No
nosso último estudo fomos conduzidos ao ponto em que procurámos interpretar o
significado da morte expiatória do Senhor Jesus. Concluímos que essa morte é de
carácter substitutivo e penal, isto é, Ele morreu em
lugar do pecador, levando sobre si a culpa e o castigo deste.
Portanto,
Cristo prestou uma obediência ativa
em Sua vida terrena, cumprindo todos os preceitos da Lei, sem falhar, e na
cruz, prestou uma obediência ativa, dando a Sua vida em resgate de muitos.
Vimos,
também, que Ele pagou um alto preço, a fim de redimir a humanidade. Rejeitámos,
contudo, a interpretação de que o preço do Seu sangue tenha sido pago à Satanás,
embora saibamos que, ao morrer na cruz, o Senhor Jesus estava a lidar (e a
tratar) com o diabo e com todas as hostes malignas (Colossenses 2: 15).
Neste
momento, convém perguntarmos: se a morte do Senhor Jesus alcançou o seu
propósito, quem será o derrotado dessa vitória? Quem fica prejudicado com a
vitória de Cristo?
Martinho
Lutero afirmou que “o homem nesta vida é nascido em pecado, possui cinco (5) inimigos primordiais: Satanás, o pecado, a morte, a lei e a ira de Deus. Segundo Lutero, para que o homem seja salvo, é
preciso lidar com esses cinco (5) inimigos.
Sem
dúvida, Cristo lidou com todos esses inimigos visto que, ao realizar a Sua obra
por nós, na cruz do Calvário, Ele estava a travar uma gigantesca batalha.
Antes
de passarmos para o aspecto vitorioso da obra realizada pelo Senhor Jesus,
convém salientar o perigo que muitas vezes ronda as nossas mentes, ao ponto de
trair-nos e afectar a nossa compreensão acerca da obra que dá origem à nossa
salvação. Esse perigo prende-se com o facto de que, na tentativa de enfatizar e exaltar a vitória da cruz, não damos o
devido valor à doutrina da expiação e ao seu aspecto substitutivo e penal.
É
uma verdade incontornável (e graças a Deus por isso!) que, quando
olhamos para a ressurreição do Senhor Jesus, contemplamos um grande vencedor.
E o primeiro derrotado é o próprio Satanás e todas as suas hostes (1 João3:8); esta verdade foi confirmada, antes mesmo da Sua morte (João 12: 31).
Paulo corrobora com ela numa afirmação monumental, que encontramos em Colossenses2: 15, assim como o faz o autor aos Hebreus (Hebreus 2: 14,15).
Ele
veio para destruir as obras do diabo. Foi várias vezes tentado a pecar e a
desobedecer a Deus, mas em todas as tentativas frustrou as intenções e os
ataques do inimigo (na infância,
no deserto, no Getsémani e na cruz). Os testes foram muitíssimo fortes e
sem piedade (Hebreus 5: 7), porém, Ele triunfou, provando, assim, que
realmente era o Filho de Deus. Ele venceu em Sua vida e, de um modo singular,
na cruz.
A ressurreição, portanto, é a prova, a declaração universal de que a
obra fora consumada com perfeição (João19: 30; Romanos 1:4). O Senhor Jesus não só venceu o diabo, mas
também aboliu a morte (Hebreus 2: 14, 14). Como usurpador, Satanás
assume-se como o deus deste mundo (2Cor. 4:4; Efésios 2:2), e Deus permite-lhe exercer certos poderes tais como
o domínio da morte. Contudo, ele não possui poder absoluto, e não possui
nenhuma autoridade em si e por si mesmo; ele só age no “espaço” que lhe é
permitido por Deus. “Satanás é aquele que reina sobre tudo o que se acha
coberto por essa morte final”. É nesse sentido que se diz que ele possui o
poder da morte. E é o pecado que torna a morte em algo horrível, visto que ela
é consequência do peado (1 Cor. 15: 56, 57).
O
Senhor Jesus satisfez as exigências da lei; a lei não mais nos pode
condenar. Somos livres da sua condenação e da sua consequência lógica, que é o pecado
e, por fim, da própria morte (1 Cor. 15: 55).
O
terceiro inimigo é o pecado. Ele, também, foi vencido (Romanos6:2, 11, 12, 14). Ele já não reina sobre nós. Toca-nos, afecta os nossos
membros, mas já não pode ter domínio sobre nós e governar as nossas vidas (Romanos6: 10, 1 João 3:9). Ainda há resíduos do pecado na velha natureza de um
filho de Deus, mas ele jamais está sob o domínio do pecado. Cristo
conquistou a vitória completa por nós (Romanos 8: 1).
(bases: Verdades
Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul, Grandes Doutrinas Bíblicas de
Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia
Sistemática de George Eldon Ladd, Teologia Sistemática de Wayne
Gruden e Introdução à Teologia
Sistemática de Millard J. Erickson).
Pastor Samuel Quimputo