A SANTIDADE DE DEUS

A doutrina da Santidade é umas das doutrinas mais esclarecedoras e que distingue o Criador e Único Deus de todas as Suas criaturas. Ela expressa a combinação da grandeza e da bondade de Deus, numa escala inatingível e com uma profundidade insondável.
Este será a nossa primeira doutrina sobre Deus, enquadrada nos chamados atributos comunicáveis de Deus, isto é, características ou qualidades divinas que são compartilhadas (ou comunicadas) às criaturas morais e espirituais.
Quando pensamos na santidade de Deus, geralmente, associamos esta característica, quase exclusivamente, a pureza e a justiça divinas. Certamente a ideia da santidade contém as duas virtudes. Contudo, existe um outro aspecto que possui o carácter central e primário quanto ao conceito da santidade.
A palavra bíblica “santo” possui dois significados distintos. O significado primário é o da “separação” ou “distinção”. Quando a Bíblia afirma que Deus é santo, ela aponta, em primeiro lugar, para a profunda diferença existente entre Ele e toda a Sua criação. Refere-se à majestade transcendente de Deus, isto é, à Sua augusta superioridade, em virtude de que Ele é digno de toda a honra, reverência, adoração e louvor. Ele é ‘distinto’ ou diferente de nós (e de todas as criaturas) em glória.
Segundo o claro ensino das Escrituras, santificar é colocar à parte; é consagrar algo para um propósito e uso especiais; é diferenciar daquilo que é comum (pessoas, objectos, tempo, etc.).
O que torna a criatura santa não é, diferentemente da pessoa de Deus, a sua essência própria, mas, sim, a sua proximidade com a santidade divina. É a aproximação ao divino, ou seja, ao Deus santo, que torna o ordinário subitamente extraordinário, transformando aquilo que é comum em incomum (invulgar ou especial).
O significado secundário de santo refere-se às acções puras e justas de Deus. Ele faz sempre o que é certo. Nunca erra. Ele age de maneira certa porque a Sua natureza é santa. Este segundo transmite a ideia da excelência moral de Deus.
Isto leva-nos a uma observação muito importante acerca da justiça de Deus. Podemos distinguí-la de duas maneiras:
1ª a justiça interna de Deus (a Sua natureza);
2ª a justiça externa de Deus (as Suas acções)
Podemos, assim, concluir que Deus é grandioso e bom porque Ele é Santo. Os Seus motivos são puros e as Suas acções são justas. A motivação que move as realizações divinas é pura e não contém dolo. As Sua intenções não são ambíguas.
Como povo do Deus santo, somos chamados a ser santos. Isso não significa que participamos da Sua majestade, mas que devemos ser diferentes da nossa natureza pecaminosa “normal” como criaturas caídas. Significa que devemos, seguindo o exemplo do Senhor Jesus, viver de modo a glorificar Deus, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para cumprir a Sua santa vontade (Romanos 12: 1,2; 1 Pedro 3: 15).
O desafio que nos é colocado é o de reflectirmos o carácter, a imagem e a actividade moral de Deus, imitando a Sua bondade e rectidão. Devemos ser santos porque Ele é Santo (1 Pedro 1: 15,16).
Amém!

Textos de apoio: Êxodo 3:1-6; I Samuel 2:2; Salmo 99: 1-9; Isaías 6: 1-13; Apocalipse 4:1-11

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul e Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).