Mães que fizeram a diferença

           

Êxodo 2.1-10

 

A maternidade é um dom de Deus. O Salmo 127.3 diz “que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o Seu galardão”. Deus concede graça às mães com a grande oportunidade de servi-lo na formação da civilização humana. Por outro lado, ser mãe é um desafio incrível. Deus confiou as mães o cuidado de um pequeno ser humano, completamente indefeso e muito precioso; e o seu trabalho tem uma jornada de 24 horas por dia, sete dias por semana. 

Há muitas mães dignas de destaque na Bíblia. Histórias inspiradoras de mulheres de fé que fizeram a diferença para seus filhos e para o mundo. Mulheres que através de seus filhos deixaram suas marcas de influência. Mães dignas de serem imitadas. Pense em Joquebede, a mãe de Moisés (Êx 1 e 2), em Ana e no pequeno Samuel (1Sm 1 e 2), em Isabel e João Baptista (Lc 1); e em Maria, a mulher escolhida para conceber Jesus, o Salvador do mundo (Lc 1 e 2). Hoje vamos ver o exemplo de algumas mães: 

Joquebede, uma mãe que lutou pela sobrevivência do seu filho (Hb 11.23; Êx 2.1-10). Joquebede teve três filhos: Miriã, Arão e Moisés (Êx 2.4; 7.7; 6.20; Nm 26.59). Todos os três foram influentes. Todos os três foram grandes diante do povo. Todos os três foram líderes que conduziram o povo.  

Quando Joquebede estava grávida de Moisés, as coisas iam de mal a pior (Êx 1.1-22). Os anos se passaram. O povo de Israel multiplicou-se na terra do Egito, e o Faraó que se levantou (que não conhecerá a José, Êx 1.8) passou a tratar o povo de Israel com tirania e crueldade. O novo Faraó quis controlar o crescimento da população de escravos hebreus, então disse às parteiras para lançar no rio Nilo todos os meninos hebreus recém-nascidos. 

Justamente no momento em que a crueldade de Faraó atinge o seu ponto máximo, mandando matar os meninos hebreus, nasce Moisés. Ele portanto deveria ser lançado no rio Nilo, logo ao nascer. Mas seus pais viram que ele era um menino formoso (At 7.20; Hb 11:23), e não aceitaram a decretação da morte do filho. Não se intimidaram com as ameaças do rei, mas traçaram um plano para poupar a vida de Moisés. Hebreus 11.23 informa que os pais de Moisés o esconderam pela fé. Eles protegeram o bebé “formoso”, porque creram que Deus tinha um propósito especial para ele. Não foi nada fácil, uma vez que todos os egípcios haviam se tornado espiões oficiais do Faraó à procura de bebés para serem afogados (Êx 1.22). 

Ao final de três meses, quando já não podiam mais esconder o bebé, colocaram-no numa pequena cesta à prova d’água para flutuar no rio Nilo (3), e a sua irmã para que a vigiasse. Joquebede obedeceu à lei ao pé da letra quando colocou Moisés nas águas do Nilo, mas certamente desafiou as ordens do Faraó na forma como seguiu essa lei. O bebé foi colocado estrategicamente num lugar do rio onde a princesa do Egipto normalmente frequentava. Também dispôs que a filha ficasse num ponto estratégico para fazer a pergunta certa no momento certo (Êx 2.4,7). Foi Miriã que ofereceu à filha de Faraó, os serviços de sua mãe como ama, o que foi aceito pela princesa (Êx 2.7).  

Joquebede confiou na providência de Deus e não foi decepcionada. Seu filho foi protegido por Deus quando navegava a sós, um indefeso bebé sobre as águas. Quando a princesa foi até o Nilo para lavar-se, viu o cesto, descobriu o bebé e ouviu-o chorar. Seguindo seus instintos maternos, salvou o menino e cuidou dele (Êx 2.5-6). Deus usou as lágrimas do bebé para controlar o coração da princesa egípcia. Usou as palavras de Miriã a fim de providenciar para que o bebé fosse criado por sua mãe e ainda recebesse por isso. Joquebede tornou-se a mãe de criação de seu próprio filho.  

A adoção de uma ama-de-leite para amamentar e cuidar da criança até que fosse desmamada era um costume normal entre as famílias abastadas ou aristocráticas. Foi nesse tempo, da primeira infância de Moisés, que sua mãe deu tudo de si para transmitir ao seu infante as verdades que mais tarde governariam a sua vida. Foi o ensino aprendido com sua mãe que levou Moisés a rejeitar as glórias do Egipto por causa do opróbrio de Cristo (Hb 11.23-27).  

Mãe, você que está preocupada com o futuro dos seus filhos, lembra-se da mãe de Moisés. Como deve ter sido preparar aquela pequena arca para seu filho recém-nascido? Lembra-se de que o que ela fez pela fé em Deus é uma chamada para si também – uma chamada para confiar seus filhos ao cuidado bondoso de Deus; uma chamada para confiar activamente a vida e o futuro de nossos filhos.  

Ana, uma mãe que consagrou o seu filho para Deus (1Sm 1.9-20). Ana era estéril, porque o próprio Deus havia cerrado a sua madre (1 Sm 1.6). No seu tempo, esse era um problema que trazia muitos estigmas. Ana teve ainda que enfrentar a zombaria da sua rival (Penina), a incredulidade do seu marido (Elcana) e a censura do seu sacerdote (Eli). Ela, contudo, não desistiu. Continuou a orar e a chorar diante de Deus, pedindo-lhe um filho. Houve um dia, porém, que ela resolveu fazer um voto a Deus. Prometeu-lhe que se Deus lhe desse um filho, o devolveria para o Senhor por todos os dias da sua vida. Deus ouviu o seu clamor e ela concebeu e deu à luz a Samuel, o maior juiz, o maior profeta e o maior sacerdote da sua geração. Precisamos de mães que coloquem seus filhos no altar de Deus. Mães que consagrem seus filhos para Deus.

Eunice, uma mãe que educou seu filho nos caminhos do Senhor (2 Tm 1.5; 3.14,15). Eunice era mãe de Timóteo e filha de Loide. Ela era uma judia devota e transmitiu a seu filho as mesmas verdades aprendidas em seu lar. Nela habitava uma fé sem fingimento. Essa mesma fé, ela transmitiu para seu filho (2 Tm 1.5). Eunice era uma mãe comprometida com a Palavra de Deus. Ela ensinou a Timóteo as sagradas letras desde a sua infância. Essas sagradas letras tornaram Timóteo sábio para a salvação. As mães são desafiadas a andar com Deus, a ensinar os seus filhos a Palavra de Deus e a prepará-los para serem instrumentos nas mãos de Deus.

Quando Deus chamou Timóteo, através do ministério de Paulo, Ela não fez oposição; mesmo sabendo que seu filho Timóteo era jovem e adoecia frequentemente. Mais tarde, Timóteo tornou-se discípulo do apóstolo Paulo e constituiu-se num dos maiores pastores da história da igreja cristã, aquele que haveria de dar continuidade ao ministério do apóstolo Paulo.  

Muitos pais hoje deixam os filhos crescerem para depois eles escolherem o caminho que querem seguir. Nós escolhemos o nome, as roupas, a comida, a escola para os filhos. Mas não escolheremos o mais importante? Josué, o líder do povo de Deus disse: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Lopes, 2018). Eunice, do mesmo modo, ensinou Timóteo desde a sua infância.

 Por fim, gostaria de lembrar Suzana Wesley (1669-1742). Poucas mulheres na história possuíram a sensibilidade espiritual, o vigor e a sabedoria de Susanna Wesley. Ela criou dezenove filhos e dedicava tempo para cada um individualmente. Em sua escola doméstica, seis horas por dia, durante 20 anos ela ensinou a seus filhos de maneira tão abrangente que eles se tornaram notavelmente cultos. Quando sua casa pegou fogo e John Wesley foi salvo naquele incêndio, ela disse: “Este é como um tição tirado do fogo" (Zc 3.2). Deus tem um plano especial para este menino, concluiu ela. Desde então ela passou a dedicar-se ainda mais na formação espiritual de John Wesley (seu 15º filho) e este, juntamente com o seu irmão Carlos Wesley e George Whitefield, foi um dos principais instrumentos do grande reavivamento evangélico na Inglaterra e o fundador do metodismo” (Século 18). E seu filho Charles, também ministro anglicano, daria à Igreja mais de 9 mil hinos inspiradores. 

Precisamos de mães que invistam tempo na vida espiritual de seus filhos. Mães que busquem a salvação de seus filhos mais do que seu sucesso. Mães que dêem o melhor do seu tempo para inculcar nos filhos as verdades eternas, verdades essas que os ajudarão a tomar as mais importantes decisões ao longo da vida. 

A Bíblia nunca ordena que todas as mulheres devam ser mães. Contudo, diz que aquelas que o Senhor abençoa e se tornam mães devem tomar seriamente tal responsabilidade.

 

Referências: Laubach, F. 2000. Comentário Esperança, Carta aos Hebreus. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, p. 193. / Juliani, B. M. 2020. Preparando-se para a Maternidade: Informações Privilegiadas sobre sua Nova Função. São José dos Campos, SP: Editora FIEL, p. 23–42. / Lopes, H. D. 2018. Hebreus: A Superioridade de Cristo - Comentários Expositivos Hagnos. SP: Hagnos, p. 244–245. / Lopes, H. D. Mãe, uma mestra do bem (em https://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/05/mae-uma-mestra-do-bem/). / Phillips, R. D. 2018. Estudos Bíblicos Expositivos em Hebreus: Como Enfrentar os Desafios e Armadilhas do Mundo Confiando na Supremacia de Cristo. SP: Editora Cultura Cristã, p. 474–475. / Vários autores. 2005. Mães Que Mudaram o Mundo. Editora Habacuc. Wiersbe, W. W. 2010. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento, vl. 1. Santo André, SP: Geográfica. 

 

 

Pr. Leonardo Cosme de Moraes