“E dar-vos-ei
pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com
inteligência”(Jeremias
3: 15)
Davi, o grande rei de Israel, o homem segundo o coração de Deus, foi um
dos poucos israelitas que privou, de um modo íntimo, com o Criador dos céus e
da terra, experiência essa que o levou a compor um dos salmos mais queridos e
mais citados das Escrituras Sagradas.
Como resultado dessa rica experiência de adoração e de comunhão com o
Senhor, Davi ampliou a sua visão da pessoa e dos atributos divinos, chegando à
conclusão de que o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o Deus da aliança não
era apenas o grande libertador, o Senhor dos exércitos, mas também Aquele que
perdoa, que protege e cuida.
Usando da sua experiência de pastor de ovelhas, Davi descreve a sua
relação com Deus, comparando-a com a existente entre o pastor e as suas
ovelhas. Deste modo, Davi destaca dois aspectos básicos envolvidos nessa
relação: o cuidado e a dependência.
De forma poética e melódica, este mestre de música compõe uma linda
canção, na qual identifica Deus como o seu pastor cuidadoso e protetor, capaz
de suprir todas as suas necessidades vitais (Salmo 23: 1).
Ao longo da experiência de Israel, como nação, esta metáfora pastoril,
aplicada a Deus na Sua relação com o Seu povo escolhido, sempre teve o
propósito de destacar o Seu intenso cuidado protetor, na qualidade do
Deus da aliança, que mantém fiel as Suas promessas de livrar Israel dos perigos
e dos seus inimigos (Salmo 80: 1-3).
Outro aspecto interessante nessa figura de Deus como o Pastor do Seu povo
é o facto de que esta mesma imagem de cuidado e proteção para com as ovelhas
é usada no relacionamento entre as próprias ovelhas.
Sendo Deus o Pastor, por excelência, levanta, no meio do Seu povo, servos
incumbidos de exercer o ministério pastoral, vivendo para cuidar e alimentar os
outros, seguindo o exemplo do próprio Deus.
De um modo geral, o ministério pastoral deve ser exercido por todos os
crentes, de forma a proporcionar um ambiente saudável ao corpo, do qual
todos são (e devem ser) membros ativos.
Contudo, na Sua grande misericórdia, o Senhor resolveu chamar e separar alguns
servos no seio do Seu povo, com o propósito específico de desempenharem a função
pastoral, com o objetivo de alimentar, cuidar e guiar os
outros, de modo a crescerem no conhecimento do Senhor e no exercício
responsável dos seus dons.
O exercício da função e do ministério pastoral exige, dos
que são chamados, um grau de sensibilidade, de modo a não se transformarem em
líderes tiranos e prepotentes que venham a maltratar as ovelhas do
Senhor (Jeremias 23: 1, 2; 1 Pedro 5:1-3).
Por ser um ministério que exige tato e profundo envolvimento emocional, o
próprio Deus, como Sumo Pastor, prometeu levantar do meio do Seu povo, pastores
segundo o Seu coração, isto é, servos chamados, separados e preparados, que se
alimentam da Palavra, capazes de gastar tempo, energia e recursos próprios em
prol do bem estar dos seus preciosos irmãos, que o Senhor colocou sob sua liderança
(Jeremias 23: 4).
Igrejas abençoadas são aquelas onde os que nelas exercem a função
e o ministério pastoral, o fazem por convicção da chamada, por amor
e reverência ao Sumo Pastor e pelo cuidado e bem estar do povo de Deus.
Que o Senhor levante sempre pastores segundo o Seu coração; pastores que
sejam bênçãos vivas e instrumentos da
graça de Deus, diante do Seu rebanho.
Soli Deo Gloria!
Pastor Samuel Quimputo
Boletim 128
Junho 2012