O MINISTÉRIO SACERDOTAL DO SENHOR JESUS

Ao longo dos tempos, as religiões sempre foram caracterizadas pelas ofertas e pelos sacrifícios. Esta semelhança pode confundir os cristãos quanto ao objectivo ou propósito das ofertas e dos sacrifícios mencionados na Bíblia.
No Livro de Levítico encontramos uma elaboração formal e bem detalhada dos elementos que compunham o ministério dos sacerdotes da antiga dispensação.
Diferentemente das práticas de outras religiões, a função das ofertas e dos sacrifícios não era uma espécie de dons (ou dádivas), destinados a assegurar um favor (da parte dos deuses); nem os sacrifícios eram uma espécie de símbolo que representava uma “comunhão de vida com um deus”. Tão pouco os sacrifícios eram uma espécie de “comunhão sacramental”, isto é, uma presença real de Deus (ou dos deuses) no animal.
O que é ensinado nas Escrituras é o facto de que, as ofertas e os sacrifícios (especialmente, as destinadas ao pecado e às transgressões) eram expiatórias, isto é, serviam para expiar os pecados.
Havia uma certa relação entre o sacrifício e aquele que o oferecia.
Já vimos que os sacrifícios e as ofertas queimadas eram tipos do Senhor Jesus Cristo e a maneira de Deus reconciliar o Homem consigo (2 Coríntios 5:19).
Portanto, eles revelavam a verdade de que:
1.      era necessário fazer uma oferta satisfatória ao Deus ofendido (propiciação);
2.      era necessário uma substituição (permuta) de sofrimento e morte por parte alguém que é inocente, para a merecida punição da culpa (expiação);
3        era preciso estabelecer uma sociedade de vida entre aquele que tinha sido (e tem sido) ofendido e o ofensor (reconciliação).
Tudo isto era simbolizado através do acto da “imposição de mãos” do ofensor sobre o animal a ser sacrificado (Levítico 1: 4; 4: 20). Este acto era sinal de transferência dos pecados e da culpa do ofensor para o animal, que seria morto em seu lugar. Dessa forma, os pecados do ofensor eram perdoados e cobertos (Levítico 4: 26).
Contudo, a grande diferença entre o Senhor Jesus e todos os sacerdotes do Velho Testamento é que, no caso do Senhor Jesus, o sacerdote e o sacrifício “eram uma e a mesma coisa”. Ele é o Sacerdote que se oferece a Si mesmo: a Sua própria vida, o Seu próprio corpo, como sacrifício. Portanto, Ele combina em seu próprio ser, o que eram separadas no Velho Testamento.
Há evidência bíblica de que o Senhor Jesus cumpriu todos os requisitos da Lei e qualificou-se para ser o Sumo-Sacerdote, por excelência (Hebreus 3:1; 4:14; 5:5; 6:20; 7:26; 8:1).
Embora seja a Epístola aos Hebreus o único “livro” do Novo Testamento a afirmar explicitamente o sacerdócio do Senhor Jesus, como oferta e sacrifício pelos pecados, há, porém, muitos outros trechos que abordam implicitamente esta verdade. É o caso de Marcos 10: 15; João 1:29; Romanos 3:24,25; 5:6-8; I Coríntios 5:7; I João 2:2; I Pedro 1:19; 2:24; 3:18.
Como nosso Sumo-Sacerdote, o Senhor Jesus vive para interceder por nós, enquanto caminhamos neste mundo de lutas e de tentações (Hebreus 7: 25). A Sua presença junto do Pai representa uma garantia da Sua providência e cuidado constantes, a favor do Seu povo. Ele assume-se como nosso advogado, junto do Pai (I João 2: 1), fiel e justo em perdoar a todos os que a Ele se dirigem em nome do Seu Filho (I João 1: 9).
Concluímos, pois, afirmando que o Senhor Jesus satisfez todas as exigências estabelecidas na (e pela) Lei. Ele fê-lo na qualidade de “um entre nós”, isto é, como homem. Ele nunca poderia ser o nosso Sumo-Sacerdote se não tivesse adquirido a natureza humana para Si. Tinha que ser “tomado dentre nós”. Tomou a nossa natureza humana como nosso representante, tomado entre nós, capaz de compreender a nossa condição miserável. Experimentou as nossas fraquezas (embora sem pecado); foi tentado em todos os pontos e de todas as formas, contudo, não cedeu diante do pecado. Assim, Ele qualificou-se para ser a oferta e o sacrifício mais eficaz, de consequências eternas.
(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul, Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd, Teologia Sistemática de Wayne Gruden)

Texto: Pastor Samuel Quimpto