O CÂNON DAS ESCRITURAS

Lucas 24: 44,45; I Cor. 15: 3-8; 2 Timóteo 3: 16,17; 2 Pedro 1:19-21; 2 Pedro 3: 14-16

Quando pensamos na Bíblia, pensamos um Livro volumoso e único. Na realidade, a Bíblia (Biblia, plural de Biblos) é uma pequena biblioteca composta de 66 livros individuais. Juntos, tais livros formam o que denominamos Cânon da Escritura Sagrada.
O termo Cânon deriva-se de uma palavra grega que significa ‘vara de medir’, ou ‘norma’. Em termos históricos, a Bíblia tem sido a regra autoritária de fé e prática.
Existe um acordo (quase) unânime entre católicos e protestantes quanto aos livros que compõem o Novo Testamento. As divergências surgem em relação aos livros do Antigo Testamento.
Os livros em causa chamam-se apócrifos (apókryphos – oculto, não autêntico, que contém erros, não canónico) ou deuterocanónicos. Os católicos consideram-nos canónicos, enquanto que os protestantes negam a sua canonicidade, visto que estes livros foram escritos depois do encerramento do Antigo Testamento e antes do começo do Novo. Existem fortes evidências de que os escritos apócrifos não eram incluídos no cânon palestiniano dos judeus. É provável que tenham sido os judeus que viviam no Egipto que os introduziram no cânon alexandrino (traduzindo-os, posteriormente, para o grego).
O primeiro Cânon formal do Novo Testamento foi criado pelo herege Marcião produziu a sua própria versão da Bíblia. Para combatê-lo a Igreja descobriu (decididamente) que era preciso declarar qual o conteúdo exacto do Novo Testamento.
Embora a grande maioria dos livros que compõem o Novo Testamento actual funcionasse, desde os primórdios, como autoridade canónica, houve várias personalidades que suscitaram algumas discussões sérias (com muito debate) quanto à sua inclusão no Cânon. Esses livros incluíam Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e Apocalipse.
Houve também outros livros que disputavam a condição de canonicidade mas que foram excluídos. A maioria deles compunha-se de obras espúrias escritas por hereges gnósticos do século II. Tais livros nunca receberam consideração séria, acabando por ser rejeitados por não possuírem dimensão e qualidade canónicas.
Apenas dois ou três livros foram levados em consideração, e são eles:
I Clemente, O Pastor de Hermas e O Didaquê. Estes livros não foram incluídos no Cânon porque não formam escritos por apóstolos, nem por pessoas por eles indicadas. Os próprios escritores reconheceram a sua subordinação à autoridade apostólica.
Houve um longo processo na selecção histórica dos livros canónicos.
Como ter a certeza da fidelidade dos livros aprovados pelos concílios?
A Igreja Católica responde com a infalibilidade da igreja. Para os católicos é a igreja que ‘cria’ o cânon, demonstrando, assim, autoridade igual à da própria Bíblia.
O protestantismo nega a infalibilidade da Igreja assim como o ensino de que a Igreja tenha ‘criado’ o cânon.
As posições podem ser resumidas da seguinte maneira:
O Cânon é uma colecção infalível de livros infalíveis (Catolicismo Romano);
O Cânon é uma colecção falível de livros infalíveis (Protestantismo clássico);
O Cânon é uma colecção falível de livros falíveis (Críticos Liberais).

Critérios de Avaliação dos livros canónicos
1º Tinham de possuir autoria (ou endosso) apostólica;
2º Tinham de ser recebidos como autoridades (autoridade reconhecida) pela Igreja primitiva;
3º Tinham de estar em harmonia com os livros a respeito dos quais não havia dúvidas, isto é, tinham que revelar coerência canónica.
Concluímos, pois, dizendo, que o Espírito da Verdade purificou a verdade que revela o plano de Deus para a salvação da humanidade, através de concílios e do dom de discernimento dado ao Seu povo.

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul e Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).
Pastor Samuel Quimputo