A oração sacerdotal do Senhor Jesus


LEITURAS BÍBLICAS NA SEMANA SANTA
(“Maçãs de ouro em salvas de prata”)

Quinta-feira da Semana da Paixão
João 17:1-26 – A oração sacerdotal do Senhor Jesus

O ministério do Senhor Jesus foi todo ele marcado pela oração, e esta é seguramente a sua oração maior, no fim do tempo que passou com seus discípulos. A celebração da Ceia Pascal, a instituição e celebração da Ceia do Senhor, e os ensinos de preparação, encorajamento e consolação aos discípulos no final da quinta-feira da paixão culminaram nesta impressionante oração, lá por volta da meia-noite.

Das 650 orações registadas na Bíblia, esta é de todas a maior. E compreende-se porquê: pela pessoa que a fez; pela ocasião em que Jesus a fez, a dois passos de ser entregue e se separar dos seus discípulos; pelo altruísmo e grandeza das suas petições; pela alegria da vitória e a bênção que também a nós inspira.

Divide-se esta oração em três partes: Jesus ora por Si mesmo (17:1-5), ora por seus discípulos (17:6-19), e ora pela sua Igreja (17:20-26). Quatro vezes nesta oração Jesus diz que o Pai o enviou (vs. 3,18, 21, 25); quatro palavras resumem as suas principais súplicas: glória, segurança, santidade e unidade (vs. 1-5, 6-12, 13-19, 20-26); e três dons maravilhosos Ele diz que nos concedeu: a vida eterna (v. 2), a Palavra de Deus (vs. 8, 14), e a glória de Deus (v. 22). Dezanove vezes usa a palavra ‘mundo’ em vários sentidos: mundo perigoso, maculado, poluído, aviltado e corrompido em que somos atribulados, mas um mundo em que também somos protegidos e guardados do mal pelo socorro e amparo divinos.

A palavra bíblica aqui traduzida por dar, conferir, conceder, confiar e seus derivados é uma das palavras mais importantes nesta oração de Jesus. Das 76 vezes que ela ocorre neste Evangelho, 17 vezes é usada por Jesus na sua oração. Sugiro que os irmãos façam o exercício de as sublinhar e que se detenham na riqueza da sua mensagem. O Pai deu ao Filho autoridade sobre todas as coisas: a autoridade de morrer e ressuscitar, a autoridade de julgar, a autoridade de dar a vida eterna a todos os que o Pai lhe deu.

A nossa união com Cristo é segura porque Cristo orou por nós (vs. 9, 15), porque Cristo continua a orar por nós (v. 11), porque nós somos o dom que Deus Pai deu ao seu Filho (v. 9, 11), e porque Deus é glorificado em nós (v. 10). É, firmados em Cristo e na verdade que nós somos santificados (vs. 17-19), e é pela nossa vida consagrada a Cristo que a nossa unidade se alimenta e sustenta (vs. 21-23). O modelo perfeito da nossa santificação é Cristo, na sua humildade, submissão, compaixão e obediência ao Pai (v. 19). E, se permanecemos espiritualmente unidos é porque cremos no mesmo Salvador (vs. 20 e 21), partilhamos a mesma glória (vs. 22 e 24), e disfrutamos o mesmo amor (v. 23-26). 

A vida é curta demais e a nossa união com Cristo preciosa demais, para a desperdiçarmos em banalidades. Se queremos vencer o mundo, teremos de nos recusar a imitá-lo, e abandonar os seus padrões de sucesso. As prioridades cristãs que Jesus acentua nesta sua oração são: a glória de Deus, oito vezes aqui referida; a verdade, e Jesus Cristo é a Verdade; a segurança na comunhão com Cristo; a obediência a Cristo e sua palavra; a unidade espiritual que brota de vidas consagradas. É nisso que o Senhor Jesus é verdadeiramente glorificado.

Pastor Manuel Alexandre Júnior