Continuamos o nosso estudo acerca dos Anjos, estes seres magníficos, criados por Deus para o Seu próprio louvor e para a participação destes na vida dos Homens e na História de toda a criação.
Felizmente, o estudo acerca dos anjos eleitos (santos) não esgota a revelação bíblica, no que diz respeito aos seres angelicais existentes.
Se por um lado, como já estudamos, existem os anjos que nos ajudam e cuidam de nós, por outro existem os que são mencionados como sendo os nossos maiores inimigos. Estes agem contra nós e com todas as suas forças procuram prejudicar-nos e afastar-nos de Deus.
É completamente impossível entendermos a história humana sem considerar o que a Bíblia nos relata acerca destes anjos apóstatas e perversos. Infelizmente, é cada vez mais crescente a negligência (ou até descrença) na mente de muitos da existência de seres espirituais, tais como o diabo e seus anjos.
A realidade da apatia espiritual e das constantes derrotas no campo da espiritualidade pessoal e colectiva, no seio do cristianismo actual, deve-se, em grande medida, ao desprezo deliberado acerca do que o Senhor diz na Sua bendita Palavra, relativamente à presença e à actividade das forças demoníacas e a sua influência maléfica na vida dos seres humanos.
A Bíblia refere-se ao diabo do princípio ao fim, do Génesis ao Apocalipse. Por esta razão, podemos afirmar, com toda a certeza, que o facto de não levarmos a sério da doutrina bíblica sobre o diabo e seus aliados, é um mau serviço que prestamos a nós próprios e a todos aqueles que, por se encontrarem cegos e dominados por Satanás, rejeitam a mensagem da salvação que lhes é pregada.
A Bíblia deixa bem claro que, assim como existe uma realidade física, existe também outra de carácter espiritual, com os seus agentes potencialmente activos.
1. Nomes
Ele é referido como “satanás” (isto é, adversário); também como o “diabo” (ou seja, caluniador); ele é ainda descrito como “Belzebu” (o principal dos demónios); é chamado, também de “Apolion” (isto é, destruidor, Apocalipse 9:11); como “o anjo do abismo insondável”; “príncipe deste mundo”; “o deus deste mundo” (2 Coríntios 4:4). A outra designação mais significativa é a do “maligno”, que demonstra o seu carácter imundo (Mateus 6:13; João 17:15; I João 5:19); ele é ainda descrito como o “adversário, isto é, aquele que nos resiste” (Zacarias 3:1; Daniel 10: 13; Lucas 22: 31; I Tessalonicenses 2:18).
2. Natureza e personalidade
A Bíblia diz-nos que o diabo é uma criatura de Deus (Isaías 14; Ezequiel 28; 11-19). Tudo indica que, entre os seres criados, ele era o mais elevado de todos.É evidente no relato bíblico que o diabo é uma pessoa, isto é, possui personalidade e faculdades que o qualificam como um ser consciente, inteligente e possuidor de vontade própria.Há uma tendência para se negar a verdade bíblica que afirma que o diabo é uma pessoa. Contudo, as evidências das Escrituras confirmam, claramente, que Satanás é um ser pessoal que fala (ou dialoga), que faz sugestões e que procura enganar as pessoas (Lucas 4: 1-13). Ele é identificado como pessoa (Mateus 13:19; João 8: 44).
3. Os anjos apóstatas
O que se aplica ao diabo aplica-se igualmente àqueles anjos que com ele se rebelaram. Estes são descritos como “demónios” (Mateus 8:31), seres espirituais hostis a Deus); como “legião”, por serem numerosos.
A função destes anjos consiste em tentar os crentes, cegar os descrentes e boicotar o plano redentor de Deus, na tentativa e impedir (ou frustrar) o seu cumprimento cabal.É preciso salientar que, “independentemente do pecado que há em nós, bem como do mal inerente à nossa natureza, em resultado da Queda, somos confrontados por uma pessoa fora de nós que anda em nosso encalço, uma pessoa que tem um reino, do qual é a cabeça, o qual é altamente organizado e cuja grande preocupação consiste em destruir a obra de Deus”(Martin Lloyd-Jones) (Efésios 6:12).
4. Outras considerações:
Não sabemos da origem do mal que invadiu o coração de Lúcifer. Ele é ainda descrito como “leviatã” (Isaías 27:1); “leão que ruge” (I Pedro 5:8 e 2 Pedro 2: 10,11); “dragão”; “valente” (Lucas 11:21); “Opressor” (Actos 10:38; 2 Coríntios 12:7); “o deus deste mundo” (2 Coríntios 4:4); “homicida” que habita os lugares celestiais (Jó 1: 7, 12; 2:6).
Como conclusão, devemos sempre ter a consciência de que, apesar do seu poder, este é um poder limitado. E os que estão em Cristo podem resistir-lhe (Tiago 4:7; I João 4:4).A nossa dependência do poder libertador e protector do sangue de Jesus, derramado na cruz, é a garantia da nossa força para vencermos o maligno e as suas hostes.
(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul e Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).