A chamada do apóstolo Paulo

 Atos 9.1-31 

Estamos sempre a discutir sobre quem é o melhor em muitas áreas. Quem é o maior jogador de futebol que já existiu? Quem é o melhor professor desta ou daquela disciplina? Quem é o melhor cozinheiro ou confeiteiro? Quem é o melhor cantor(a)? Etc. A resposta é clara, no entanto, quando perguntamos a identidade do maior teólogo que já existiu – o apóstolo Paulo. Ele foi também o maior missionário e líder da história do cristianismo. O que Deus operou em e através da vida desse homem supera a nossa imaginação (Sproul, 2017). 

A vida de Paulo mudou radicalmente depois de seu encontro com o Senhor Jesus na estrada de Damasco. Em menos de uma semana aquele que  respirava “ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor” (At 9.1) foi transformado naquele que “pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho de Deus” (At 9.20). 

A conversão de Paulo é relatada três vezes em Atos (9, 22, 26). Grande parte de Atos é uma descrição do seu perfil. Ele foi a maior expressão do judaísmo antes da sua conversão e tornou-se a maior expressão da igreja cristã após a sua conversão.  

A vida de Paulo antes de seu encontro com Jesus (Atos 7.58–8.3). Paulo nasceu na Ásia Menor, na cidade de Tarso; daí ele ser chamado Saulo de Tarso, sendo Paulo o nome que ele usava nos círculos gentios. Até Atos 13.9 o apóstolo Paulo (seu nome romano) é designado unicamente com seu nome hebraico, Saulo. Porque o pai de Paulo era um cidadão romano, Paulo nasceu livre, e herdou a cidadania do seu pai (At 22.28). Tarso estava no extremo sudeste da Ásia Menor, perto de Antioquia da Síria, apenas um pouco ao norte de Jerusalém. Tarso estava nas rotas comerciais, onde todas as mercadorias eram transportadas da Europa e sul da Ásia, através do Oriente Médio, descendo para a África e voltando. Na antiguidade Tarso era uma das cidades mais ricas da região. Tarso tinha uma das maiores universidades do mundo naquela época, comparadas aos centros académicos de Atenas e Alexandria. Tarso era uma cidade onde os mercadores, estudiosos, intelectuais e viajantes de todo o mundo interagiam. O jovem Paulo cresceu nesse ambiente. Inicialmente ele seguiu a tradição comum daquele tempo, que era aprender uma profissão sendo um aprendiz. Uma das profissões mais lucrativas naquela época na região era fazer tendas. Como um jovem rapaz, Paulo aprendeu o ofício de fazer tendas, que lhe serviu bem durante sua vida (Sproul, 2017).

Aos 13 anos de idade, foi mandado de Tarso para Jerusalém e encaminhado para receber instrução rabínica formal (Atos 5). Paulo estudou sob a orientação do Dr. Gamaliel (At 5) e recebeu a mais refinada educação cultural e religiosa (22.3). Assim como o seu orientador, tornou-se adepto da ala mais radical do judaísmo, a seita dos fariseus (22.3). Paulo recebeu formação completa e diversificada. Ele nasceu no berço do judaísmo: “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei fariseu” (Fp 3.5; Gl 1.14). Por ter crescido em Tarso, era bastante familiarizado com a cultura, a retórica, a filosofia e a educação (Paideia) grega (At 17.22-31). 

Sproul (2017:137-138) observa que Paulo era bem conhecido dentro e fora dos círculos académicos de Jerusalém, onde o encontramos presente no apedrejamento de Estevão. “As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo” (7.58). Dois versos adiante Lucas nos diz, “E Saulo consentia na sua morte” (8.1). Esta é a primeira informação que recebemos de Paulo na história bíblica. 

Não era apenas a sua erudição conhecida por todos na comunidade, mas sua profunda hostilidade ao cristianismo também era bem conhecida. Lucas informa que Paulo não somente consentiu no assassinato de Estevão, mas ele causou grandes estragos na igreja primitiva. “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (8.3). Ele estava determinado a banir da terra o cristianismo (9.1,21; 22.20; 26.11; 1Tm 1.13).  

Encontro com o Senhor Glorificado (9.3-5). Muitos cristãos para escapar da perseguição, foram para Damasco. E agora, munido de ordens de extradição do sumo sacerdote, Paulo dispõe-se a ir a Damasco para prender e arrastar presos para Jerusalém aqueles do Caminho - que confessavam o nome de Cristo (9.1,2; 13, 14;  22.5). “Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor” (9.3). Paulo estava quase chegando a Damasco. Baseado em alguns dos outros registos em Atos, sabemos que era perto do meio-dia, quando o sol brilha mais forte, que lhe apareceu uma luz do céu. Era tão resplandecente (como um raio) que praticamente obscureceu a luz do sol. O que Paulo experimentou era evidentemente de origem sobrenatural, e ele foi atirado ao chão. Imediatamente depois, ele ouviu estas palavras em hebraico: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (9.4; 26.14). 

Jesus já havia ascendido ao céu; sua perseguição havia terminado, mas o facto de ele afirmar estar sendo perseguido por Saulo mostra como ele se identifica com seu povo. Jesus estava a dizer, “Se você persegue ao meu povo, você persegue a mim”. Em todos os lugares do mundo, da primitiva igreja até os dias de hoje, os ataques contra o povo de Deus são de facto ataques contra Jesus. Então perguntou, “Quem és tu, Senhor?” (9.5). A resposta veio, “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. [Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões]” (9.5 - ARC).  

Este era um provérbio grego, em geral aplicado a todo esforço inútil (González, 2011:151). Esta referência aos aguilhões pode não significar muito para nós, mas “na antiguidade grande parte da produção era transportada através de carros de boi, e algumas vezes os bois, eram muito teimosos, então os condutores necessitavam chicoteá-los para conseguir que os mesmos se movessem. Por vezes o toque do chicote tornava os bois ainda mais obstinados e eles davam coices na carroça, o que poderia quebrá-la. Para prevenir isso, os condutores fixavam aguilhões na frente do carro de boi, e quando o boi coiceava contra o aguilhão, o desconforto que causava fazia com que se movesse. Algumas vezes quando isso acontecia, o aguilhão perfurava seu casco causando-lhe dor maior, o que tornava-o ainda mais irritado e coiceava o aguilhão novamente. Jesus estava dizendo, “Saulo, seu boi estúpido! Você não é diferente dos bois que dão coices nos seus aguilhões, ao ser hostil contra mim”. Resistir ao senhorio de Cristo não é somente pecaminoso, é estúpido, porque Deus levantou-o do túmulo, colocou-o à sua destra e deu-lhe toda autoridade no céu e na terra e chama a todos para dobrarem os joelhos diante Dele” (Sproul, 2017:140-142). 

A transformação de Paulo. Então Paulo, “tremendo e atónito, disse: Senhor, que queres que faça?” (9.6 - ARC, 26.14 - ARA). Existe alguma outra resposta possível quando somos convertidos a Cristo? Após a conversão, nossas prioridades mudam dramaticamente, e foi o que aconteceu com Paulo. A autossuficiência de Paulo acaba no caminho de Damasco. Ele reconhece que precisa ser guiado pelo Senhor (22.10). Então disse-lhe o Senhor: “Mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer. Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém. Então, se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco” (9.6–8). Cristo capturou Paulo antes que ele pudesse capturar qualquer crente em Damasco. Ele “esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu” (9.9). Três dias para Paulo de Tarso meditar no que aconteceu com ele na estrada de Damasco.  

Princípios e Aplicações:

  • Paulo não se converteu, ele foi convertido (9.3–6). A salvação de Paulo não foi iniciativa dele; foi iniciativa de Jesus. Não foi Paulo quem clamou por Jesus; foi Jesus quem chamou pelo nome dele. No momento de sua conversão Paulo estava no caminho de Damasco, com a intenção de prender os cristãos. Se disséssemos a Paulo que antes de chegar a Damasco ele se tornaria cristão, ele teria considerado ridícula a ideia. Mas foi o que aconteceu (Stott, 2008:190-191). A causa da conversão de Paulo foi a graça soberana de Deus. O Novo Testamento ensina que a salvação é obra exclusiva de Deus (Lopes, 2012:200). Não é o homem que reconcilia-se com Deus; é Deus quem está em Cristo reconciliando consigo o mundo (2Co 5.18).
  • A conversão de Paulo no caminho de Damasco foi o clímax repentino de um longo processo (At 26.14). Gradualmente, Jesus picou a consciência de Paulo com os seus aguilhões. Além disso, a conversão de Paulo não foi compulsiva (9.4–8). Cristo jogou-o ao chão, mas não violentou sua personalidade. Sua conversão não foi um transe hipnótico. Jesus apelou para sua razão e para o seu entendimento. A resposta e a obediência de Paulo foram racionais, conscientes e livres. Jesus revelou-se a Paulo pela luz e pela voz, não para esmagá-lo, mas para salvá-lo. A graça de Deus não aprisiona; é o pecado que prende. A graça de Deus liberta-nos da escravidão do nosso orgulho, fazendo-nos capazes de nos arrepender e crer. 
  • Três coisas aconteceram a Paulo: ele viu uma luz, caiu ao chão e ouviu uma voz (9.3–6). Subitamente uma grande luz do céu brilhou ao seu redor (22.6,11). Ele ficou cego por causa do fulgor daquela luz (22.11), mas olhos espirituais de Paulo foram abertos. Não foi apenas uma luz que apareceu a Paulo, mas o próprio Jesus (9.17). Aquela luz era a glória do próprio Filho de Deus ressurrecto. Paulo caiu em terra (22.7). Aquele encerrava em prisão, foi dominado. O Senhor quebrou todas as suas resistências. O toiro furioso foi transformado numa ovelha dócil. Isso nos prova que a eleição de Deus é incondicional, que a graça de Deus é eficaz e sobrepuja qualquer resistência humana. Paulo ouviu uma voz (22.7; 26.14): “Eu sou Jesus” (9.5). Essas palavras transformaram o mundo de Paulo: ele reconhece que aquele cujos seguidores ele tem perseguido é o Messias, seu Senhor. A voz do Senhor é poderosa e irresistível! O mesmo Paulo que perseguia a Jesus (26.9), agora, chama Jesus de Senhor. Não há salvação sem que o pecador se renda aos pés do Senhor Jesus (22.8,10). 
  • Paulo precisou ser jogado ao chão e ficar cego para se converter. Até quando você resistirá à voz do Espírito de Deus? A Bíblia diz que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4.6). Paulo entrou em Damasco de uma maneira completamente diferente daquela que ele tinha imaginado: ao invés de arrastar homens e mulheres e conduzi-los à prisão, ele mesmo é conduzido, humilhado, afligido e cego, o prisioneiro de Jesus Cristo.

 

A Chamada do Apóstolo Paulo 

 

A transformação e a chamada de Paulo aconteceu entre o começo de sua missão e sua chegada em Damasco: ele encontrou o Sumo Sacerdote eterno, que cancelou as ordens do sumo sacerdote de Jerusalém, e deu-lhe uma missão totalmente nova. De acordo com seu próprio relato da conversão, foi na estrada de Damasco que Jesus chamou-o como "ministro e testemunha" e como apóstolo aos gentios (26.16ss.). Jesus, então, confirmou a Ananias que Paulo era seu "instrumento escolhido" (9.15), e Ananias comunicou a Paulo a comissão dada por Jesus: ser "sua testemunha a todos os homens", divulgando aquilo que vira e ouvira (22.15). Depois de ouvir as instruções de Jesus, Ananias, que momentos antes tinha respondido, “Eis-me aqui, Senhor” (9.10), disse, “Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome” (9.13–14). Jesus ouviu o argumento dado por Ananias, mas cortou-o e disse, “Vá. Faça o que eu lhe mando fazer” (9.15). Porque Ananias deve ir até Paulo? “Este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel. Pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9.15-16).

Ananias explicou como o mesmo Jesus que lhe aparecera na estrada, o tinha enviado a ele para que pudesse recuperar sua vista e ficar cheio do Espírito Santo (6.17). Imediatamente lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e tornou a ver. Depois disso, ele foi baptizado (9.18), provavelmente por Ananias. 

Evidências da conversão de Paulo 

(1) A primeira prova que Jesus deu a Ananias de que Paulo agora era um irmão, e não um perseguidor, é que Paulo estava orando (9.9, 11). Paulo é convertido e logo começa a orar. Matthew Henry diz que é mais fácil encontrar um homem vivo sem respirar do que um cristão vivo sem orar. 

(2) Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do Espírito Santo (9.17). Ananias impõe as mãos sobre Paulo, que fica cheio do Espírito Santo. Spurgeon disse: “Estou convencido de que é mais fácil um leão se tornar vegetariano do que alguém ser salvo sem o agir do Espírito Santo.” 

(3) Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do batismo (9.18). Não é o batismo que salva, mas o salvo deve ser batizado. O batismo é um testemunho da salvação. 

(4) Paulo tornou-se pregador do evangelho, imediatamente após sua conversão (9.20–22).  

Nota: Não sabemos quanto tempo Paulo ficou em Damasco em sua primeira visita. Gálatas 1.17-18 informa que ele deixou a cidade, passou três anos na Arábia e depois voltou. Onde a viagem à Arábia se encaixa no registro de Atos 9? Possivelmente, entre os versículos 21 e 23a. Paulo precisava de tempo para meditar. Foi na Arábia que Jesus  revelou a Paulo sobre a união dos judeus e gentios no corpo de Cristo, que ele depois chamaria de "o mistério" dado a conhecer através de “revelação"; e "o evangelho que recebi mediante revelação de Jesus Cristo”. 

Características notáveis do testemunho de Paulo

(1) Seu testemunho era cristocêntrico. Ele pregou nas sinagogas de Damasco afirmando que Jesus é o Filho de Deus (9.20) e, mais tarde, demonstrando que Jesus é o Cristo (9.22). “Testemunho não é sinónimo de autobiografia. Testemunhar é falar de Cristo. A nossa experiência pode ilustrar, mas nunca deve dominar o nosso testemunho” (Stott, 2006). 

Do momento em que Paulo começou a pregar nas sinagogas de Damasco, sua mensagem era sobre Jesus como o Cristo, e declarou ao povo judeu que Jesus era o Filho de Deus (9.20). 

No Evangelho de João, Jesus é descrito como o monogenes, o unigénito do Pai. O termo “unigénito” significa “um único gerado”. Cristo é o único exclusivamente gerado eternamente do Pai; ele é o verdadeiro Deus do Deus verdadeiro. Nunca houve um momento em que o Filho não existisse. Essa foi a mensagem proclamada imediatamente pelo apóstolo Paulo. Após sua conversão, ele compreendeu que o Messias de Israel era nada menos do que o Deus encarnado. Naturalmente, quando ele fez essa declaração, seus ouvintes ficaram atónitos (9.21). 

(2) Seu testemunho era corajoso. Duas vezes Lucas menciona a "ousadia" de sua pregação, primeiro em Damasco (9.27), e depois em Jerusalém (9.28). Ele também debateu com os judeus gregos ou helenistas (9.29), como Estêvão, talvez na mesma sinagoga (6.8 ss.). 

(3) Seu testemunho custou caro. Ele sofreu por causa de seu testemunho, como Jesus havia predito: "eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome" (9.16). Os judeus que moravam em Damasco resolveram matá-lo, e Paulo precisou fugir à noite (9.23-25). Os discípulos, o desceram, dentro de um cesto, pelo muro (25). É o próprio Paulo quem nos diz: “Em Damasco, o governador nomeado pelo rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me prender, mas, num grande cesto, me desceram por uma janela da muralha, e assim me livrei das mãos dele” (2 Co 11.32-33). 

Paulo, então, sobe a Jerusalém para buscar abrigo na igreja, mas os discípulos não acreditam em sua conversão. Pensavam que ele estava apenas querendo infiltrar-se na igreja para sabotar a fé cristã (9.26). Barnabé, porém, investe em sua vida. Tomou  Paulo consigo, levou-o aos líderes da igreja e os convenceu de que Paulo era um cristão e também um apóstolo escolhido. Havia, de facto, visto o Cristo ressurreto no caminho de Damasco (1 Co 9.1). Só então Paulo foi aceito pela igreja de Jerusalém (9.27).  

Em Jerusalém, alguns helenistas tentaram matá-lo (9.29) e Jesus o persuadiu a deixar a cidade imediatamente (22.17-18). Só voltaremos a ver Saulo em Atos 11.25. Mais uma vez, Barnabé encontra-o e leva-o à igreja de Antioquia, onde ministram juntos. O trabalho em Antioquia deu-se sete anos depois que Saulo saiu de Jerusalém e cerca de dez anos depois de sua conversão. 

Os desafios da igreja e a responsabilidade do novo convertido

(1) Todo convertido torna-se uma pessoa transformada, e recebe novos títulos para provar esse facto: ele é um "discípulo" (9.26) ou "santo" (9.13) que tem uma nova relação com Deus, um "irmão" (9.17) ou “irmã” que tem uma nova relação com o mundo. Ananias foi enviado para falar a apenas um homem: Saulo de Tarso, que tornou-se o apóstolo Paulo, cuja vida e ministério influenciaram, desde então, povos e nações inteiras.

(2) O testemunho de um convertido deve ser as evidências de uma vida transformada (9.21-22). A transformação dramática na vida de Paulo causou espanto aos judeus de Damasco (At 26.20). Mas suas palavras foram respaldadas por sua mudança de vida. 

(3) O novo convertido não precisa esperar para testemunhar (9.20). Sem qualquer demora, Paulo começou a proclamar o Cristo que havia perseguido, declarando com toda ousadia que Jesus Cristo é o Filho de Deus (9.20-25). Embora um período de teste seja bom e necessário para os novos convertidos (8.18-24), devemos ter grandes expectativas do que Deus pode fazer por Sua graça. 

(4). Todo novo convertido precisa aprender a lidar com a perseguição (9.23-25, 29, 30). A vida cristã não é fácil. Paulo precisou fugir dentro de um cesto de junto para escapar com vida (9.25; 1 Co 11.32-33). A pior rejeição, porém, pode vir da própria igreja (9.26, 2Co 11.26). Inicialmente, a igreja não acreditou na conversão de Paulo. Eles achavam tratar-se de uma simulação. Mas Senhor esteve com ele e conduziu os seus passos. Que jamais nos esqueçamos das benditas promessas Deus para o Seu povo perseguido (Mt 5.10, 1Pe 4.12-16; Rm 8.35-39).  

(5) Todo novo convertido precisa de alguém que se responsabilize por ele (9.26-28). Precisamos crer que o evangelho é poderoso para transformar as pessoas. Os novos na fé precisam de encorajamento e ensino (9.27). Atitudes como de Ananias, que baptizou e apresentou Paulo à comunidade em Damasco, e a de Barnabé, que fez o mesmo em Jerusalém, promovem o crescimento da igreja.  

Não sabemos os nomes dos bravos homens que conduziram Paulo para fora de Damasco (9.25), mas segurar as cordas foi um trabalho importante! 

Quando a igreja em Jerusalém temeu dar as boas-vindas a Paulo em sua comunhão, Barnabé construiu a ponte. Barnabé mais tarde convidou Paulo para servir na igreja de Antioquia (11.25–26) e viajou com ele no ministério evangelístico entre os gentios (13.1-3). 

(6) Todo novo convertido tem características que ficam para o resto de suas vidas (9.29). Mesmo novo convertido, Paulo era ousado em nome de Jesus, era provocador de controvérsias. Os novos convertidos são diferentes uns dos outros.  

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Referências: Arndt, William, et al. A Greek-English lexicon of the New Testament and other early Christian literature. Chicago: University of Chicago Press, 2000. / Carson, D. A, ed. NIV Biblical Theology Study Bible. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2018, p. 1969–1970. / Chapell, B. & Dane Ortlund, D., ed. Gospel Transformation Bible: ESV. Wheaton, IL: Crossway, 2013, p. 1466–1467. / González, Justo L. Atos, o evangelho do Espírito Santo. SP: Hagnos, 2011,  p. 149-159. / Lopes, H. D. Atos: A Ação do Espírito Santo na Vida da Igreja: Comentários Expositivos Hagnos. SP: Hagnos, 2012, p. 183–203. / Louw, Johannes P. and Nida, Eugene Albert. Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains. New York: United Bible Societies, 1996. / MacDonald, William. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. SP: Mundo Cristão, 2011, p. 361. / Parsons, Mikeal C. Acts - Paideia Commentaries on The New Testament. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2008, p. 125-128. / Sproul, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Atos. SP: Cultura Cristã, 2017, p. 111–149. / Stott, John R. A mensagem de Atos: até os confins da terra. SP: ABU, 2008, p. 185-202. / Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento: volume 1. Santo André, SP: Geográfica editora, 2006, p. 568-578. 

 

Pr. Leonardo Cosme de Moraes