Já
vimos que a morte do Senhor Jesus foi uma morte expiatória, isto é, Ele pagou o
preço do pecado e também da
consequente culpa do mesmo. De igual
modo, refletimos sobre a importância e a necessidade da expiação (e da
propiciação) no processo da reconciliação com Deus, e no estabelecimento da
comunhão com Ele.
Depois,
analisámos as teorias que apresentam alguns pontos de vista defeituosos acerca
do verdadeiro significado da morte do Senhor Jesus.
Agora
chegamos ao ponto de reflectirmos sobre as implicações da morte do Senhor
Jesus, em relação a cada um de nós. E a primeira questão a ser abordada
prende-se com a razão pela qual Cristo teve que morrer, na cruz do Calvário.
O
Novo Testamento mostra claramente que o ensino do Antigo Testamento
acerca do sacrifício dos animais, apontava para o verdadeiro sacrifício futuro.
Na qualidade de alguém que veio para cumprir a Lei e ser o antítipo
(para quem os tipos apontavam) das
figuras da antiga dispensação, a Sua
morte deve conter o significado equivalente do dos animais
sacrificados, visto que aqueles sacrifícios apontavam para a
perfeita oferta pelo pecado, que seria feita no futuro (Mateus 5: 17).
Como
já vimos, aqueles sacrifícios eram feitos em
lugar dos sacrificadores, isto é, a(s) morte(s) dos animais substituíam
a(s) dos seres humanos, morais e culpados dos pecados cometidos, diante
do Deus Santo, cuja santidade fora violada (ofendida) (Hebreus 9:22).
Portanto,
a
morte do Senhor Jesus, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1: 29), representa o culminar e o cumprimento de todos os sacrifícios
exigidos no Antigo Testamento. Assim sendo, um dos significados mais
importantes da Sua morte é o seu aspecto substitutivo.
“A
aliança do Antigo Testamento pronunciou uma maldição sobre qualquer pessoa que
quebrasse a Lei de Deus. Na cruz, Jesus não somente tomou essa maldição
sobre si, mas tornou-se Ele próprio maldição por nós” (2Cor. 5: 21; Gálatas 1: 4; 3: 13).
Em
substituição de pecadores culpados e dignos da justa ira (indignação) de Deus, Cristo,
na cruz, satisfez as exigências da santa justiça de Deus, e fê-lo em
nosso lugar, livrando-nos da ira vindoura (Isaías 53: 6; 1 Tessalonicenses1: 10).
Embora
a ira (ou indignação) de Deus seja real, o sacrifício realizado pelo Seu Filho
não foi operado contra a Sua vontade. No mistério
da redenção, é o próprio Pai amoroso que se condescende e contempla a Humanidade
em sua miséria, decidindo reconciliar-se com ela. Numa mútua cooperação, Pai e
Filho realizam o plano da salvação, que nos trouxe vida, paz e luz (2Coríntios 5: 19).
A
morte do animal significava o castigo vicário de uma vítima (inocente), a fim
de expiar a iniquidade do pecador (culpado), o que significa que o pecado
deste era tratado através da morte daquele, proporcionando ao ofensor perdão e
a consequente restauração da comunhão com Deus. Louvado seja o Senhor!
De
igual modo, a expiação realizada pelo Senhor Jesus e o sangue derramado na cruz
do Calvário, constituem a base da nossa salvação (Hebreus 9:22). É pelo
derramamento de sangue que o pecado é remido (pago e removido) (Efésios1: 7; 2:13; I Pedro 1: 18, 19; I João 1: 7; Apocalipse 1: 5).
O
sangue do Senhor Jesus é a base de tudo o que nos beneficia. “É pelo
precioso sangue de Cristo, o sacrifício da vida, a vida derramada, que a nossa
redenção é assegurada” (M. Lloyd-Jones).
Um resgate
é “um preço pago pela libertação ou de
uma pessoa ou de uma coisa que fora tomada ou possuída por outro” (M. Lloyd-Jones).
E Cristo, pela Sua morte, libertou-nos da escravidão do pecado e da condenação
eterna. Ele comprou-nos (I Cor. 6: 19, 20; Colossenses 1: 13, 14).
Redenção, portanto, significa o efeito de devolução de algo, por um preço
certo, pago pelo redentor.
Concluímos,
pois, que a nossa salvação é o resultado da morte do Senhor Jesus, na
cruz do Calvário, e da imputação da Sua justiça em nós, visto ser
Ele o nosso perfeito substituto.
(bases: Verdades Essenciais da Fé
Cristã de R.C.Sproul, Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn
Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de
George Eldon Ladd, Teologia Sistemática de Wayne Gruden e Introdução à Teologia Sistemática de
Millard J. Erickson).
Pastor Samuel Quimputo