“Então, disse-lhe: Se a tua presença não for connosco,
não nos faça subir daqui”
(Êxodo 33: 15)
Alguém afirmou
que o que torna o céu “um lugar encantador e incomparavelmente maravilhoso é a
presença de Deus”. Esta afirmação contém uma verdade bíblica incontestável,
visto que Deus é o único ser ontologicamente perfeito, em cuja presença tudo se
torna belo e adquire real significado.
As vidas de Adão
e Eva ficaram arruinadas porque se afastaram de Deus (Génesis 3:8). A
vida de Enoque foi positivamente marcada pelo facto de que ele “andou com Deus”
(Génesis 5: 22, 24). Noé foi salvo e poupado do dilúvio que inundou a
terra e vitimou quase a totalidade dos seus habitantes. Essa singular salvação
do patriarca (e da sua família mais próxima) teve a ver com o facto de que “Noé
achou graça aos olhos do Senhor” e, também, porque ele “andava com Deus” (Génesis
6: 8, 9c). O jovem José esteve à altura dos desafios que enfrentou diante
do implacável assédio da mulher de Putifar;
sofreu e venceu a injustiça, dentro e fora da prisão; encarou e perdoou
os seus invejosos irmãos; demonstrou extraordinária capacidade de gestão
socioeconómica da nação mais poderosa do seu tempo, o grande Egito. A
explicação bíblica para todo esse sucesso encontra-se no facto de que “o Senhor
estava com ele” (Génesis 39: 3,21,23). O próprio Faraó ficou convencido
de que “nele se encontrava o Espírito de Deus (Génesis 41: 38).
Ao longo de todo
o relato bíblico, o traço que carateriza aqueles que foram usados por Deus,
independentemente das suas fraquezas e limitações, é que todos estiveram “perto
do Senhor”, aprenderam a andar humildemente com Ele. Podemos, portanto,
concluir que o segredo para uma espiritualidade vitoriosa, sadia e
equilibrada encontra-se numa experiência
de intimidade com o Senhor (Salmo 25:14).
Moisés, o grande
libertador do povo de Israel e mediador humano por meio de quem Deus
providenciou o código moral e o padrão de conduta, que revela a santidade e a
bondade de Yahweh (Jeová), percebeu, como poucos o conseguem discernir, que o
que dá sentido à vida e a torna próspera é a presença e a liberdade de ação do
Espírito do Senhor em nós, que proporciona uma experiência de intimidade e de
comunhão com aquele que é a fonte de toda a graça e bênção.
Embora a certeza
da entrada na terra prometida fosse uma certeza e constituísse motivo de grande
alegria, Moisés sabia que só a presença divina, sinalizada com o seu
amor fiel e imutável, faria com que tudo adquirisse brilho e se tornasse belo.
O usufruto das
bênçãos de Deus sem a presença e a comunhão com o Deus que abençoa pode
conduzir à idolatria, que sempre escraviza e dececiona. Para Moisés, a
continuação da viagem só faria sentido se o “Grande Companheiro” estivesse
presente. Sem Deus a peregrinação
deixaria de ser segura, a terra prometida perderia o seu encanto.
Tudo ficaria sem cor e sem graça (Êxodo 34: 9).
Que neste novo ano
que se avizinha, a presença do Emanuel se torne mais real e adorne o nosso
viver, santifique o nosso serviço e ilumine o nosso caminhar, para bênção de
muitos e para louvor do Seu nome. Soli Deo Gloria!
Pr. Samuel Quimputo
in Boletim 146
29dez2013