O PACTO DA GRAÇA NO VELHO TESTAMENTO

(Hebreus 1: 1,2)
O Homem foi criado perfeito e sem pecado. Mas tendo falhado em guardar a lei e o mandamento de Deus, caiu em pecado, tornando-se escravo de Satanás, o que resultou na sua morte espiritual ou insensibilidade para com o seu Criador (Efésios 2: 1-3). A verdade bíblica é a de que, se ele fosse deixado à sua mercê, a sua condição transformar-se-ia mais e mais num quadro de total desespero. Contudo, pela Sua infinita graça, amor e misericórdia, Deus condescendeu-se e buscou o homem com compaixão, informando-o do Seu grande plano de salvação.
Deus revelou-se ao homem através de um pacto, conhecido como o Pacto de redenção ou o Pacto de salvação.
Esta realidade mostra-nos o facto de “a estrutura básica do relacionamento que Deus estabeleceu o seu povo é a aliança” ou o pacto.

A Natureza de Um Pacto
Embora, de um modo geral, uma aliança seja entendida como um contrato, existem algumas diferenças entre elas. Ambos são acordos obrigatórios. Os contratos são feitos a partir de posições de pesos relativamente equilibradas e iguais. Em certo sentido, uma aliança também é um acordo, embora não envolva partes, necessariamente, iguais.
Contudo, na Bíblia, as alianças geralmente não são entre partes iguais. O padrão comum seguido é o do antigo Médio Oriente, semelhante aos tratados estabelecidos entre suseranos e vassalos (ex. entre os reis hititas), que eram firmados entre um rei vencedor e outro vencido, cujos elementos eram, com base em Êxodo 20, os seguintes:
- O preâmbulo, que relacionava as duas partes (v. 2);
- O prólogo histórico, que provava o que o suserano tinha feito para merecer a lealdade exigida (v. 2);
- As estipulações, que representavam as exigências do dominador sobre os dominados (vv. 3-17), isto é, as condições da própria aliança (v23);
- Os juramentos ou votos, que constituíam as promessas que obrigavam as partes aos termos (vv. 22-24);
- As sanções, isto é, as recompensas ou as punições (bençãos/maldições) resultantes da obediência ou violação da aliança;
- A ratificação, que representava a selagem da aliança (ex. Génesis 15) que, geralmente, era celebrada por meio do sacrifício de um animal (Génesis 17).
Assim sendo, podemos definir o Pacto como sendo “uma aliança ou um acordo que é assumido por duas partes, sendo essas duas partes, geralmente, mais ou menos de posição igual”.
Contudo, quando Deus faz um pacto com um homem, não há dois participantes em igualdade de circunstâncias; neste caso é Deus que está a conferir o Seu pacto ao homem. Ele não tinha necessidade de fazê-lo. Simplesmente resolve fazê-lo por causa da Sua livre e boa vontade, comprometendo-se a ser “o seu Deus”, numa relação outrora quebrada por Adão, por causa do pecado (Êxodo 6: 7; Jeremias 31: 33; 32:38-40; Apocalipse 21:3).
Como o primeiro pacto foi violado, o pacto original das obras, estabelecido com Adão, Deus fez um novo pacto, que se chama de Pacto da Graça que se encontra em Génesis 3: 15, onde o Evangelho é prefigurado numa espécie de prenúncio das boas-novas.
A Razão disso é que, o único pacto das obras estabelecido entre Deus e a humanidade, no qual exigiu perfeita e total obediência ao Seu governo, foi violado. Todos os seres humanos, desde Adão até ao dia de hoje, estão debaixo desse pacto. Um único pecado foi suficiente para violá-lo. Adão violou-o (Gálatas 3: 10 -14).
O único ser humano que o cumpriu e obedeceu na íntegra foi Jesus. A sua acção, como segundo Adão, satisfaz todos os termos da nossa aliança original com Deus. O Seu mérito em satisfazer as suas exigências, faz dele o único meio através do qual todos os seres humanos entrariam no céu e beneficiariam da comunhão com Deus (Romanos 5: 12-14).
Assim, Jesus é a primeira (e única) pessoa humana a entrar no céu pelas suas boas obras. Todos os outros seres humanos entram no céu, na vida de comunhão com Deus, através das boas obras, isto é, das boas obras de Jesus, mediante a fé Nele e na Sua obra, realizada na cruz do Calvário (Romanos 10: 5-13).


(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul, Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd, Teologia Sistemática de Wayne Gruden, Comentário de Génesis de Derek Kidner).

Textos de apoio: Génesis 15; Êxodo 20; Jeremias 31:31-34; Lucas 22:20; Hebreus 8; 13: 20, 21
Pastor Samuel Quimputo