A AUTO-EXISTÊNCIA DE DEUS

Ao estudarmos os atributos de Deus, iremos dividi-los em duas categorias: os pessoais (ou da personalidade absoluta de Deus) e os morais (que expressam o Seu carácter).
Começaremos os nossos estudos com os Seus atributos pessoais, destacando, em primeiro lugar, a Sua auto-existência.
A afirmação bíblica de que Deus é o Criador do Universo, leva à conclusão de que Ele mesmo não é criado. Existe uma distinção crucial e essencial entre o Criador e a criação.
A criação leva consigo o selo do Criador e dá testemunho da Sua glória. Contudo, ela não é suprema nem auto-existente e por isso não deve ser adorada.
Existe uma impossibilidade de algo ser autocriativa. O conceito da autocriação é, em si mesmo, uma contradição. Nada nem ninguém pode ser autocriado. Podemos afirmar, com toda a reverência, que nem mesmo Deus é autocriado, visto que para que Deus pudesse criar-se a Si mesmo teria que existir antes de Si mesmo. Esta realidade é uma pura contraditória semântica.
Sabemos que todo o efeito deve ter uma causa. Esta afirmação é verdadeira por definição. Deus, porém, não é um efeito. Ele não tem início e, portanto, não tem uma causa que lhe seja antecedente. Deus é eterno e preexistente (Salmo 90:1,2); Ele é o eterno “Eu Sou”. Ele possui dentro de Si o poder de ser.
A existência de Deus não necessita de assistência externa para a sua continuação. Ele é, simplesmente, auto-existente. A Sua existência é absolutamente independente.
O conceito da auto-existência de Deus é um dos mais impressionantes e sublimes que podem ser formulados acerca a Sua pessoa. Nada pode ser comparado relativamente à essência divina (Êxodo 3: 14).
Reconhecemos que a auto-existência de Deus é um conceito que ultrapassa a nossa capacidade de entendimento, visto que, tudo o que nos cerca, e que pode ser compreendido por nós, é resultado da criação. A impossibilidade (por definição) de uma criatura ser auto-existente, não significa uma impossibilidade da auto-existência do Criador.
A auto-existência (única) de Deus é o fundamento que estabelece a diferença essencial entre o Criador e a criação. É isso faz dEle o Ser supremo que é e a fonte (ou origem) de todos os outros seres, que vieram à existência por Sua soberana vontade (Isaías 44:6, 24; 45:9,12; João 1: 1-5).
Embora seja difícil entender o conceito da auto-existência de Deus, ele “não viola nenhuma lei da razão, da lógica ou da ciência”. É uma noção racionalmente válida.
A auto-existência é racional; a autocriação é irracional. A noção de alguma coisa ser auto-existente não é só racionalmente possível, como também é racionalmente necessária. A menos que algo exista em si mesmo, não seria possível existir absolutamente nada.
Concluímos, pois, que o que existe, existe porque Deus existe! Ele é a razão da existência de tudo. E tudo subsiste pelo Seu poder de auto-existência e pela Sua capacidade de criar (Jó 38: 3,4; Romanos 11: 36).
A nossa própria existência deve-se ao poder do Ser de Deus (Actos 17: 28).
A doutrina da Auto-existência deve encher os nossos corações de gratidão e de confiança. O nosso Deus é um refúgio seguro. Que o Seu nome seja louvado para todo o sempre. Amém!

Textos de apoio: Salmo 90:2; João 1: 1 – 5; Actos 17:22-31; Colossenses 1: 15-20; Apocalipse 1:8

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R. C. Sproul; Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones; Teologia Sistemática de George Eldon Ladd e Teologia Sistemática de Wayne Gruden).