“ Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou,
antes, o entregou por todos nós, como
não nos dará também com ele todas as coisas?”
(Romanos 8: 32)
O relato bíblico
que conta a história da saída do povo de Israel do Egito configura um quadro
bastante ilustrativo, no que diz respeito à história da salvação da humanidade,
em geral, e de cada indivíduo, em particular.
Quando o tempo
determinado pela soberana vontade chegou, Deus resolveu dar fim à humilhação e
ao desprezo pelos quais os descendentes de Abraão, Seu amigo, estavam a passar
(2 Crónicas 20:7, cf. Tiago 2:23). Moisés, cuja vida
revelou o poder providencial de Deus, foi o líder escolhido para “comandar” a
longa e demorada peregrinação até às portas da Terra Prometida.
Quando, sob a
orientação de Moisés, o povo de Israel se preparava para deixar “a terra da
escravidão”, Deus puniu os egípcios pela sua maldade e idolatria, castigando-os
com a décima praga, que culminou na morte de todos os seus primogénitos,
trazendo um clamor indescritível e sem paralelo (Êxodo 11:6).
Contudo, antes do
dia da execução da punição dos egípcios, os israelitas foram aconselhados a
marcar os umbrais e as vergas das portas das suas casas com o sangue do
cordeiro (ou cabrito), com requisitos específicos: os animais deviam ser
machos, adultos (de um ano) e sem defeito (Êxodo 12: 5).
A obediência ou
não a esta orientação divina, dada a
Moisés e a Arão, seria determinante para a vida ou morte dos primogénitos dos
filhos de Israel. O sangue colocado sobre os umbrais e as vergas das portas
seria “o sinal” claro de que uma vida tinha sido dada para preservar as demais
(Êxodo 12: 12-13).
O significado
moral e espiritual deste facto dramático tornou-se evidente quando o Senhor
estabeleceu a Páscoa como um memorial a ser guardado e celebrado por estatuto
perpétuo (Êxodo 12: 14).
Quando o Senhor
Jesus veio ao mundo e morreu na cruz, a sua morte representou o clímax
de todos os sacrifícios, para o qual a Páscoa judaica apontava. Assim como o
sangue dos cordeiros (ou cabritos) poupou a vida dos primogénitos dos
israelitas, assim também o sangue “do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo”, poupa a todos os que nele se lavam e se purificam.
A Bíblia, sem
hesitação, afirma que foi Deus, o Pai, que entregou o Seu Filho à morte, não como
um mártir ocasional, mas sim, como expressão de garantia da própria vida divina
doada. Ele veio para que, através da fé nele, homens e mulheres
experimentassem a plenitude da verdadeira vida (João 10: 10).
Depois de
demonstrar o poder salvador de Deus na presciência, na predestinação,
na chamada eficaz, na justificação e na glorificação final
dos santos, Paulo afirma com toda a segurança que, se Deus é por nós, nenhum
outro poder cósmico nos poderá arrancar das Suas mãos, separando-nos do seu
amor, e que nenhuma acusação, por mais fundamentada que seja, nos poderá
afetar, visto ser o próprio Deus quem nos declara justos e “inocentes” (Romanos
8: 31, 33).
Se Cristo pagou o
preço por nós, derramando o seu precioso sangue, então, não existe mais
sacrifício a ser exigido para que sejamos absolvidos da condenação eterna (Romanos
8: 34).
Tudo isso é
verdade porque Deus, o Pai, fez o mais difícil - deu-nos o melhor de Si mesmo -
o Seu próprio Filho. Sacrificou-o na cruz por nós, a fim de que a sua morte nos
garantisse vida. Deus não poupou o Seu Filho para que nós fossemos
“poupados” da morte certa e da merecida condenação eterna .
Que esta preciosa
verdade, a segurança da nossa salvação, “inunde” as nossas mentes, fortalecendo
a nossa fé, estimulando-nos a assumir um compromisso mais sólido na proclamação
do evangelho da salvação, a todos aqueles que carecem da vida abundante que há
no Senhor ressurreto. Soli Deo Gloria!
Pr.
Samuel Quimputo
Boletim 149
abril 2014
Boletim 149
abril 2014