O DEUS QUE INTERVÉM

             

 O DEUS QUE INTERVÉM

   2 Crónicas 20.1-30 


Você está enfrentando lutas? Algumas delas são maiores que suas forças? Já não sabe mais o que fazer? A lógica está contra você? As pessoas não estão acreditando numa vitória? A narrativa desta batalha enfatiza a inadequação do exército de Judá (20.2). Josafá está enfrentando um problema superior às suas forças. Ele está encurralado por uma confederação de inimigos. Era uma conspiração. A ameaça era real, iminente e mortal. Não havia nenhum sinal de esperança. O ataque de uma multidão como está seria devastador. Como enfrentar uma situação tão desesperadora? O que fazer quando não se sabe o que fazer?


O povo de Deus pode buscar a ajuda de Deus durante o tempo da incerteza (2 Cr 20.3, Is 55.6, Mt 6.33). Este episódio começa com uma lista dos inimigos de Josafá (2 Cr 20.1-30). Uma coalizão proveniente do Sul e do Leste. Os inimigos são descritos quatro vezes como uma grande multidão (20.2,12,15,24). Este exército maciço viera dalém do Mar Morto e chegara a En-Gedi (40 km ao sul de Jerusalém), um local a meio caminho do litoral ocidental do Mar Morto (20.2). Esta rota para Jerusalém era incomum e provavelmente deve ter apanhado o Rei Josafá de surpresa. Desta forma, o cronista realça a tensão emocional da história.


O Rei Josafá teve medo da aproximação do inimigo (20.3). Perceber tão grande multidão tão perto amedrontou Josafá. Como resultado, ele se pôs a buscar ao Senhor (20.3). Nesta difícil situação, Josafá fez precisamente o que Salomão desejara que seus leitores fizessem com seus problemas (2 Cr 7.14-15). Quando eles enfrentassem as dificuldades, deveriam unir-se em jejum e buscar a Deus.


O povo de Deus pode buscar ao Senhor por meio de oração e jejum corporativos (2 Cr 20.2-19). O Rei convoca uma assembleia nacional no Templo de Jerusalém (20.2–19). Esta reunião é chamada congregação (20.4,14,26). Enfatiza a unidade de coração da comunidade de Judá em buscar a Deus durante este tempo de incerteza (20.3). Até as crianças, as mulheres e seus filhos estavam presentes (20.13).


Josafá apregoou um jejum em todo o Judá (20.3). No Antigo Testamento o Jejum era em sinal de arrependimento, uma demonstração de dependência e de consagração a Deus. O registro bíblico relata muitos jejuns em relação a um tempo de guerra ou outros problemas (ver 1Sm 7.6; Ed 8.23; Ne 1.4; Et 4.16; Dn 9.3). Quando o inimigo atacar, quando campo estiver assolado, e a terra triste (Joel 1.10), Deus disse: “Santificai um jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra, na casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor” (Joel 1.14).


O cronista relatado que de todas as cidades de Judá veio gente unir-se ao rei (20.4). Além disso, o cronista relata que todo o povo veio com uma motivação definida. Judá congregou-se para pedir socorro ao Senhor… para buscar ao Senhor (20.4). 


Quem jejua tem pressa. Quem jejua está dizendo que tem algo mais urgente que o alimento. Quem jejua tem fome de Deus. Quem jejua prova que precisa desesperadamente de socorro e de uma intervenção de Deus. Oramos com mais frequência e mais fervor quando estamos passando por tribulações.


A congregação ora por ajuda (20.5–13). A nação toda ajuntou-se (20.4). O rei não ora sozinho. Ele convocou o povo. As pessoas vinham de outras cidades para buscar a face de Deus. O texto diz “pôs-se Josafá em pé” (20.5) e termina com o facto de que também todo o Judá estava em pé diante do Senhor (20.13). Josafá se prostrou… e todos se prostraram perante o Senhor e o adoraram (20.18).


A oração de Josafá é, de muitas maneiras, um modelo de louvor, lembrança, confiança e petição (Merrill, 2015): 

  1. Louvor: Yahweh é exaltado como o Deus dos pais e o governante omnipotente sobre todas as coisas (20.6).
  2. Lembrança: Ele escolheu Abraão, seu amigo, o pai da nação, e deu a eles a terra em que habitavam (20.7). 
  3. Confiança: Seu povo construiu para ele um santuário e agora confia naquele que habita o templo para vir em seu auxílio (20.8-9). 
  4. Petição: O que eles precisam é de libertação das mesmas pessoas que eles respeitaram nos tempos anteriores, mas que agora os estão recompensando com o mal (20.10-12). Josafá pede por um livramento de Deus. Ele acreditava que Deus tinha poder sobre os reinos da terra. Ele confiava na fidelidade de Deus.

Josafá responde a uma gravíssima ameaça militar com confiança exemplar no Senhor (20.12). Não adianta orar se você não acredita em Deus (Hb 11.6). A oração bíblica não é um monólogo. A oração bíblica é um diálogo com o Deus Todo-Poderoso. A fé, portanto, é necessária (SI 125.1-2, SI 37.5, SI 121, SI 27.3).  A fé que espera de Josafá reflete sua total confiança na força e na capacidade de Deus de libertar Judá. Ele humildemente confessa sua impotência e confiança no poder divino (20.12).


Os homens santos de Deus não desprezaram a importância da oração (Moisés, Êx 17.8-16; Josué, Js 10.12-13; Elias, Tg 5.16-18; Paulo e Silas, At 16.25). A primitiva igreja perseverava unanimemente na prática da oração corporativa (Atos 1.14; 4.31; 3.1; 6.4; 12.5; 13.1-3; 20.36; 28.8-9). Hoje, infelizmente, nos reunimos para muitas coisas, mas oramos pouco.


A congregação recebe reposta (Jr 29.13, Mt 7.7). Deus respondeu o seu povo num dia de grande aflição. Não tenha medo ... Não tenha medo, são as palavras iniciais e finais da mensagem do profeta Jaaziel (20.15-17). Deus tratou do sentimento deles, curando-os do medo (v. 15b) - "Não temereis, nem vos assusteis por causa dessa grande multidão ... pois a peleja não é vossa, mas de Deus”. Deus prometeu estar com eles (v. 17c): "Porque o Senhor é convosco”. O poder de Deus é a fonte da sua vitória (20.17). A sua segurança não está na sua força, mas no Senhor (20.20). A vitória seria conquistada pela intervenção divina e não pelo esforço humano. 


A congregação estava reunida para ouvir a palavra de Deus (20.13-17, 20). Ainda hoje o povo de Deus precisa se reunir para ouvir a palavra de Deus (20.13-17, 20). A Palavra de Deus é a espada do Espírito. Por ela cremos. Por ela vivemos. Por ela somos sustentados. Ela é alimento. Ela é riqueza. Ela é Deus falando.


A proclamação da palavra de Deus é central no culto cristão. A proclamação da Palavra de Deus é o meio pelo qual as pessoas são externamente chamadas para a salvação (1Co 1.21). A pregação da palavra de Deus é a causa instrumental da fé e o principal meio pelo qual a fé é aumentada e fortalecida, a igreja é edificada e o Reino de Deus é promovido no mundo (Rm 10.17). Pela pregação da Palavra a igreja é ensinada, convencida, reprovada, exortada e confortada (2Tm 3.16,17).


O povo de Deus pode louvar a Deus nas maiores adversidades (20.18-30) O povo de Judá se preparou para marchar à batalha cheios de confiança e de gratos louvores a Deus. O cronista observa que se dispuseram alguns coatitas e dos coraítas, para louvarem o Senhor (20.19). Eles honraram a Deus em voz alta (20.19, Sl 136.1, 26).


Depois de destacar a hora em que o exército partiu (20.20), o cronista se volta à exortação de Josafá (20.20b). Josafá então ordenou cantores para o Senhor (20.21). Estes músicos levitas foram marchando à frente do exército (20.21). O canto e a música continuaram mesmo enquanto eles marchavam para a batalha (20.21–22) e continuou em seu retorno da vitória (20. 27-28).


Josafá enfrenta o inimigo com um coral (20.18-21). Em vez de soldados, cantores. Em vez de exército, um coral. O povo não tinha de pelejar. Tinha de louvar. O exército de Israel era apenas o reflexo terreno do grande exército do céu liderado pelo próprio Deus (Dt 33.2–5,26–29; Js 5.13–15; 2Rs 6.15–19; 7.6; Is 13.1–13; Jl 3.9–12; Hc 3). Nada move tão depressa a mão de Deus como o louvor (por exemplo, Paulo e Silas no cárcere em Filipos - At 16.19- 31).


Deus intervém a favor de Josafá (20.22–23). Quando eles começam a cantar palavras de louvor, Deus intervém no campo de batalha. Como resultado, os exércitos da coalizão oriental destroem-se uns aos outros sem qualquer ação por parte do exército de Josafá (20.22–26). O cronista marca a hora da intervenção divina como sendo o início do louvor (20.22). Esta referência cronológica indica que a derrota dos inimigos de Judá ocorreu antes mesmo de Josafá chegar ao local. 


O cronista simplesmente afirma que pôs o Senhor emboscadas (20.22). O exército celestial de Deus emboscou os inimigos de Judá. (2Sm 5.24; 2Rs 7.5–7; 19.35; Is 13.4; Ez 1.24). Os inimigos de Judá foram desbaratados por Deus (20.22). Deus causou confusão entre os inimigos de seu povo de forma que eles se destruíram mutuamente (20.23). Quando os inimigos se tornavam totalmente confusos a ponto de se destruírem mutuamente, ficava demonstrado que Deus estava por trás de sua derrota.

Aquele vale de batalha, Deus transformou-o em vale de Beraca = Vale de bênçãos ou louvores (20.26). O exército de Josafá recolhe os despojos (20.24–26). As nações ao redor de Judá ouviram que o Senhor havia pelejado contra os inimigos de Israel. Como resultado, veio da parte de Deus o terror sobre todos os reinos (20.29). Israel teve paz e repouso por todos os lados (20.30). 


Josafá não era um homem ilibado. Ele falhara em sua lealdade a Deus em sua aliança com Acabe (19.2). Depois de seu fracasso, ele serviu a Deus fielmente (19.4–11) e confiou em Deus nesta batalha (ver 20.1–30). Como resultado, ele recebeu outra porção de paz e repouso mais tarde em seu reinado.


No tempo da incerteza, ore! jejue! reuna-se com a igreja de Deus para ouvir a pregação da palavra! Não louve a Deus depois que o inimigo fugir, mas louve para fazê-lo fugir. Deus pode transformar desertos em mananciais. Deus pode te suster nas maiores adversidades. Assim como Josafá, você poderá colher os benditos frutos das suas experiências com Deus (20.25). Em Cristo sua alma é pacificada. Nele há salvação, descanso e verdadeira paz (20.30). Em Cristo, você é mais do que vencedor. Em todo o tempo, "louvai ao Deus dos céus; porque o seu amor dura para sempre” (20.21, 28 - Sl 136.1, 26).

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Referências: 

Carson, D. A., ed. 2018. NIV Biblical Theology Study Bible, Grand Rapids, MI: Zondervan.

Klein, R.W. 2012. 2 Chronicles: a commentary. Minneapolis, MN: Fortress Press.

Merrill, E.H. 2015. A Commentary on 1 & 2 Chronicles: Commentary, Grand Rapids, MI: Kregel Academic.

Pratt, R.L., Jr. 2008. 1 e 2 Crónicas. SP: Editora Cultura Cristã. 

Sproul, R.C., ed. 2015. The Reformation Study Bible: ESV (2015 Edition), Orlando, FL: Reformation Trust. 


Pastor Leonardo Cosme de Moraes