VERDADES BÍBLICAS QUE NÃO PODEMOS ESQUECER

           

 

Hebreus 9.27-28


Este capítulo de Hebreus fala da imperfeição dos ritos, ofertas e sacrifícios da lei. Nele é enfatizado a perfeição, a suficiência e o carácter definitivo e superior do Sacrifício de Cristo. Porquanto o sacrifício de Cristo na Cruz providenciou uma eterna redenção (9.11,12); um sacrifício eficaz para sempre (9.26). Ao lermos os versículos 27 e 28, deparamo-nos com quatro verdades bíblicas que nunca devemos esquecer:


Aos homens está ordenado morrer uma vez (Hebreus 9.27a). Esta é uma regra geral para toda a humanidade. Ninguém pode fugir da morte. Só temos uma única vida para viver aqui na terra. A vida que vivemos sobre a terra em breve chegará ao fim (Sl 90.9). Como diz a Escritura: “O homem, nascido da mulher, é de poucos dias e farto de inquietação. Sai como a flor, e murcha; foge também como a sombra, e não permanece” (Jó 14.1-2). Vivemos num mundo onde todas as coisas são temporais e estão a morrer. Tudo sobre nós está morrendo, exceto nossa alma.


“Não sabemos o que acontecerá amanhã. A vossa vida é como um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece” (Tg 4.14). Outrossim, “nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele” (1 Tm 6.7). Não há camiões de mudanças nos funerais (H. D. Lopes). Uma roupa selecionada para cobrir o corpo morto, um caixão, e uma sepultura, é tudo aquilo que o homem mais rico do mundo é capaz de ter com toda a sua riqueza (M. Henry). Por isso, busque mos em primeiro lugar o Reino de Deus (Mt 6.33). Busquemos as coisas lá do alto, pois o mundo e os seus desejos passam (1 Jo 2.17).


Há duas exceções bíblicas a esta regra universal: (a) As pessoas ressuscitadas que morreram duas vezes. No Antigo Testamento temos os casos do menino que Elias ressuscitou (1Reis 17.17-24), o menino que Eliseu ressuscitou (2Reis 4.32-37), e o caso de um homem que foi ressuscitado quando teve contacto com os ossos de Eliseu (2Reis 13.20-21). No Novo Testamento temos os casos de Lazaro (Jo 11.43-44); da filha de Jairo (Mt 9); do filho da Viúva de Naim (Lc 7), de Dorcas (At 9); e de Êutico (At 20.9-12). Por conseguinte, nenhum deles receberem um corpo glorioso e nem uma vida corpórea interminável. Portanto, morreram duas vezes. (b) Outra excepção são aqueles que não experimentaram a morte: Enoque (Gn 5.2) e Elias (2Rs 2.11); e aqueles que não experimentarão a morte: os crentes que estivem vivos na Segunda Vinda de Cristo, e que serão arrebatados a encontrar o Senhor nos ares, para estarem para sempre com o Senhor (1 Ts 4.17; 1Co 15.51-52).


A morte é uma consequência directa do pecado (Rm 5.12). Por causa do pecado de Adão, Deus pronunciou a sentença de morte sobre a raça humana (Gn 3.19). A Escritura afirma que a morte entrou no mundo após o pecado de Adão e Eva, não antes. “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 6.23).


Depois da morte vem o juízo (Hebreus 9.27b). A morte e o julgamento seguem-se um ao outro numa sequência lógica, porque o homem deve comparecer no tribunal de Deus para prestar contas de seus pecados. Portanto, cada pessoa tem apenas uma vida antes do julgamento eterno. Esta verdade bíblica repudia por completo (1) a teoria da reencarnação; (2) a crença de que a morte física é o fim da existência pessoal; (3) e qualquer ideia de que haverá uma segunda chance de mudança de status após a morte; como ensinam os defensores da teoria do purgatório.


No entanto, não há nada que você possa fazer para mudar o seu destino depois da morte. A vida curta que vivemos aqui definirá a eternidade. “Não há engano mais fatal do que pensar que se pode viver aqui como um ímpio e acordar na ressurreição como um santo. Estar sem Cristo nesta vida e passar a eternidade com ele.” (H. D. Lopes). Agora, portanto, é o tempo de voltar-se para Deus. Se você sair desse mundo sem pôr sua confiança em Cristo, descobrirá que melhor lhe fora nunca ter nascido.


O juízo aqui é um termo geral que inclui o julgamento de todas as pessoas, tanto cristãos (2Co 5.10, Rm 14.10-13) como incrédulos (Ap 20.11-15). A salvação é pela graça, mas a condenação no juízo final será segundo as obras de cada um. “Deus trará cada acto a julgamento, inclusive as coisas escondidas” (Ec 12.14). Seremos pesados na balança de Deus. Nossos pensamentos são contados, nossas palavras pesadas, nossas obras julgadas. 


Em Apocalipse 20.11-15, vemos uma descrição do Juízo Final. A partir do 12 lemos: “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. 13 E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. 14 E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. 15 E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”. Temos aqui uma advertência solene e que exige de todos uma resposta. Como proclamou o apóstolo Paulo dizendo: “No passado Deus não levou em conta a ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17.30-31). Para onde você está indo? O caminho para o céu é Jesus Cristo. A porta do céu é Jesus Cristo. “E o inferno, onde fica? Fica no final de uma vida sem Cristo!” (H. D. Lopes).


Cristo foi sacrificado uma só vez para tirar os pecados (Hebreus 9.28). “O homem está destinado a morrer uma só vez” e “Cristo foi sacrificado uma só vez” (Hb 9.27-28). “Uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9.26). “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3). Ele levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1Pe 2.24). 


Quando o Senhor Jesus Cristo morreu, carregou a plena penalidade do pecado do seu povo. O Pai aceitou-o completamente e, assim, Cristo está perpetuamente no céu. Ele representa-nos diante do Pai. Tudo que separa-nos de Deus já foi resolvido. Quando o substituto morreu em nosso lugar, todo o castigo que nosso pecado merecia recaiu sobre ele. Nada resta que tenha de ser pago. Não há oferta que ainda seja exigida. Tudo que tinha de ser feito, foi feito. O sacrifício de Cristo foi completo, suficiente, eficaz e definitivo. Sua ressurreição e a simples presença de Cristo no céu garante a nossa aceitação ali. Para aproximar-se de Deus, a única coisa que o pecador precisa fazer é confiar que seus pecados foram plenamente tratados na Cruz e que Deus aceitou aquilo que Cristo fez em seu favor.  Enquanto o Senhor Jesus Cristo estiver no céu, nenhum pecador que pela fé invoque o Seu nome poderá ser rejeitado! (Olyott). Como é grande o amor que foi derramado sobre nós! Quão grande é o acesso que temos!


Cristo aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que esperam para a salvação (Hebreus 9.28b). No dia da expiação, o povo aguardava que o sumo-sacerdote saísse dos Santos dos Santos. Quando ele aparecia, o povo sabia que o sacrifício em seu nome havia sido aceito por Deus (MacArthur). Do mesmo modo, Cristo como o nosso Sumo-sacerdote, entrou no santuário celestial como o nosso mediador, e aparecerá em sua segunda vinda (At 1.11, 1Ts 2.19, 1 Jo 3.2), trazendo uma salvação plena e completa (Hb 1.14; Rm 8.18-23). Em 1Pe 1.3-5 fala de “uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para aqueles que mediante a fé estão guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo. Esta vindicação será totalmente manifestada quando Ele vier novamente (1Ts 1.10).


Desta vez, entretanto, Jesus não aparecerá para tratar do pecado - para fazer expiação pelos pecadores. Quando ele vier novamente, ele trará vindicação (a salvação final) àqueles que estão esperando por ele. Cristo aparecerá “sem pecado” é uma expressão que testifica da obra completa de Cristo, por meio do seu sacrifício em sua primeira vinda. O pecado já foi derrotado por Jesus Cristo em sua primeira vinda! Como escreveu Calvino: “Cristo, em sua segunda vinda, dará a conhecer plenamente quão realmente ele destruiu os pecados, de modo que já não haverá necessidade de outro sacrifício para satisfazer a Deus. É como se ele estivesse dizendo que quando nos aproximarmos do tribunal de Cristo, descobriremos que em sua morte nada foi imperfeito.”


Devemos achar descanso no único sacrifício de Cristo. “Não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15). Nosso sumo sacerdote é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus” (Hb 7.26). Ele “não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano” (1 Pe 2.22). Ele nasceu sem pecado, viveu sem pecado, venceu o pecado e morreu pelos nossos pecados.


Cristo aparecerá segunda vez. Ele em breve voltará. Como diz as Escrituras: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele” (Ap 1.7). Ele mesmo prometeu e disse: “quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (Jo 14.2). Em Atos 1.10-11, lemos que na acessão de Cristo os discípulos estavam “com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, quando junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.”.


A Escritura ensina que todo cristão deve crer na possibilidade da volta de Jesus no seu tempo (2Pedro 3.4). A igreja primitiva acreditava na iminência da segunda vinda de Cristo: Fp 4.5 (“perto”); Tg 5.9 (“à Porta”); 1Pe 4.7 (próximo); Hb 10.25 (“se aproximando.”); Ap 3.11 (vem “sem demora.”); Ap 22.7 (“presto Venho.”); Ap 22.12 (“cedo venho”). Sem dúvida, sua vinda está mas próxima agora do que jamais esteve (Rm 13.11-14). Portanto, “… já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé…” (Rm 13.11).


A Escritura ensina que (1) a segunda vinda será imprevisível (1Ts 5.1-2). O tempo da segunda vinda é desconhecido da igreja (Mt 24.36). (2) A segunda vinda será repentina, como um ladrão de noite (Mt 24.42,43; 2Pe 3.10). O ladrão vem quando não é esperado e pega a família de surpresa. Será como no dilúvio (Mt 24.37), as pessoas vão estar cuidando dos seus próprios interesses: casando-se, e dando-se em casamento, comendo, bebendo. (3) A segunda vinda de Cristo é iminente. Por esse motivo advertiu-nos Jesus em Mateus 24.42: “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há-de vir o vosso Senhor.” (4) A segunda vinda de Cristo põe fim a todas as esperanças de salvação. Não tem segunda chamada. Naquele dia a porta da oportunidade estará fechada. Naquele dia será tarde demais para se preparar (Mt 24.37-44).


Jesus aparecerá para aqueles que o aguardam. Cristo virá e nos levará. Porém, sem ele ninguém chegará ali. É melhor que aqueles que, como os hebreus, estiverem pensando em abandoná-lo lembrem-se bem disso. Suporte suas tribulações com paciência e fé. Olha para cima, pois sua redenção se aproxima. Em breve o Senhor enxugará dos seus olhos toda lágrima. Em breve a dor cessará. Há um descanso para o povo de Deus.


Somos instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecaminosos, e a viver neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo” (Tt 2.12-13). “A nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3.20)”. 


Você está preparado para encontrar-se com Deus? A eternidade está a vir mui rapidamente sobre você. Você está indo muito rápido para ela. Mas onde você estará na eternidade? Você deseja ser salvo agora e por toda a eternidade? Então, renda-se a Cristo. Creia nele! A porta do céu está aberta. Ele tem vida eterna. A Escritura diz: Creia no Senhor Jesus e serás salvo (At 16.30,31). “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Rm 10.9-10). Esta é uma decisão individual. Você precisa vir a Cristo para ser salvo! Só Nele há perdão e vida eterna. Hoje é dia de salvação. Venha enquanto a porta da graça está aberta. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar" (Is 55.6,7). 

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Referências:

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Guthrie, D. 1983. A Carta aos Hebreus: introdução e comentário. SP: Edições Vida Nova (Hb 9).

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Lopes, H. D. II Coríntios

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Pastor Leonardo Cosme de Moraes