cada vez maior (João 1:16) e um desejo cada vez mais profundo de conhecer ao Senhor (Oseias 6:3).

Graça e conhecimento podem ser considerados os meios pelos quais os crentes alcançam a sua maturidade, assim como a esfera dentro da qual o crescimento ocorre.

Qualquer que seja o entendimento que se tenha do papel desempenhado pela “graça” e pelo “conhecimento”, a verdade é que ambos envolvem uma atitude pró-ativa por parte daqueles que possuem a nova vida em Cristo. E segundo o contexto imediato da recomendação de Pedro, podemos concluir que a meditação das Escrituras, a submissão à ação do Espírito Santo e a prontidão para a obediência das orientações divinas, são os pré-requisitos para uma experiência de crescimento espiritual saudável.

Todos aqueles que partilham da nova vida em Cristo devem exercitar a sua fé, procurando o alimento sólido da Palavra, enriquecendo a vida por meio da oração e da comunhão com os irmãos.

Que a nossa espiritualidade seja profunda e constantemente marcada por um anseio e por uma determinação, cada vez mais intensos, de crescimento na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, pois só Ele é digno de toda a glória, para todo o sempre. 

Soli Deo Gloria! 
Pr Samuel Quimputo
Boletim 169
feveiro 2016