A plena satisfação

O Senhor é o meu pastor; nada me faltará


Um dos contributos mais extraordinários que a razão humana presta ao próprio Homem, é a capacidade de reconhecer as suas limitações. Esta perspectiva, magistralmente elaborada pelo cientista francês Blaise Pascal, expressa uma das verdades mais práticas da experiência humana.
O processo do desenvolvimento científico prova este facto. Todo o avanço é, em si mesmo, uma superação de alguns limites e a aquisição de um pouco mais de luz, no âmbito do conhecimento já adquirido.
Pelo facto de sermos limitados, possuidores de uma natureza decaída e, portanto, debilitada e condicionada em todas as suas faculdades essenciais (mente, emoção e vontade), é comum e “quase” inevitável que algumas afirmações da Bíblia provoquem em nós um certo grau de tensão e de perplexidade. Esta afirmação do salmista é uma delas.
Trata-se de uma afirmação categórica, que não permite quaisquer condicionalismos. O salmista expressa uma convicção inabalável e estabelece uma incontestável certeza de fé. Com ela, David revela a qualidade e a profundidade da relação existente entre ele próprio e o Senhor Jeová, apontando, de imediato, para a consequência inevitável dessa mesma relação.
Contudo, esta afirmação levanta algumas questões e que levam à algumas implicações de carácter prático.
Qual é o significado do “nada” de que o salmista faz referência? Quererá ele dizer que todas as suas necessidades e todos os seus desejos são satisfeitos?
A analogia do próprio salmo e a forma como termina, dão-nos a base teológica do pensamento do salmista. Na sua relação com Deus, David coloca-se no lugar da ovelha mansa, indefesa e vulnerável aos ataques dos predadores.
Portanto, para David, Deus é Aquele que lhe proporciona segurança, conforto e todo o suprimento necessário. De certa forma, todo o bem estar da “ovelha” dependem do tratamento que recebe do seu “pastor”. Ou vejamos. Qual é o maior bem que um ser almeja se não a própria vida? Se Deus é a fonte e o dador da vida (incluindo a vida eterna), não será Ele tudo o que realmente importa?
David afirma que o facto de Deus ser o seu pastor, preservando-lhe a vida, providenciando-lhe sustento, estendendo sobre ele a Sua bondade e misericórdia, fá-lo sentir-se possuidor de tudo. A presença de Deus em sua vida representa tudo o que a alma precisa. Com esta afirmação, David quer dizer que quem se relaciona com Deus possui tudo o que realmente importa. Assim como tudo sem Deus é “nada”, assim também, o “nada” com Deus transforma-se e “tudo”. Afinal, Ele é o Supremo Bem, o Bem sublime que restará quando tudo ficar neste mundo.
Tal como David, creiamos com toda a convicção, e afirmemos sem vacilar, que Deus é tudo para nós; que de facto, sendo nosso Bom Pastor, nada nos faltará.
Que Ele preencha o nosso viver.
Soli Deo gloria.

Pastor Samuel Quimputo
Julho 2009