REDESCOBRINDO A FAMÍLIA DE DEUS

“Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus”  
(Efésios 2: 19) 

Uma das mais importantes faculdades com as quais a nossa personalidade humana é munida é, sem sombra de dúvida, a  memória, que exerce a função de “conservar” a experiência anterior da nossa existência.
A memória é determinante na aquisição da consciência da nossa identidade pessoal. É através dela que reconhecemos quem somos e nos distinguimos de outros. A faculdade da memória fornece-nos o registo (no espaço e no tempo) da nossa própria história, estabelecendo o elo de ligação entre o passado e o presente, evidenciando, deste modo, a nossa singularidade pessoal.
Sempre que ocorre algum distúrbio, que impeça (ou dificulte) a memória de exercer a sua função de “registar e de conservar” , de forma organizada, as experiências vividas, a nossa identidade corre sérios riscos visto que, em última instância, a consciência da própria existência está intimamente relacionada ao registo histórico da nossa memória, num dos arquivos mais sofisticados do que o de qualquer computador, alguma vez inventado.
A Igreja dos nossos dias, afetada por uma profunda crise de identidade, encontra-se à deriva, em busca de um ponto de referência seguro, capaz de mantê-la estável diante das constantes oscilações da cultura pós-moderna, caraterizada, sobretudo, pelo seu relativismo acrítico.
Uma das causas da atual “crise de identidade” que assola a Igreja dos nossos dias, é a sua recusa em conservar os fundamentos sobre os quais os apóstolos, os pais da igreja que os sucederam e os reformadores (do séc. XVI) alicerçaram a sua experiência de fé, isto é, o papel regulador das Escrituras e a sua singular importância na orientação da vida.
Embora, aparentemente, a Igreja dos nossos dias se revele missionária, mais voltada no alcance dos perdidos, ela perdeu uma das caraterísticas mais relevantes da sua identidade - ser a família de Deus.
Entre as várias analogias usadas nas Sagradas Escrituras acerca da Igreja do Senhor Jesus, a da “família” assume-se como aquela que melhor destaca o valor e a importância dos relacionamentos humanos.
Para melhor desempenhar a sua “missão” de anunciar as boas-novas a um mundo perdido e alienado de Deus, a Igreja deve reconhecer e valorizar a sua própria identidade. Ela deve funcionar como uma verdadeira família, onde os constituintes se relacionam de um modo equilibrado, proporcionando aos novos membros da família um ambiente saudável para o seu crescimento holístico e sustentável.
A igreja, como família de Deus, deve promover uma visão comunitária, onde cada membro se sinta envolvido na criação de condições necessárias, para que todos encontrem o seu “campo” de serviço, contribuindo, dessa forma, para o bem comum.
Quando a Igreja do Senhor Jesus funciona como uma verdadeira família espiritual, então, estarão criadas as condições ideais para a manifestação do poder do Espírito Santo, trazendo para dentro dessa mesma família, novos “filhos”, nascidos de novo e necessitados de cuidado, amparo e amor, elementos preponderantes para o seu crescimento pessoal (Atos 2: 46,47).
Que o Senhor desperte em nós a vontade e a determinação de contribuir, de forma sábia, fazendo com que a nossa comunidade de fé seja um “espaço” onde todos se sintam amados e integrados na família local de Deus. 
Soli Deo Gloria!  
Pr. Samuel Quimputo
Boletim 138
28 de abril 2013