“Contudo, pouco menor o fizeste do
que Deus e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio
sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: todas as
ovelhas e bois, assim como os animais do campo; as aves dos céus, e os peixes
do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.”
Salmo 8: 5, 6)
Não há no mundo
literatura que desafie tanto a inteligência humana como a Bíblia. É
impressionante a forma como ela penetra o âmago da mente do ser humano,
desafiando-o a repensar e reformular os
seus pressupostos que estão na base da sua ciência e a reinterpretar a história
da sua existência.
A forma simples,
mas penetrante, como o faz, confirma a veracidade da sua origem sobrenatural e
divina; facto esse que nos leva, a todos quantos desejamos entender a sua
mensagem, a assumirmos uma postura de “aprendizes” e a adotarmos uma
atitude de humildade diante da Palavra, que tudo sonda e perscruta (Hebreus4:12,13).
Ao penetrar os
meandros da mente humana, a Bíblia impulsiona-nos e predispõe-nos a refazer (e reformular) toda
a nossa construção mental no que diz respeito a nós mesmos, ao mundo que nos
rodeia, ao propósito da nossa existência e, por fim, ao papel que devemos
desempenhar na nossa relação com o Criador e com a Sua criação.
O salmo 8 é um
grito de adoração ao Deus da glória que se revelou, manifestando a Sua
majestade nos céus e na singularidade da criação do ser humano, obra prima da
Sua cândida capacidade de “invenção”.
Ao mesmo tempo
que eleva a glória divina e a excelência da Sua obra, Davi, sob inspiração
divina, revela-nos algo que contraria toda a teoria que considera o ser humano
como resultado de um processo evolutivo, meramente mecânico e acidental
que, com o tempo, se foi diferenciando do resto dos outros animais, até se
tornar um homo sapiens, capaz de criar e de apreciar a arte.
Segundo o ensino
claro das Escrituras, corroborado pelo grande
poeta e rei Davi, o Homem foi criado de modo diferente, distinto do
resto dos seres vivos. Ele foi criado acima dos mesmos e pouco menor (ou
abaixo) do que Deus (elohim) ou dos anjos (segundo a tradução da Septuaginta)
(v.5).
Esta afirmação
demonstra, por si só, que desde o princípio da criação, o ser humano foi
distinguido e diferenciado do resto dos seres vivos criados, e que, por causa
dessa relativa, mas enfática, superioridade, foi incumbido de exercer
domínio sobre eles, não como seu dono mas como mordomo de Deus (v.6).
Concluímos, pois,
que uma das funções implícitas no propósito que esteve na base da criação
do Homem é o de gerir a criação de Deus. O Criador, graciosamente,
delegou o governo da Sua criação (em especial do planeta Terra) ao ser que
trazia as marcas da Sua própria personalidade: a capacidade controlar, de
dominar e de gerir o que fora criado. Com esta incumbência, o Homem tornou-se o
gerente-mor dos recursos que
foram colocados ao seu dispor, tornando-o responsável pelo seu cuidado e
bem-estar.
Que o Senhor nos
dê sabedoria vinda do alto, de modo a gerir da melhor maneira os recursos que
vai colocando ao nosso dispor, conscientes de que Ele, e somente Ele, é o
Dono e Senhor de toda a criação e nós somos, apenas, seus submissos e privilegiados mordomos.
Soli Deo Gloria!
Pr. Samuel Quimputo
in Boletim 136
24 fevereiro 2013