No nosso estudo anterior vimos que o Senhor
Jesus satisfez todas as exigências que eram necessárias, na qualidade do nosso
Sumo-Sacerdote, cumprindo, desta forma, as duas
funções básicas do ministério sacerdotal: apresentar ofertas e sacrifícios e fazer intercessão. Essa função de Sacerdote, levá-lo-á até à
morte, e morte de cruz.
Quando
pensamos na Sua morte, certas perguntas pertinentes surgem quanto ao seu
significado, visto que não existe outro assunto tão importante, alvo de acérrimos
ataques de Satanás, como o da expiação, com o propósito de confundir e de enganar
os seguidores do Senhor.
Muitos
acham que, como crentes tementes a Deus, não devemos nos debruçarmos sobre esta
doutrina fundamental da nossa fé. Contudo, não existe um engano mais subtil e
perigosa do que a ideia de que a fé cristã, pura e simples, não necessita de
uma reflexão crítica e racional. É com base num ponto de vista como este que há
muitos ensinos deturpados acerca da cruz e da doutrina da salvação.
Portanto,
devemos procurar, com toda humildade, aclarar as nossas mentes e iluminar o
nosso entendimento, fazendo as seguintes perguntas:
- O
que é que realmente aconteceu quando o Senhor Jesus morreu na cruz? Porque é
que Ele teve de morrer? Porque é que teve que ser Ele e não uma outra pessoa a
morrer?
É
interessante notar que, a morte do Senhor Jesus é mencionada no Novo Testamento
cerca de 175 vezes, e indirectamente, muito mais vezes. Embora os Evangelhos
sejam apenas quatro perfis ou resumos breves da Sua vida (João 21: 25),
eles reservam, em média, um terço de todo o seu relato aos
eventos relacionados à Sua morte.
Sem
sombra de dúvida, o evento da morte do Senhor Jesus na cruz excede a todos os demais em
importância. Não é sem razão que Satanás se ocupe tanto em confundir os
homens sobre esse assunto de vital importância, que envolve a salvação da humanidade.
A mensagem da cruz era, para os apóstolos,
central. A sua tese era de que o Cristo
prometido, para salvar Israel e o mundo (dos gentios) era Jesus de Nazaré
(Atos 17:3; I Cor. 2:2; 15:3).
Sendo
a expiação um assunto de estrema importância, devemos avançar, com cautela e
reverência, na tentativa de corrigir o que não é o claro ensino bíblico acerca
da cruz. Nem sempre é verdade a ideia de que todos os que falam na cruz
têm uma clara compreensão dela. Muitas vezes, o ensino acerca da cruz vem
carregado de filosofias e enganos subtis que deturpam o seu real significado
(Colossenses 2:8).
Temos
que ter em conta que a mensagem da cruz, sempre foi e continuará a ser uma
pedra de tropeço (e uma ofensa) para qualquer homem ou mulher natural (ICoríntios 1: 21 – 25; 2: 14).
Há
uma corrente de pensamento que afirma que o Senhor Jesus morreu por engano, de
modo acidental; diz ainda tal teoria que ele não estava preparado para o que
aconteceu; Ele foi surpreendido pela violência e pela maldade humanas. A
Bíblia, porém, rejeita tal conclusão (João 12: 23; 17:1). O Senhor tinha
consciência da Sua hora. Ele tinha a consciência do que estava para
acontecer (Lucas 9: 31, 51; 13: 33). Ele sabia que ia a Jerusalém para
morrer (Hebreus 2:9).
A
Bíblia vai além e afirma que a morte do Senhor Jesus foi planeada antes
da fundação do mundo (Atos 2: 23). Sendo o próprio Deus, Ele conhecia
até o dia da própria morte (Mateus 26: 1-5), corrigindo, desta forma, a
teologia dos seus adversários (Atos 12: 3,4).
2.
O Senhor Jesus não morreu como um mártir
À
semelhança da primeira abordagem, esta linha de pensamento afirma que Ele, ao
ser tentado a retratar-se por causa do Seu ensino, e tendo recusado a fazê-lo
relutantemente, por que estava determinado a morrer, então foi morto como um
valente, como um mártir.
Nada
é mais enganoso e menos bíblico do que esta visão distorcida do significado da
cruz. O Senhor Jesus sofreu, ficou agonizado e morreu aflito. Não ouvimos dEle gritos
de triunfo ou de alegria enquanto sofria. Ele gemeu e pediu auxílio do Pai (Mateus26: 39; João 12: 3,4). Logo, a Sua morte não foi acidental; e Ele não morreu como
um mártir. Ele fez-se maldição por nós (Gálatas 3: 13), sofreu a
nossa pena, morrendo voluntariamente a nossa morte.
No próximo estudo, analisaremos outras
teorias que empobrecem a doutrina da cruz.
(bases: Verdades Essenciais da Fé
Cristã de R.C.Sproul, Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn
Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de
George Eldon Ladd, Teologia Sistemática de Wayne Gruden e Introdução à Teologia Sistemática de
Millard J. Erickson).
Pastor Samuel Quimputo