“E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum”
Deus é bom. A Sua natureza é, por inerência, boa. Tudo o que constitui o Seu ser obedece ao grau mais elevado da excelência moral e da pureza espiritual.
Para a maioria dos crentes, estas afirmações são óbvias. Contudo, é necessário enfatizá-las vezes sem conta, visto que faz parte da natureza humana duvidar destas verdades, sobretudo quando nos confrontamos com uma situação menos boa, ou quando algum ensino bíblico “choca” com a nossa débil forma de raciocinar. Com muita frequência pomos em causa a bondade de Deus e a Sua omnisciência, chegando mesmo ao atrevimento (diabólico) de avaliar, julgar e estabelecer sentenças sancionatórias acerca das afirmações bíblicas, quando estas não se enquadram no nosso “esquema” de raciocínio mental. Por esta razão, nunca é de mais salientarmos o carácter imaculado daquele que nos criou e que cuida de nós, apesar da nossa ingratidão, rebeldia e indiferença.
Por ser bom, Deus é também bondoso. Todas as Suas atitudes e acções, no relacionamento com as Suas criaturas, se caracterizam pela bondade. Não há nele maldade nem ambiguidade. A Sua bondade revela-se, de um modo especial, na forma como elabora o Seu grande plano de salvação, em toda a sua dimensão.
A salvação que Ele nos outorga é uma experiência de relacionamento pessoal. Quer dizer que o salvo entra num estado ou numa esfera espiritual, usufruindo e gozando de uma correcta relação com Deus. Cada crente é alguém que foi, por meio de um poder sobrenatural, transportado (transferido) de um domínio opressor, das trevas para uma realidade espiritual, cujo Rei é o amado Filho de Deus (Colossenses 1: 12, 13).
Embora o crente já se encontre a gozar de muitos privilégios característicos deste novo reino (ou governo), ele ainda trava uma dura e agonizante luta contra quatro inimigos implacáveis: o diabo, a carne, o pecado e o mundo. E enquanto viver neste mundo decaído, num sistema dirigido e controlado pelo príncipe das trevas, esta luta não conhecerá tréguas, cujos impactos irão, ao longo do tempo, provocar tristeza, dúvida e desânimo.
Contudo, como Deus é bom, Ele providenciou os meios necessários para suprir as necessidades e as carências dos Seus filhos.
Para além da presença, do amparo e da orientação do Espírito Santo, Ele colocou cada salvo numa família, que é a Sua Igreja. E, assim como os vários membros de um organismo vivem e agem numa relação de interdependência e mútuo benefício, assim também os salvos constituem uma comunidade vital e funcional, representada, de um modo concreto, pela igreja local. Esta entidade proporciona a cada crente benefícios sem medida, funcionando como:
a) elemento de persuasão: quer dizer que o ambiente comunitário proporciona ao crente, para a sua saúde espiritual, uma influência positiva de carácter persuasivo, que o estimula a viver de forma sadia;
b) espaço de apoio espiritual: significa que a igreja local é um espaço adequado, onde o crente que enfrenta desafios e lutas diárias encontra o suporte necessário, através do ensino, da exortação e do incentivo dos irmãos, a fim de prosseguir na sua caminhada de fé;
c) agente promotor da maturidade espiritual: visto que o crescimento espiritual resulta do “alimentar-se” da Palavra e do exercício prático do amor, o crente encontra, na igreja local, o espaço adequado para exercitar os seus dons, servindo e adorando a Deus, ministrando os outros. Assim, ele crescerá de forma equilibrada e saudável, dando e recebendo, com graça e por meio da graça. É desta forma que o crente glorifica a Deus e contribui para a edificação da Sua Igreja.
Envolvamo-nos, todos, num compromisso renovado, na vida comunitária da nossa igreja local, estimulando a fé uns dos outros, servindo-nos uns aos outros com amor, alegria e abnegação.
Soli Deo Gloria
Pr. Samuel Quimputo
No Boletim nº 97
Dezembro 2009