“Onde não há profecia, o povo se corrompe, mas o que
guarda a lei, esse é bem-aventurado.”
(Provérbios 29: 18)
Quando a questão
da espiritualidade bíblica, autêntica, é discutida, é frequente a polarização
de opiniões entre os que destacam a importância singular da doutrina
(teologia correta ou ortodoxia) e aqueles que sobrevalorizam a experiência
(conduta certa ou ortopraxia), cada um dos grupos procurando provar que
o seu ponto de vista é o melhor e o mais relevante para o testemunho cristão.
Uma cuidada
leitura da Bíblia, particularmente em textos onde há instruções claras sobre o
modo correto de se viver a fé e de agradar a Deus, provará que as duas
perspetivas se complementam mutuamente, embora obedeçam a uma ordem lógica e
teologicamente coerente, onde, a doutrina, salvo raras exceções, aparece sempre como a força orientadora do
modo de viver.
Uma das causas da
atual crise de identidade cristã, prende-se com a confusão doutrinária que tem
vindo a assolar as nossas igrejas (por culpa dos seus líderes), levando os seus
membros a sobrevalorizar a doutrina (ou ensino teológico) em detrimento
da boa conduta, ou a optar por uma espiritualidade definida pela experiência
(conduta), que menospreza a doutrina, mesmo que essa experiência não possa ser
sustentada pelo ensino das Escrituras.
As epístolas do
Novo Testamento, escritas com o propósito de instruir comunidades de fé recém
formadas, dão-nos uma boa orientação acerca dessa questão determinante para uma vivência de fé sólida e
equilibrada.
De um modo geral,
a doutrina (ensino), que estabelece o conteúdo das verdades a serem cridas,
deve desempenhar o seu papel orientador e delimitador da conduta e da
experiência a ser vivida. Quer isto dizer que qualquer modo de vida considerada
aceitável, do ponto de vista dos crentes, deve sempre passar pelo crivo do
ensino claro das Escrituras. Assim, a conduta deve ser moldada pela orientação
doutrinária.
Os apóstolos e os
profetas, considerados o fundamento do edifício santo que constitui a família
de Deus, são os mensageiros autorizados por Deus para orientar o Seu povo, por
meio da revelação (Efésios 2: 20; 3:5).
Quando o escritor
de Provérbios afirma que “onde não há profecia, o povo se corrompe”, pretende
ensinar-nos a verdade de que onde não existe ensino, revelação da vontade
divina, diga-se, doutrina, o povo perde as referências para viver dentro dos
limites estabelecidos e, consequentemente, entra num processo crescente de
confusão doutrinária e ética e de degradação moral.
A revelação da
vontade de Deus (profecia), consubstanciada na Palavra escrita, serve de âncora
na preservação da fé do povo redimido, contra as heresias e práticas religiosas
não bíblicas, contribuindo, desta forma, para uma experiência feliz que evidencia o fruto do Espírito.
Soli Deo
Gloria!