“A tua palavra é a verdade, desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre”
Escrever sobre a importância da Bíblia é correr o risco de cair num “lugar comum” porque muitos já versaram sobre desta temática. Mesmo assim, é necessário insistir nesta verdade imprescindível que enfatiza a singularidade das Sagradas Escrituras.
Embora os reformadores do século XVI tenham redescoberto a centralidade da Palavra de Deus, como regra orientadora da vida e da missão (e função) da Igreja do Senhor Jesus, o legado que nos deixaram, com custos elevados para esses servos de Deus, tem sido cada vez mais negligenciado, para não dizer, desprezado.
Há uma visão ilusória, generalizada na “Comunidade Evangélica” de hoje (quem diria!), que tem conduzido muitos crentes a considerar a Bíblia, embora não assumidamente, como algo dispensável para a sua espiritualidade quotidiana. Prova disso, é a frequência com que a lêem e o tempo que passam na sua meditação.
A agitação da vida “moderna” inverteu as nossas prioridades. Na ânsia de conseguirmos mais recursos materiais, que estabelecem o padrão e o status de uma “vida moderna”, gastamos todo o nosso tempo útil na tentativa de trabalharmos “um pouco mais” para, deste modo, satisfazer as nossas necessidades consumistas.
Diante desta realidade, o tempo que nos resta é gasto no necessário (e merecido) repouso, visto que a azáfama do dia-a-dia não nos deixa com a energia suficiente que nos permita “meditar” ou “reflectir” sequer. Este estado anímico em que o ritmo e o modelo de vida actuais nos deixam, tem servido de justificação para a nossa inércia, relativamente ao nosso apego à Palavra da vida.
Como resultado, as nossas vidas exibem uma espécie de “anemia espiritual” que nos deixa sem forças para resistir às provações e vencer as tentações, sem poder para cumprir a nossa missão de evangelizar o mundo perdido e alienado de Deus, sem equilíbrio doutrinário que nos capacite para distinguir a verdade do erro, sem autenticidade para adorar ao Senhor em Espírito e em verdade.
“A tua palavra é a verdade”, diz o salmista. Para este servo do Senhor, a Palavra de Deus transporta e transmite a essência da própria verdade. A Palavra é a verdade desde o princípio, quer dizer que ela o é “em todos os aspectos” e “em todas as perspectivas”. Significa que ela é a verdade por natureza e “em toda a sua extensão”.
O que o salmista afirmou, de um modo categórico, é que “a soma da palavra” de Deus é a verdade. E a consistência desta verdade, ao longo das páginas de toda a Bíblia, encontra a sua confirmação nas palavras do apóstolo Paulo, quando diz que “toda a Escritura é divinamente inspirada” (2 Timóteo 3: 16a).
Na sua sacerdotal (e emocionada) oração, o Senhor Jesus fez uma tremenda afirmação acerca da singularidade da Palavra de Deus: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (João 17: 17).
Ele ora ao Pai e intercede pelos Seus discípulos: “santifica-os”, “separa-os” para Ti, “opera neles a obra santificadora”. Por que meio? Pela verdade, ou melhor “na” verdade. A santificação deve ser operada com a vida dos discípulos “mergulhada” na verdade. E antes que alguém perguntasse acerca da verdade na qual eles seriam santificados, o Bom Mestre prossegue: “a tua palavra é a verdade!” Aleluia! O poder santificador do Espírito opera na vida do crente por meio da Palavra.
Aliás, o Senhor exulta diante do Pai porque os discípulos receberam a Palavra que Ele lhes entregou; e por causa do efeito da mesma Palavra em suas vidas, o mundo, que antes odiara o Senhor, odiou-os também a eles (João 17: 14).
Amados em Cristo, que a sagrada e inspirada Palavra do Senhor governe e oriente as nossas vidas, “inundando-as com as suas incomparáveis instruções, a fim de sermos servos frutíferos em boas obras (2 Timóteo 3: 17).
Que juntos com o do salmista, inspirado, os nossos corações digam bem alto e com convicção: “Oh! quão amo a tua lei! Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar!” (Salmo 119: 97a, 103a).
Soli Deo Glória!
Pr. Samuel Quimputo
Boletim nº 100
29 de Fevereiro de 2010
Boletim nº 100
29 de Fevereiro de 2010