João 18:1-40 – Jesus no Getsémani: sua traição, prisão e julgamento perante Anás e Pilatos; A negação de Pedro
Depois da sublime oração do Senhor Jesus no capítulo 17, João dá-nos uma síntese narrativa da saída de Jesus com seus discípulos de Jerusalém. Desceu a encosta da cidade na direcção do Monte das Oliveiras, atravessou o ribeiro de Cedrom, começou a subir o monte e entrou no Jardim do Getsémani, onde se recolheu com seus discípulos para orar a sós com Deus. Esta experiência íntima de Jesus em oração com o Pai, é registada nos três outros evangelhos (Mateus 26:36-46; Marcos 14:32-42; e Lucas 22:39-46). João, porém, centrou-se imediatamente na horrível cena da traição de Judas, a fim de continuar a dar relevo à majestade e glória do Senhor Jesus no seu Evangelho, mesmo na mais horrenda das suas provações, como é o ser traído por um dos seus próprios discípulos, com tudo o que esta traição desencadeia: prisão, julgamento, condenação à morte, crucificação e morte na cruz.
João relata neste capítulo a traição e prisão de Jesus (18:1-11), o julgamento religioso de Jesus perante Anás e a incrível negação de Pedro (18:12-27), a primeira fase do seu julgamento civil perante Pilatos (18:28-40). E o faz para demonstrar quatro dos traços mais evidentes dessa sua majestade e glória: a grandeza infinita da sua autoridade, coragem, amor e obediência ao Pai. Como o Deus que se fez homem, Ele revelou sempre um controlo absoluto em tudo o que foi acontecendo na sua vida; controlo até no seu sacrifício final, na entrega de Si mesmo à morte, e morte de Cruz. Como Jesus disse, tantas vezes, ao longo do seu ministério, Ele não foi vítima; e se a vida lhe foi tomada, foi Ele que de Si mesmo a deu, para tornar a recebê-la de volta. O cálice que o Pai lhe deu a beber foi o cálice do julgamento divino; cálice que Ele bebeu até à última gota na cruz do Calvário, por amor de nós. “Aquele que não conheceu pecado”, Deus “o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21).
João relata também a negação de Pedro, coisa horrível que não dá para acreditar, mas foi verdade. Pedro nega Jesus no princípio do seu julgamento religioso, e volta a negá-lo também no fim. Tinha-se mostrado o mais corajoso dos seus discípulos, e afinal foi o mais fraco de todos. Assistindo ao julgamento cruel do seu Mestre e Senhor, negou-o três vezes: a uma simples criada, diante de todos; a uma outra criada que também o denunciava; directamente a “todos os que ali estavam”, a praguejar e jurar que não conhecia tal homem. Só quando o galo cantou, “se lembrou das palavras que Jesus lhe dissera... E chorou amargamente” (Mateus 26:69-75).
Perante Pilatos, já passada a madrugada e a despontar o dia, Jesus foi acusado, interrogado e condenado da maneira vil como o texto limpidamente relata (18:28-40)); apesar da maneira como o Senhor Jesus responde ou interpela o governador da Judeia. A sua palavra é sempre calma, consciente, segura, e as suas respostas sempre certeiras. Foi malevolamente tratado, odiado, e falsamente acusado, embora em tudo achado inocente, sem mácula e perfeito. E, se foi condenado, foi-o por amor de nós. Não porque Deus Pai nos amasse mais a nós do que ao seu Filho amado, mas porque sem o sacrifício do seu querido Filho unigénito, nenhum de nós teria sido ou seria alguma vez salvo. Foi o próprio Deus que afinal se fez homem para nos remir de todo o pecado, a nós os seus eleitos. Como lhe agradecer?
Pastor Manuel Alexandre Júnior