1. CRISTO – O PROFETA
O Cristianismo é uma fé baseada na Revelação, no conhecimento do verdadeiro Deus. Portanto, a fé cristã não é uma simples filosofia ou uma religião em que o Homem , usando as suas capacidades e faculdades intelectuais, procura encontrar Deus ou a Causa última da existência.
Antes pelo contrário, a fé cristã é uma vivência fundamentada na Revelação, exclusiva e suficiente, das Sagradas Escrituras. E, todo aquele que professa essa fé deve ser capaz de justificar a razão da sua confiança (e esperança) nela (I Pedro 3: 15).
Embora a Bíblia não seja o único meio através do qual Deus se revelou, visto tê-lo feito também pela história, pela natureza e pela criação, é através dela que o Criador se revelou de forma mais clara e específica. É pela Bíblia que a Sua pessoa e os Seus atributos morais são manifestamente expressos.
Todas as tentativas filosóficas e, muitas vezes, especulativas não são (e nunca foram) suficientes de modo a proporcionar o conhecimento do verdadeiro Deus, visto que as próprias faculdades de compreensão e de percepção espirituais sofreram danos, e foram obscurecidas pelo pecado. Assim, somos levados a concordar com o pensador e matemático francês Blaise Pascal, ao afirmar que “ a suprema realização da razão é indicar-nos o limite da razão”. Esta verdade é comprovada pelas Escrituras. Paulo disse que “o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria” (ICoríntios 1: 21 cf. Romanos 1: 18 – 23).
A única fonte fidedigna, da qual recebemos a mais clara revelação de Deus, é (e deve ser) a Bíblia. Ela é a Palavra de Deus, infalível em todas as questões de fé e de conduta, a autoridade padrão em questões de teologia.
Depois de abordarmos as doutrinas relacionadas à Pessoa do Senhor Jesus, chegou o momento de analisarmos a Sua Obra, visto que só um conhecimento da Sua Pessoa nos pode capacitar a compreender a Sua magnífica obra e, consequentemente, a nossa própria salvação. “É completamente impossível entender a obra do Senhor Jesus Cristo até que sejamos esclarecidos sobre a Sua Pessoa” (Martin Lloyd-Jones). Os próprios discípulos só chegaram a entender a obra do Senhor Jesus à luz da Sua ressurreição. Este facto foi determinante na compreensão da Sua missão e da Sua obra redentora (João 16; 12, 13). Não podemos compreender a Sua morte e a expiação efectuada a não ser que, em primeiro lugar, tenhamos um claro entendimento acerca de quem Ele é, realmente.
A vinda do Senhor Jesus ao mundo teve dois propósitos básicos: reconciliar-nos com Deus e restaurar-nos àquela condição da qual caímos com Adão. A obra realizada pelo Senhor é, portanto, reconciliadora e restauradora. Ele agiu desta forma na qualidade de Mediador entre Deus e os homens (Actos4: 12).
Como Mediador e Redentor, o Seu Ofício teve três funções principais: de Profeta, de Sacerdote e de Rei. Evidentemente, os três ofícios estão concomitantemente relacionados. Ele é um Profeta sacerdotal e um Profeta real; um Sacerdote profético e um Sacerdote real; um Rei profético e um Rei sacerdotal.
Como humano decaídos que somos, precisamos de um profeta, porque é necessário que sejamos libertos e salvos da ignorância espiritual resultante do pecado, visto que a queda afectou homens e mulheres, deixando-os sem conhecimento natural do Deus vivo (Isaías 9: 2; Efésios 4: 17: 18).
Como Profeta, o Senhor Jesus é o mensageiro de Deus, a quem foi dada uma palavra profética a ser transmitida. “O profeta é um homem a quem foi confiada uma mensagem da parte de Deus” (Martin Lloy-Jones). A profecia envolve prenúncio e predição (2 Pedro 1: 20,21).
Por acréscimo, na Sua função de Profeta, o Senhor Jesus foi um mestre e um instrutor incomparável (Deuteronómio 18: 15 cf. Actos 3: 19 –26). Ele é o verdadeiro profeta que havia de vir ao mundo (Lucas 13: 33;João 6: 14). O Senhor Jesus sempre falou na qualidade de profeta autorizado de Deus (João 8: 26; 14:10; 12: 49,50).
Tudo isso é sumariado pela designação de “Logos”, o Verbo de Deus. É Ele o verdadeiro agente revelador de Deus, o Pai (João 1: 18).
O Espírito Santo continuou a função profética do Senhor Jesus (João 16: 13,14). As Suas palavras, proferidas com autoridade, exercem julgamento (João 12: 47,48; 15: 22).
(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul, Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd, Teologia Sistemática de Wayne Gruden)