“Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho nascido de mulher, nascido debaixo da lei...”
Por tradição e por convenção, estabeleceu-se o dia 25 de Dezembro como sendo a data do nascimento do Senhor Jesus. Embora a Bíblia, o relato mais fiável da historicidade da vida de Jesus, não nos apresente nenhum dia específico para o nascimento do Filho de Deus, ela afirma, peremptoriamente, que Maria teve o seu filho em Belém, e juntos com José, seu marido, forma habitar na região da Galileia, na cidade de Nazaré.
O facto inegável é que o Filho do Deus encarnou (fez-se carne), e entrou neste mundo, penetrando o espaço e o tempo, para habitar entre nós, connosco e em nós (João 1: 14; 16: 28; 17: 23, 26; cf. Mateus 28: 20).
A fé bíblica é fundamentalmente messiânica, isto é, centralizada na pessoa do Messias (ou Cristo, o ungido). Foi a esperança messiânica que estimulou e sustentou a fé dos crentes na Antiga Aliança; e é esta mesma promessa, cumprida na vinda do Messias de Deus, que fundamenta a fé dos crentes na Nova Aliança.
Por isso, ao referir-se ao Antigo Testamento, o Senhor Jesus afirmou, vezes sem conta, que as Escrituras (lei, profetas e salmos) falaram dele (Lucas 24: 44; João 5: 39); o que quer dizer que elas apontavam para Ele, como o centro de toda da História criadora e redentora da humanidade (Colossenses 1: 15-17).
Portanto, o nascimento do Senhor Jesus, formalmente designado “Natal”, traduz-se no facto histórico mais marcante de toda a existência humana, e representa o momento incomparavelmente singular, em que o Deus-Filho se reveste da natureza humana, nascendo de uma mulher.
Paulo captou o sentido mais profundo da encarnação. Ele identificou o momento como sendo “a plenitude dos tempos”! Significa que na economia divina, o nascimento do Filho de Deus foi o “momento ideal e oportuno”, “o tempo exacto” em que a promessa da vinda do Messias seria cumprida.
As duas palavras usadas por Paulo significam que o nascimento do Senhor Jesus deu-se no “tempo certo”, segundo o calendário divino.
Ele nasceu da mulher, isto é, como um verdadeiro ser humano (Jó 14:1; 25:4), mas também nasceu sob a lei ou seja, debaixo das rígidas exigências da lei. Nesta altura, convém perguntar: porque é que Jesus teve que nascer sob a rígida exigência da lei? Porque foi necessário nascer nessa condição?
O amado apóstolo dos gentios fornece-nos a resposta. Ele nasceu debaixo da lei para resgatar os que estavam debaixo da lei, a fim de que recebêssemos a adopção de filhos! Que promessa! Que resgate! Que libertação!
Por outras palavras, Ele veio como ser humano para se identificar com a humanidade que veio salvar, humanidade essa incapaz de se libertar da maldição da lei! O Natal representa a vinda do Redentor, no tempo oportuno! Mas há um outro resultado glorioso, que é a consequência directa do resgate.
Todos os que fossem resgatados e libertos, pelo preço que Jesus, o único Filho de Deus, por geração, pagaria por eles, mediante a Sua morte na cruz do Calvário, seriam introduzidos na nova esfera familiar, tornando-se filhos adoptivos de Deus (Gálatas 4: 5). Que privilégio! Que herança! Que glória!
Que neste Natal os nossos corações se derramem de louvor e gratidão perante Aquele que dirige a História, que redime o pecador penitente e que acolhe os redimidos dentro da Sua bem-aventurada família.
Soli Deo Gloria!
Boletim 109
29 Novembro 2010